Estudo sobre Isaías 2
Estudo do Livro de Isaías
Isaías 2
O dia do julgamento (2.1-22)
2:1. Considera-se em geral que esse novo título esteja relacionado aos caps. 2—4, enquanto 1.1 é de aplicação mais ampla. Isaías pode bem ter posto em circulação uma coleção dos oráculos de advertência em forma escrita muito antes do final do seu ministério; se ocorreu isso, esse título algum dia esteve no cabeçalho desse tal documento.
2:2-5. O tema do futuro de Jerusalém é retomado novamente em um oráculo em forma de hino que também aparece em Miqueias 4.1ss. Isaías parece ter tomado o texto de Miqueias, o adaptado ligeiramente e acrescentado o v. 5, que serve como transição ao oráculo seguinte. Alternativamente, os dois profetas podem ter extraído o texto de um hino muito conhecido de uso corrente no templo.
Nos últimos dias é uma frase vaga, comparável à nossa expressão “no tempo de Deus”. A sequência dos fatos não é revelada, mas o propósito de Deus para Jerusalém é deixado muito claro: será exaltada acima de todos os santuários rivais, e assim atrairá os habitantes do mundo todo como adoradores. Ensinadas por Deus, as nações terão todas as suas disputas resolvidas pacificamente, e terá início a paz universal. É de se duvidar se o v. 2 está predizendo modificações geográficas; monte aqui significa lugar de adoração (e.g., monte Sinai, monte Olimpo).
“Quando tudo isso vai acontecer?”, os leitores sempre perguntam; o profeta, na verdade, postula uma questão diferente e mais desafiadora: “O que você está fazendo para que isso aconteça?”. O v. 5 lembra o leitor de que a Jerusalém daqueles dias, cheia de injustiça e derramamento de sangue, estava longe de atrair estrangeiros para a lei de Deus ou para a palavra do Senhor (v. 3). O desafio continua relevante para toda comunidade cristã; a palavra dele ainda é a luz na qual o seu povo precisa andar (v. 5).
2:6-22. Os v. 6-21 são um único oráculo (observe o refrão nos v. 10,19,21), ao qual o v. 22 foi acrescentado. O poema pode ser dividido em três estrofes, como está na RSV. Serve como contraste aos v. 2ss, em que o futuro venturoso de Jerusalém foi retratado; agora o leitor é lembrado de que Deus vai um dia trazer um castigo terrível sobre todos os que agora se opõem à sua vontade, não importa se esses homens são pagãos ou israelitas desobedientes. O profeta está advertindo não somente Judá mas todo o Israel, todos os descendentes de Jacó (v. 6), como também no v. 5.
2:6-9 esses versículos são dirigidos a Deus, mas o tom não é o de oração particular; pode bem ser que Isaías estivesse cumprindo um papel de liderança num encontro de adoração, uma assembleia festiva, quando o tema da vinda de Deus como rei e juiz foi reconhecido e celebrado. Assim, depois de se dirigir a Deus nos v. 6-9, o profeta se volta à congregação e a adverte acerca das implicações da vinda de Deus. Jerusalém e Judá são acusados de idolatria (v. 8), em linguagem direta e franca, mas a acusação inicial é mais obscura (v. 6,7); o v. 7 é uma referência à confiança nas riquezas — além disso, a prosperidade estava baseada na injustiça social; o versículo se refere a influências estrangeiras, mas não está claro se está em vista aqui o comércio ou a religião (cp. a NEB com a NVI). O bem-estar material a que o v. 7 faz alusão sugere uma data muito antiga para a carreira de Isaías, antes do declínio da prosperidade do reinado de Uzias.
2:10-17 De todo modo, a situação passou do limite do perdão (v. 9); o castigo deve vir inevitavelmente. Isso é retratado por Isaías com imagens poéticas da chegada de Deus vindo com tempestade e furor, devastando a terra a partir do norte (Líbano)-, os agentes de Deus para efetuar o castigo seriam de fato os assírios, cujo exército atacou primeiro Israel e depois Judá a partir do norte. Os profetas do AT previram e descreveram mais do que um ”dia do Senhor” (cf. v. 12); a vinda do exército assírio sobre os Estados da Palestina era um “dia” desses. Era um dia próximo demais agora para o Reino do Norte.
2:18-22. Um efeito específico do juízo divino é destacado; era a idolatria (v. 8) que havia causado a ira de Deus, e seria adequado que o seu castigo atingisse os ídolos, que, apesar de toda a sua preciosidade, seriam abandonados, lançados fora como inúteis quando o terror atacasse.
2:22. O último versículo, um acréscimo ao oráculo (talvez dirigido à congregação, talvez ao leitor), é um apelo não para que rejeitem os ídolos (como poderíamos ter esperado), mas para que parem de confiar no homem. Os ídolos, afinal de contas, são criações por demais humanas, e o perigo mais sério e difuso para o povo de Deus em todas as épocas é que seja influenciado pelos padrões, pontos de vista e realizações dos homens. Somos lembrados de que até mesmo os homens mais influentes da sociedade são simples mortais, sem significado especial algum à vista de Deus. O versículo também é uma transição para o cap. 3.
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