Jeremias 31 — Interpretação Bíblica

31:1-30 Jeremias 31 é um dos maiores picos montanhosos do Antigo Testamento, abrangendo tanto a gloriosa restauração de Israel sob Jesus, seu Messias, quanto a profecia da nova aliança que foi inaugurada em sua morte e ressurreição. A maior parte do capítulo (31.1-30) é uma bela profecia do amor do Pai de Deus por Israel e da sua ternura em restaurar a nação tanto à sua terra como a si mesmo. Jeremias recebeu esta profecia enquanto dormia (31:26).

Israel será reconstruído e louvará ao Senhor seu Deus (31:4-6). Ele os reunirá dentre as nações (31:8, 10), e eles ficarão cheios de alegria (31:12-13). Assim como foi o Senhor quem os desarraigou e derrubou, assim também será ele quem os edificou e plantou (31:28). Jeremias retrata Raquel, esposa de Jacó (ver Gn 29,28), chorando por seus filhos, o povo de Israel que havia ido para o exílio. Mas Deus promete alegria futura, pois os filhos voltarão.... Há esperança (31:15-17). Da mesma forma, Mateus vê “Raquel chorando” no massacre das crianças cometido por Herodes enquanto ele tentava matar o jovem Jesus (ver Mateus 2:16-18). Mas, novamente, esta tristeza um dia se transformará em alegria quando muitos judeus receberem o seu Messias durante o seu reinado milenar (ver Rm 11:25-27).

31:31-34 Esta seção inclui a promessa gloriosa da nova aliança. Esta nova aliança que Deus fará com a casa de Israel e a casa de Judá será diferente daquela que ele fez com os seus antepassados, uma referência à aliança mosaica (31:31-32). As bênçãos da aliança mosaica estavam condicionadas à obediência de Israel, mas Israel falhou em cumprir a sua parte do acordo: eles quebraram a aliança (32:32). Portanto, Deus lançou maldições sobre o povo.

Mas sob a nova aliança, Deus colocará seus ensinamentos dentro deles e os escreverá em seus corações (31:33). Israel quebrou a lei de Deus – não porque houvesse algo errado com a lei – mas porque havia algo errado com os seus corações. A lei revelou sua pecaminosidade e sua incapacidade de cumpri-la. Mostrou sua necessidade desesperada de ter corações renovados. Deus prometeu um novo relacionamento com ele que fosse tão rico e dinâmico que o povo não precisaria ter sua lei escrita em tábuas de pedra. Será inscrito em seus corações.

A igreja participa dos benefícios da nova aliança. O autor de Hebreus cita esta passagem de Jeremias e aponta para o seu cumprimento em Cristo (ver Hb 8,7-13). Na noite em que foi traído, Jesus deu o cálice aos seus discípulos e disse: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue; que é derramado por vós” (Lucas 22:20). O cálice representava o seu sangue, derramado na cruz, para o perdão dos pecados. Por meio do sacrifício de Jesus, Deus é capaz de dizer: Eu perdoarei a sua iniquidade e nunca mais me lembrarei dos seus pecados (31:34). Na cerimónia da Comunhão, os cristãos são instruídos a partilhar do cálice “em memória de” Cristo e da nova aliança instituída pela sua morte expiatória (ver 1 Cor 11, 25-26).

Nós, como crentes, estamos vivendo sob a nova aliança. Mas está chegando o dia em que o povo de Israel também seguirá o seu Messias, Jesus Cristo (ver 31:31). Do ponto de vista deles, as disposições desta aliança ainda são futuras, a serem cumpridas quando Jesus retornar. Quando ele vier para governar no trono de David no seu reino milenar, os seus corações se voltarão para ele (ver Rm 11:25-27).

31:35-40 O Senhor é quem estabeleceu o sol, a lua e as estrelas. Somente se a sua ordem fixa puder ser desfeita é que os descendentes de Israel deixarão de ser uma nação antes dele (31:35-36). Esta aliança é unilateral, depende apenas de Deus e, portanto, é inquebrável. Inclui também o estabelecimento de uma nova Jerusalém que permanecerá como o trono de Cristo no seu reinado milenar (31.38-40).

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Fonte: Tony Evans Bible Commentary