Jeremias 19 — Interpretação Bíblica
Jeremias 19 — Interpretação Bíblica
19:1-2 O Senhor enviou Jeremias para comprar um pote de barro de oleiro. A jarra tornou-se outra lição prática da determinação de Deus de quebrar Judá. Para tornar a mensagem ainda mais enfática, Jeremias entregou-a a um grupo de líderes civis e sacerdotes de Judá, conduzindo-os ao vale de Hinom, perto da entrada da Porta dos Cacos (19:1-2). O portão recebeu esse nome porque era a passagem por onde os oleiros levavam seus cacos (pedaços de cerâmica quebrados) para serem descartados. O vale mencionado era onde os judeus haviam anteriormente sacrificado seus filhos aos ídolos (ver 7:31). Então, se alguma vez existiu um lugar profano, era esse.
19:3-9 Jeremias proferiu outra em sua série de condenações contra Judá. O povo havia queimado incenso em Jerusalém a deuses falsos e até oferecido seus filhos no fogo como holocaustos a Baal, uma prática de adoração pagã tão abominável para Deus que ele disse que tais coisas nunca haviam passado pela sua mente (19:4-5). Como resultado destas práticas repugnantes, Deus disse que Hinom seria chamado de Vale da Matança porque os cadáveres do povo assassinado de Judá se acumulariam e se tornariam alimento para as aves e animais selvagens (19:6-7). As nações ficariam horrorizadas com Jerusalém e ridicularizariam seu povo por causa do terrível julgamento que Judá havia trazido sobre si mesmo (19:8). E numa profecia assustadora, Deus também avisou que o povo recorreria ao canibalismo à medida que o cerco dos babilónios cortasse o fornecimento de alimentos a Jerusalém (19:9).
19:10-15 Enquanto os ouvintes de Jeremias absorviam esta mensagem sombria, o profeta deveria quebrar a jarra de barro para deixar claro seu ponto de vista. Assim como alguém quebra a cerâmica, o Senhor destruiria o povo e a cidade (19:10-11). Jeremias entregou sua mensagem em Tofete (19:14), o lugar no vale de Hinom onde o povo havia construído altos e oferecido sacrifícios às crianças (ver 7:31). Deus prometeu que eles enterrariam seus mortos naquele lugar impuro (19:11-13). Os pedaços do jarro quebrado ficaram aos pés de Jeremias quando ele deixou Tofete e voltou para a cidade para entregar a mesma mensagem de desastre a todo o povo (19:14-15).
Notas Adicionais:
O pote quebrado 19.1-15
Outro ato simbólico de Jeremias (ver 13.1-11, n.), que resulta na prisão do profeta (20.1-2). Em 18.1-12, trata-se de barro que não se deixa moldar; aqui, de um pote que, por ser defeituoso, precisa ser quebrado.
19.2 vale de Ben-Hinom. Ver Jr 2.23, n.; 7.31; 32.34-35. Portão dos Cacos. Parece ter esse nome porque ali eram jogados os cacos de barro que não mais serviam para fazer potes. Em Ne 2.13 é chamado de Portão do Lixo. Ficava bem no Sul da cidade e dava acesso ao vale de Bem-Hinom (ver Jr 18.2, n.).
19.3 uma desgraça tão grande, que todos... ficarão horrorizados. 2Rs 21.12.
19.5 queimar os seus filhos... como sacrifício. Prática proibida pela Lei de Moisés (Lv 18.21).
19.6 Tofete. Ver Jr 7.31, n.
19.7 destruirei. Essa palavra hebraica é parecida com a palavra para “pote de barro” (v. 1). Como os potes viravam cacos, assim aconteceria com os planos do povo.
19.9 a gente que vive em Jerusalém comerá a carne dos seus filhos. Dt 28.53-57; Ez 5.10. O cumprimento disso é relatado em Lm 2.20; 4.10. As mesmas pessoas que queimaram os seus filhos para tentar garantir a fertilidade da terra (v. 5) terão de comer a carne de seus filhos para não morrerem de fome.
19.10 o Senhor me mandou quebrar o pote. Junto ao Portão dos Cacos (ver v. 2, n.), o profeta quebra o pote, para, através de um ato simbólico (ver Jr 13.1-11, n.), mostrar que o povo certamente seria destruído.
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