Jeremias 52 — Interpretação Bíblica

52:1-30 As palavras de Jeremias terminam em 51:64. O capítulo 52 é um suplemento histórico acrescentado cerca de vinte e cinco anos depois, como mais uma confirmação de que as profecias de Jeremias realmente se cumpriram. O destino de Jerusalém e de Zedequias (52.1-11) já foi discutido (ver 39.1-7). Zedequias foi um rei humilhado, cego e preso em correntes de bronze, destinado a passar o resto da vida na prisão (52:11). Os versículos 12-30 relembram a queda de Jerusalém, a destruição do templo, o saque dos seus tesouros e a deportação do povo para a Babilónia – tal como Jeremias tinha profetizado.

52:31-34 O destino de Joaquim é explicado nestes versículos finais. Na providência de Deus, o rei Evil-merodaque, filho de Nabucodonosor, perdoou o rei Joaquim de Judá e o libertou da prisão (52:31). Então ele colocou o trono de Joaquim acima dos tronos dos reis que estavam com ele na Babilônia (52:32). Joaquim reinou apenas três meses em Jerusalém antes de ser deposto por Nabucodonosor e levado para a Babilônia (ver 2Rs 24:8-12), mas permaneceu no trono por tempo suficiente para ser identificado como um rei que fez o mal diante do Senhor. Então, por que Joaquim recebeu tal favor dos babilônios — e, em última análise, do Senhor?

A explicação pode estar em duas realidades que têm a ver com o propósito do livro de Jeremias e a certeza tanto dos julgamentos de Deus como das suas promessas. A longa vida de Joaquim no exílio devia ser mais um lembrete aos seus companheiros exilados de que Deus estava executando seu julgamento feroz sobre seu povo. Mas, ao mesmo tempo, a longa sobrevivência de Joaquim na Babilónia e a sua restauração a um lugar de honra também serviram para lembrar aos exilados que Deus não os tinha abandonado completamente e que um dia os devolveria à sua terra.

Apesar de sua infidelidade, Joaquim era, afinal, um rei davídico, um símbolo de esperança para o povo de Judá de que Deus tinha um futuro de bênçãos para eles. E embora o próprio Joaquim tenha sido julgado e amaldiçoado por não ter nenhum descendente “no trono de Davi” (ver 22:30), a linhagem davídica através da qual Jesus viria não terminou.

Para contornar a maldição sobre Joaquim, o último descendente de Salomão, a linha de sucessão foi transferida para Natã, filho de Davi. A importância disso pode ser vista na genealogia de Jesus através de Maria, cujos ancestrais eram da linhagem de Natã (ver Lucas 3:31). Assim, a linhagem messiânica foi preservada e a reivindicação de Jesus ao trono de David foi legitimada.

As gerações subsequentes de israelitas que leriam o livro de Jeremias encontrariam, mesmo em meio aos seus julgamentos, a esperança do cumprimento da promessa final de Deus – a vinda do maior filho de Davi, o Senhor Jesus Cristo, para reunir todas as promessas de Deus aos seus pessoas.

Notas Adicionais

A queda de Jerusalém 52.1-11
O cap. 52 é um apêndice histórico ao Livro de Jeremias, que fala sobre a queda de Jerusalém, sobre a destruição do Templo e dos grupos de prisioneiros que foram levados para a Babilônia. A queda de Jerusalém, narrada nos vs. 1-11 e em 39.1-10, foi um acontecimento traumático na história do povo de Judá. Nos anos seguintes, os judeus passaram a jejuar no décimo mês, para lembrar o ataque a Jerusalém (v. 4), e, no quarto mês, para lembrar a destruição das muralhas (vs. 6-7). Esse trecho é paralelo a 2Rs 24.18—25.7.

A destruição do Templo 52.12-23
A destruição do Templo foi uma grande calamidade, que passou a ser lembrada com um jejum no quinto mês (v. 12; Zc 7.3-4; 8.19). O Templo ficou em ruínas por mais ou menos 70 anos. Foi reconstruído entre 520 e 515 a.C., no mesmo lugar onde havia sido construído por Salomão. Esse segundo Templo ficou conhecido como Templo de Zorobabel (ver 2Rs 25.8-17, n.). Esse trecho é paralelo a 2Rs 25.8-17.

O povo de Judá é levado para a Babilônia 52.24-34
Jeremias menciona três grupos do povo de Judá que foram levados como prisioneiros para a Babilônia. O primeiro grupo foi levado em 598 a.C., junto com o rei Jeoaquim (v. 28); o segundo, em 587 a.C., quando Jerusalém foi destruída (v. 29); o terceiro (v. 30), que não é mencionado em 2Reis, em 582 a.C., provavelmente como resposta aos acontecimentos narrados em 40.13—41.18. Esse trecho é paralelo a 2Rs 25.18-21,27-30.

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