Estudo sobre Isaías 22
Isaías 22
Acerca de Jerusalém (22.1-25)
As duas seções desse
capítulo estão relacionadas a acontecimentos em Jerusalém; a esse respeito, o
cap. 22 se diferencia do restante dos caps. 13—23, que consistem
em oráculos contra povos estrangeiros. A característica que liga o cap. 22
com o seu contexto mais amplo provavelmente é o pano de fundo comum de
muitos dos oráculos nos caps. 13—23, isto é, a ameaça
apresentada pela Assíria, que seria a ferramenta de Deus para
castigar muitos povos no Oriente Médio nessa época (cf. 10.5).
v. 1-14. O primeiro oráculo
no capítulo acusa Jerusalém de rivalidade insensível e irracional (v. 13),
apesar de muitos desastres terem acontecido recentemente. O
contexto só pode ser o cenário após o cerco de Sena-queribe a Jerusalém em
701 a.C. Antes da partida precipitada de Senaqueribe do cenário (cf.
37.36), o rei assírio tinha promovido grande desordem em todo o
território de Judá, causando morte e destruição em todo lugar, e
evidentemente muitos tinham morrido de fome na capital (v. 2). Mas, em vez
de lamento e arrependimento, os habitantes de Jerusalém estavam tão
aliviados que gritaram dos terraços (v. 1) e depois
festejaram abatendo o pouco gado que restara (v. 13), sem dúvida
colocando em risco mais vidas em virtude dessa glutonaria. E muito
provável que a aristocracia, e especialmente a corte, sejam o objeto das
denúncias de Isaías. A declaração da ira divina no v. 14 é
formulada de maneira muito forte, e devemos pressupor que os homens
assim denunciados eram culpados de atrair a força destrutiva dos exércitos
assírios sobre o seu país. A seção em prosa (v. 8-11), expandindo o
oráculo, conta como eles haviam planejado e cavado o túnel de Siloé,
em vez de buscarem ajuda e orientação de Deus. Deus é descrito no v. 11
como aquele que há muito [...] planejou tudo que aconteceu,
isto é, o dia de tumulto (v. 5) que afligiu Jerusalém em 701 a.C.
Os v. 5-8 descrevem o cerco que os assírios fizeram a Jerusalém em
termos que para nós são um tanto obscuros, mas devem ter sido suficientemente
claros na época. Elão e Quir eram contingentes estrangeiros
do exército assírio, enquanto o vale da Visão (v. 1,5) é um jogo de
palavras com o vale de Hinom (ou Geena) perto de Jerusalém; a frase é
uma referência a Jerusalém como um todo. v. 8. palácio da Floresta-. o
arsenal montado por Salomão; cf. lRs 7.2; 10.17.
v. 15-25. Segue mais um
oráculo, denunciando um alto oficial de Judá, Sebna, administrador do
palácio. O contexto histórico geral aparentemente é o mesmo que o dos v.
1-14; sabemos com base em 36.3 que Sebna ocupava uma posição um pouco
inferior em 701 a.C., então evidentemente esse oráculo deve ser
datado um ou dois anos antes. Assim, podemos conjecturar com segurança que
Sebna foi um dos principais culpados da tentativa de persuadir Ezequias a
se revoltar contra a Assíria (e foi mais tarde rebaixado na hierarquia).
A única acusação explícita feita contra Sebna, no entanto, é que ele
planejou para Sl mesmo um túmulo (v. 16) ostentoso. Sem
dúvida, essa ação tipificava a atitude geral do homem egoísta e negligente
da situação deplorável do seu país e seus concidadãos. Isaías só menciona o
túmulo para destacar quanto este será inútil; pois o plano de Deus é
que Sebna morra no exílio, longe do lugar que escolheu para sua sepultura
(v.
18). Antes da morte, ele vai sofrer a humilhação do
rebaixamento da sua elevada posição de administrador do palácio.
A vívida comparação de
Sebna com uma bola (v. 18) é contrastada com aquela de Elia-quim
(v. 20) em que este é comparado a uma estaca (v. 23) num lugar
firme; Sebna pode ser facilmente removido, mas Eliaquim será firmemente
estabelecido na mesma função. A importância da estaca é indicada, aliás
destacada, pela descrição de sua autoridade no v. 22 (um versículo que
serve de base para Ap 3.7).
Possivelmente, os v. 24,25
representam uma afirmação feita posteriormente pelo profeta. Ele agora vê que
Eliaquim também demonstrou egoísmo, por meio de nepotismo ostensivo; por
isso, Isaías habilmente amplia a metáfora da estaca e lembra a Eliaquim
que estacas também podem ser facilmente removidas.
Acerca de outras interpretações da informação a respeito de Sebna, v. IDB, “Sebna”.
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