Estudo sobre Isaías 53

Estudo sobre Isaías 53

Estudo sobre Isaías 53




Isaías 53

53.1ss. Esses versículos refletem sobre a humilhação do Servo, retratada em termos de enfermidade. A reação natural a esses sofrimentos é desviar o olhar e afastar-se de quem sofre (v. 2); mas, mais do que isso, era comum no mundo do antigo Israel rejeitar e desprezar pessoas em sofrimento profundo, pois este era visto como um sinal certo do desagrado de Deus, como testifica o livro de Jó. Mas uma explanação muito diferente é apropriada para a humilhação do Servo — tão diferente que os espectadores estão incrédulos diante da notícia (v. 1). Eles são forçados a rever a sua forma de pensar, não somente em virtude do que ouvem, mas em virtude do braço do Senhor, i.e., a revelação do poder de Deus ao transformar a desonra do Servo em glória e poder.
53.4-9. Agora é apresentada a explanação: os sofrimentos do Servo não eram resultado de pecados graves próprios, como todos poderiam ter pensado, mas inteiramente e indubitavelmente em favor dos outros —por causa [...] do meu povo (v. 8), o profeta reconhece. Eles tinham pecado (v. 5,6), ele não (v. 9); os pecados deles trouxeram profunda aflição sobre ele, porém eles — os culpados — não colheram retribuição mas bênção (v. 5). O retrato de enfermidade muda no v. 7; o Servo é retratado agora como um homem sendo julgado pela sua vida, inocente mas mesmo assim condenado e executado. Essa mudança tem a intenção não tanto de predizer a natureza exata dos sofrimentos de Cristo, mas de destacar o caráter do Servo; ele na verdade não é como um homem doente resignado e paciente, sofrendo estoicamente, mas alguém que propositadamente escolhe não se defender de falsas acusações, da condenação e da execução. Somente ao aceitar pacientemente o sofrimento, ele poderia levar bênçãos a outros.
Observações: (1) o v. 8 é notoriamente problemático, tanto em relação ao texto como em relação ao significado; a formulação da NEB (“Sem proteção, sem justiça...”) tem boa fundamentação; (2) e com os ricos em sua morte (v. 9): aqui também há dificuldades, e o significado poderia ser: “e o seu túmulo com os malfeitores”, um paralelo exato com a primeira linha.
53,10ss. As atitudes inconstantes dos seres humanos são agora contrastadas com a atitude, os atos e o propósito invariáveis de Deus. Foi da vontade do Senhor que o Servo sofresse, como uma oferta pela culpa-, foi igualmente a sua vontade que o Servo prosseguisse até o triunfo como um rei conquistador (v. 12). Assim, além do túmulo ele prolongará os seus dias, de acordo com os propósitos de Deus, e verá sua prole (mais uma imagem humana). O destaque está menos no triunfo do Servo, por mais importante que isso seja, do que na bênção que também vai levar a outros: haverá intercessão pelos transgressores, o pecado de muitos será carregado; muitos serão justificados.
Observação: os v. 10,11 são também muito difíceis de serem compreendidos completamente, em virtude de incertezas no texto e na linguagem. A formulação da NEB deveria ser estudada cuidadosamente; é melhor que a da NVI em alguns aspectos, mas não totalmente satisfatória. Ela usa evidência textual dos manuscritos do mar Morto.
Qual era a relevância de toda essa passagem para os exilados? Em primeiríssimo lugar, ela trouxe esperança e segurança: a nação, que logo seria restaurada, no tempo devido teria o seu rei. Ele seria suficientemente poderoso para silenciar as nações e mesmo assim suficientemente justo para satisfazer as rígidas exigências de Deus (cf. Jr 23.5,6). Acima de tudo, ele levaria cura e justiça à nação que tinha tão evidentemente necessitado disso nos séculos passados. Em segundo lugar, a passagem os chamou para o caminho da responsabilidade; como expressa o comentário do NT desse texto: “Seja a atitude de vocês...” (Fp 2.5). Encontramos aqui a verdade geral de que o sofrimento é com fre-quência o caminho de Deus para o sucesso (de acordo com a definição dele de sucesso) e, com isso, um chamado implícito de olhar retrospectivamente para os sofrimentos do passado (e.g., os anos do exílio) e extrair benefícios e proveito deles. Há também um chamado implícito para se buscar, aqui e agora, a justiça da provisão de Deus. Finalmente, não devemos omitir o fato de que a promessa do advento do Servo-Messias para servir e governar o seu povo reforçou o chamado para deixar a Babilônia (52.11). O que Deus queria era ver o seu povo de volta na sua própria terra, reunido, reconstruindo e buscando trilhar os caminhos da justiça (cf. 55.3-7).

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