Estudo sobre Isaías 9

Isaías 9

Uma grande luz (9.1-7)
No seu mandamento, Isaías elaborou um retrato apavorante da escuridão e aflição que estavam para cair sobre Judá e também sobre o Reino do Norte. No entanto, essa não poderia ser a sua última palavra; em algum momento posterior do seu ministério, talvez na ocasião do nascimento ou da ascensão de um príncipe real da linhagem de Davi (cf. v. 6), ele deu expressão ao alegre oráculo dos v. 2-7. O tema certamente é que não haverá mais escuridão (independentemente de isso ser ou não a tradução correta do v. 1), nem mesmo para aquelas regiões do Norte arrancadas à força do Reino do Norte pelo assírio Tiglate-Pileser III, em 734—732 a.C. Isaías expressa a esperança em forma de hino e destaca a certeza dela em parte pelo uso de verbos no passado (ou melhor, pelo equivalente hebraico para tempos verbais passados), e em parte pela referência à vontade de Deus (v. 7).

A tradução do v. 1 é notoriamente difícil; v. outras versões e comentários acerca das diversas possibilidades. A referência à Galileia, com a sua população mesclada, é suficientemente clara; cf. Mt 4.15,16. Deve ter sido difícil imaginar alguma esperança para ela no tempo de Isaías; a fonte de esperança era que a intenção de Deus era que um rei da linhagem de Davi reinasse sobre o Israel restaurado em todas as suas dimensões. (Isso está implícito na referência ao reino de Davi no v. 7.)

Os v. 2-7 não são em Sl aplicados ao destino do Reino do Norte, Israel, mas pregam a mesma esperança para Judá; não há dúvida de que como oráculo falado ele foi dirigido a ouvidos judeus. O primeiro elemento da grande luz predita vai ser a queda do opressor, i.e., a Assíria, que precisa ser derrotado com tanta certeza quanto havia sido Midiã (cf. Jz 6ss). Somente aí poderá haver o desarmamento (v. 5), e só assim a paz poderá reinar.

O v. 6 retrata o Rei vindouro em quatro funções. Os reis contemporâneos de Judá haviam sido aconselhados desastrosamente e tinham se mostrado impotentes na guerra; tinham sido tudo, menos pais para o seu povo, e não tinham alcançado nem paz nem prosperidade. Isaías retrata um rei que não será um fracasso em nenhum desses aspectos. Se um rei alguma vez tivesse cumprido as predições, teríamos de traduzir, com a NEB, por “na-batalha-semelhante-a-Deus”, em vez de Deus Poderoso, e “viveu-vida-longa”, em vez de Pai Eterno\ o hebraico permite esse tipo de variante. Mas, na aplicação a Cristo, a tradução mais natural é evidentemente a mais adequada. Observe onde está o destaque dado por Isaías: o reino do futuro vai ser caracterizado acima de tudo pela justiça e retidão, em contraste gritante com o Judá do tempo de Isaías (cf. 5.7) e de fato com todo reino humano em certa medida.