Jeremias 13 — Interpretação Bíblica

Jeremias 13

13:1-5 Judá não estava respondendo à mensagem de Jeremias, então Deus recorreu a duas lições práticas para transmitir seu ponto de vista. Ele primeiro ordenou que Jeremias comprasse uma roupa íntima de linho (13:1) e a vestisse. Então o profeta deveria ir ao Eufrates e escondê-lo numa fenda rochosa (13:4). A referência aqui provavelmente não é ao rio Eufrates, que teria exigido uma viagem de ida e volta de 700 milhas para Jeremias. É mais provável que se refira a outro lugar a poucos quilômetros da casa do profeta, Anatote. Em hebraico, “Eufrates” é escrito “Perath”. O local perto de Anatote foi escrito da mesma maneira.

13:6-11 Quando Jeremias voltou e desenterrou a vestimenta, ela estava arruinada – sem qualquer utilidade (13:7). Da mesma forma, Deus arruinaria o grande orgulho de Judá e de Jerusalém (13:9). Por causa da sua teimosia e da sua adoração a outros deuses, o povo de Deus agora não tinha qualquer utilidade para ele (13:10). Eles eram como uma roupa íntima esfarrapada e apodrecida. Deus queria “vestir” seu povo para perto de si, mas eles não permitiram isso (13:11). Judá preferia um buraco no chão.

13:12-14 A segunda lição prática de Jeremias foi apontar para um jarro. . . cheio de vinho (13:12). O que normalmente era um sinal de bênção e destinado a refrigério tornou-se assim um símbolo da maldição de Deus sobre Judá. As pessoas cambaleavam como bêbados quando os babilônios chegassem. Eles se chocariam em confusão e terror. Mas nada impediria o Senhor de trazer julgamento: não permitirei misericórdia (13:14).

13:15-20 O julgamento do Senhor é retratado aqui como trevas e escuridão (13:16), e Jeremias continua a chorar pela destruição de seu povo (13:17). Ele foi instruído a proferir julgamento ao rei de dezoito anos, Joaquim (Jeconias), e à rainha-mãe, Nahushta (13:18; ver 2Rs 24:8). Joaquim reinou em Jerusalém apenas três meses antes do cativeiro babilônico. Eles foram exortados a se humilharem diante da invasão que se aproximava, mas não o fizeram.

13:21-27 Jeremias entrega mais uma profecia de condenação certa contra um povo que era tão orgulhoso e desafiador em seus pecados. Para estabelecer uma comparação, ele faz uma observação proverbial, perguntando: Pode o cusita mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? (13:23). Nisto, Jeremias estava dizendo que a cor da pele negra era tão básica para os cusitas/etíopes quanto o comportamento injusto era para a nação de Israel. Em outras palavras, era uma característica permanente. Essas pessoas eram especialistas em pecar porque era tudo o que sabiam. Eram como uma prostituta que se entregava a quem a solicitasse. Mas, em vez de receber favores e recompensas de seus “parceiros”, a prostituta Judá ficaria exposta à vergonha. A única coisa que restou a dizer foi: Ai de você, Jerusalém! (13:26-27).

Notas Adicionais

A roupa estragada 13.1-11

Com seus atos simbólicos (19.1-13; 27.1-15; 32.1-15; 43.8-13; 51.59-64) o profeta encenava ou representava, concretamente, diante das pessoas aquilo que ele dizia que estava por acontecer. O ato simbólico da roupa estragada fala sobre o relacionamento entre Deus e o seu povo. Deus “comprou” para si um povo, ao qual se ligou intimamente. Mas o povo foi teimoso e se desligou de Deus. Não prestava mais para nada, assim como aquele calção que tinha apodrecido (vs. 9-10).

13.1 uma roupa de baixo: Em termos simbólicos, ela representa intimidade (v. 11).

13.4 o rio Eufrates: O rio Eufrates era um dos grandes rios da Babilônia e ficava a mais de 500 km de distância. Alguns pensam que a palavra perath, aqui, se refere ao riacho de Fará, que ficava uns 6 km ao norte de Anatote.

A jarra de vinho 13.12-14
Como se quebram os jarros que são jogados uns contra os outros, Deus vai destruir o seu povo. Também em 25.15-16; 51.39 o profeta compara a ira de Deus com vinho que faz com que todos fiquem bêbados.

Orgulho e castigo 13.15-27
Através do profeta, Deus adverte o povo (vs. 15-17) e a família real (vs. 18-19). Depois (vs. 20-27), fala sobre o castigo. Como o povo não pode mais aprender a fazer o bem (v. 23), Deus os espalhará como a palha que voa quando sopra o vento do deserto (v. 24).

13.17 Chorarei amargamente: Jr 8.21; 14.17. A exemplo de Deus (Jr 12.7), o verdadeiro profeta ama o seu povo.

13.19 levado prisioneiro: Isso aconteceu em 597 a.C. (Jr 22.24-27; 29.2; 2Rs 24.8-16).

13.21 aqueles que vocês pensavam que eram seus amigos: Os babilônios, aos quais, em outros tempos, os israelitas haviam se aliado contra os assírios (2Rs 20.12-19). dores como a mulher que está dando à luz Ver Jr 4.31, n.

13.22 arrancaram as minhas roupas: Is 47.2-3. abusaram de mim: Ao pé da letra: “meus calcanhares sofrem violência”. Esta é uma forma indireta de falar sobre abuso sexual.

13.27 O povo... está condenado: Jeremias vê que o povo não vai mudar (v. 23) e sabe que o castigo é certo (vs. 25-26). Só uma ação direta de Deus poderá fazer com que, no futuro, eles mudem (Jr 31.31-34).

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