Estudo sobre Isaías 52
Isaías 52
A chegada dos exilados a Jerusalém (52.3-12)
O clímax desse texto é a
afirmação: o Senhor [...] resgatou Jerusalém (v. 9). Tanto
a cidade quanto os “filhos” da cidade há muito perdidos para o exílio
estão para ser restaurados; o chamado para louvar (antes do evento!) é
totalmente apropriado. Nesse contexto alegre, o profeta lança o seu último
olhar para a Babilônia, que ele nem ousa chamar pelo nome (está
implícito no aqui do v. 5 e no daqui do v. 11). A meditação
em prosa dos v. 3-6 reflete sobre a história passada e ressalta que nenhum
opressor de Israel, passado ou presente, teve algum direito sobre o
povo de Deus; esse é o sentido da expressão repetida por nada.
Assim como o Egito e a Assíria foram forçados a cessar a sua
opressão, agora o povo de Deus pode olhar adiante para o imediato
livramento das mãos da Babilônia. Eles devem fazer preparativos imediatos
para a partida {saiam, v. 11).
Essa mensagem está embutida
num oráculo vívido (v. 7-12), que descreve a alegria da Jerusalém restaurada em
forma de saudação proferida pelas sentinelas aos mensageiros enviados à
cidade. O retorno dos exilados é retratado como uma procissão solene e
sagrada (v. 11); é como se o próprio Deus retornasse com eles (v. 8) — como o
seu rei (v.
7). O versículo final alude à pressa e à fuga associadas
ao primeiro êxodo muito tempo antes; o novo êxodo será ainda mais
maravilhoso!
h) O Servo de Deus: seu sofrimento e triunfo
(52.13—53.12)
Como 52.11,12 apresentou o
clímax de uma linha geral no ensino do profeta, a saber, a saída iminente
da Babilônia, assim 52.13 introduz de forma dramática a passagem
que é o clímax do seu outro grande tema, o do ministério do Servo do
Senhor. A passagem de 52.13—53.12 é muitas vezes chamada de o Quarto
Cântico do Servo (v. Introdução); ela retoma e conclui as mensagens dos
trechos anteriores (42.1-4; 49.1-6; 50.4-9). Quem fala em 52.13ss e
53.11,12 é o próprio Deus (com base na expressão: pelo seu
conhecimento'), anunciando a glória futura do Servo; enquanto o profeta é
provavelmente quem fala (em nome do seu povo) em 53.1-11 {ficará satisfeito,
v. 11), fundamentando-se nos sofrimentos do Servo.
(Alternativamente, os gentios podem ser os que falam.)
E impossível para qualquer
cristão ler essa passagem sem pensar imediatamente no seu cumprimento em
Cristo muitos séculos mais tarde; e inconscientemente
preenchemos quaisquer lacunas no relato. O próprio profeta nunca deu
nome ao Servo, nem mesmo o identificou abertamente com o Messias;
a sua descrição dos sofrimentos combina a linguagem da enfermidade com a
linguagem do castigo judicial (e seus leitores podem ter compreendido
qualquer delas ou ambas como ilustrativas); ele não dá pista nenhuma do
método pelo qual a morte do Servo daria lugar à nova vida e à glória; e,
acima de tudo, ele não dá indicação alguma do calendário em questão.
Esses detalhes, então, não foram o que o profeta se propôs a transmitir
aos seus ouvintes ou leitores. Acima de tudo, ele queria imprimir dois
tipos de contraste na mente dos seus leitores: um é o contraste entre
o sofrimento profundo e o triunfo resultante; o outro é o contraste
entre as atitudes adotadas em relação ao Servo antes da sua glorificação e as
adotadas subsequentemente. Em outras palavras, a atenção dos leitores
é dirigida em parte para a figura central, e em parte para os
atingidos pelo seu ministério.
52.11ss. O Servo,
que nos foi apresentado de forma semelhante (Vejam) em 42.1 (Eis), e
que desde então falou de suas experiências (49.1-6; 50.4-9), agora recebe a
promessa da mais alta majestade final. A medida que os seus sofrimentos
dão lugar à glória, os reis de muitas nações que antes
ficaram pasmados diante dos seus sofrimentos se mostram confusos na
sua exaltação. Observações: (1) agirá com sabedoria-, o verbo
hebraico pode significar também “vai prosperar” (nota de rodapé da NVI), e
aqui o sentido de sucesso é claramente predominante; (2) o parênteses
no v. 14 parece incompleto no hebraico; uma solução possível e
adotada com frequência é transferir a afirmação para depois de
53.2, cf. NEB; (3) “aspergir” (v. 15) é o sentido usual do verbo
hebraico, é verdade, mas “ficar atônito” pode ser usado e cabe melhor
no contexto (“ficarão admirados”, NTLH).Índice: Isaías 1 Isaías 2 Isaías 3 Isaías 4 Isaías 5 Isaías 6 Isaías 7 Isaías 8 Isaías 9 Isaías 10 Isaías 11 Isaías 12 Isaías 13 Isaías 14 Isaías 15 Isaías 16 Isaías 17 Isaías 18 Isaías 19 Isaías 20 Isaías 21 Isaías 22 Isaías 23 Isaías 24 Isaías 25 Isaías 26 Isaías 27 Isaías 28 Isaías 29 Isaías 30 Isaías 31 Isaías 32 Isaías 33 Isaías 34 Isaías 35 Isaías 36 Isaías 37 Isaías 38 Isaías 39 Isaías 40 Isaías 41 Isaías 42 Isaías 43 Isaías 44 Isaías 45 Isaías 46 Isaías 47 Isaías 48 Isaías 49 Isaías 50 Isaías 51 Isaías 52 Isaías 53 Isaías 54 Isaías 55 Isaías 56 Isaías 57 Isaías 58 Isaías 59 Isaías 60 Isaías 61 Isaías 62 Isaías 63 Isaías 64 Isaías 65 Isaías 66