Estudo sobre Deuteronômio 5

Estudo sobre Deuteronômio 5

Estudo sobre Deuteronômio 5 



Deuterenômio 5

3) Deus e o seu povo (5.1—11.32)
Antes da exposição da lei da aliança em 5.12-26, vem essa exortação à fé de acordo com a aliança. Cunliffe-Jones a considera um sermão acerca do primeiro mandamento. Ela destaca a necessidade de lealdade completa a Javé e adverte contra a hipocrisia e a auto-suficiência. Amor e reverência expressos em obediência são a resposta que Deus espera.
VA e RV deixam claro o que versões modernas escondem, que pronomes no singular e no plural são usados de forma aparentemente aleatória nessa seção (v. 6.4,5; 6.13,14, 16-18). Muitos estudiosos acham que o singular é o original, e o plural, um sinal de ampliação posterior, mas K. A. Kitchen (AAOTp. 129) mostra que essa variação é uma característica comum do estilo semítico.
a) A essência da aliança (5.1—6.3)
Acerca do decálogo (v. 6-21), v. comentários de Êx 20.1-17. v. 3. Cf. 4.9,10. v. 4.facea face indica um relacionamento pessoal, v. 5. Moisés é visto como mediador em diversas ocasiões. Aqui ele é o que interpreta para Israel a voz de Deus, que eles conseguiam ouvir (v. 4,22-27), mas aparentemente não conseguiam entender, v. 6. Esse versículo corresponde ao prólogo histórico de um tratado de suserania. E um lembrete de que Deus quer ser conhecido principalmente no seu ato de salvar o seu povo. v. 7. Um tema repetidamente expresso em Deuteronômio (cf., e.g., 13.1-18; 16.1-22; 29.1-29); aliás, o livro todo inculca lealdade a Javé. v. 8. Cf. 4.1220; 7.5; 12.20 etc. v. 9,10. Bênçãos e maldições eram comuns em tratados de suserania. v. 12-15. As pequenas diferenças nos v. 12-14 entre esta forma e a de Êxodo não são importantes. Mas a razão da obediência dada no v. 15 é significativa. Enquanto o texto de Êxodo aponta para o fato de Deus ter descansado da criação (Gn 2.2,3), aqui se destaca o descanso do homem na redenção. O descanso para animais e escravos espelha o descanso que Deus conquistou para o seu povo. Assim, o AT conclama o homem a se alegrar no sábado tanto com base na criação quanto na redenção. v. 16. Também em relação a esse assunto o material de Êxodo é mais desenvolvido, v. 17-20. Foi sugerido que a forma breve desses mandamentos originariamente caracterizou a todos. v. 21. O tratamento que Deuteronômio dá a esse mandamento, o único que se refere exclusivamente a uma disposição interior, difere em dois aspectos daquele de Êxodo. A mulher que em Êxodo é mencionada após casa (que pode significar tudo que está relacionado a uma casa) aqui aparece em primeiro lugar. A sua posição singular é também sugerida por meio do uso de dois verbos no heb. (cobiçarásdesejarás), dos quais um deles se refere somente a ela, enquanto Êxodo agrupa tudo sob um verbo. Essa modificação manifesta uma preocupação com as mulheres que também aparece em outras seções de Deuteronômio (e.g., 21.10-14; 22.13-19; 24.15). Cp. os v. 22-27 com Êx 19.16ss; 20.18ss. v. 22. Tanto aqui quanto em Êx 31.18 se diz que as tábuas de pedra foram escritas por Deus. Textos como Is 10.5, para não falar de Êx 34.28, talvez sugiram que o agente de Deus foi Moisés. De qualquer forma, a frase destaca a imediata autoridade divina do decálogo, e a frase e nada mais acrescentou sugere a sua primazia, v. 23-27. Essa expressão de uma necessidade humana universal de um intermediário entre o homem e Deus, parcialmente suprida por Moisés (G1 3.19), é totalmente suprida em Cristo (lTm 2.5; Hb 8.6; 9.15; 12.24). v. 29. Há uma ironia triste nesse versículo, tendo em vista os fracassos repetidos do povo de Deus.
5.32—6.3. Nessa exortação, há uma referência ao mandamento (uma palavra nova; miswãh, “comando”, uma ordem formal) que Moisés está para dar, expresso nas diversas leis da aliança. Os v. 32,33 são típicos de Deuteronômio na veemência e urgência e na sua ênfase na bênção nacional e individual como fruto da obediência; cf. 6.3. v. 3. leite e mel: essa frase, tantas vezes usada no AT, parece não ser aplicável totalmente a Canaã, mas o estudo dos motivos do seu uso levou à descoberta de que é um tema-chave da literatura do Oriente Médio, encontrado em textos egípcios e ugaríticos.