Estudo sobre Deuteronômio 33

Estudo sobre Deuteronômio 33

Estudo sobre Deuteronômio 33 



Deuteronômio 33

Moisés abençoa Israel (33.1-29)
Apesar da sua ocorrência abrupta nesse ponto, o significado desse poema é claro. Visto que ele é um homem de Deus (v. 1), suas palavras terão força especial, de modo que (como o moribundo Jacó; Gn 49.1-27) ele abençoa o seu povo antes de partir. Mas tanto forma quanto conteúdo são de certa maneira problemáticos. As bênçãos parecem ter sido encapsuladas em um salmo (v. 2-5,26-29), o que faz sentido por Sl só. Aqui também, as bênçãos (em verso) são geralmente supridas com uma introdução em prosa. Além disso, algumas das “bênçãos” não são bênçãos de forma alguma, e.g., o v. 22. Até mesmo o leitor que está completamente convicto da realidade da profecia preditiva talvez se surpreenda com o ponto de vista pressuposto aqui. Simeão aparentemente deixou de existir; Rúben está em perigo; Dã migrou para o norte; Judá (mencionado brevemente, sem referências às suas posteriores ligações reais) está em perigo de ser separado das outras tribos; Efraim e Manassés têm precedência. As vezes pensa-se que essas características indiquem uma data do século XI a.C., uma possibilidade apoiada pelas características literárias do poema. Thompson sugere: “Não é impossível que um compilador e editor das declarações (originárias) de Moisés, que era fiel ao espírito geral das suas bênçãos, tenha atualizado as palavras de Moisés”. Os versículos contêm uma série de aspectos obscuros, e são necessários versões modernas e comentários para um estudo mais aprofundado.
v. 1-5. A majestade de Javé é descrita em termos de uma teofania, como o sol se levantando sobre o Sinai (isso é significativo); cf. Jz 5.4,5; Hc 3.3. A referência aqui aos santos está na base da idéia de que a lei foi dada por anjos (At 7.53; G1 3.19; Hb 2.2). Os v. 3-5, interpretados por Craigie como a resposta de Israel, referem-se ao compromisso de Israel no Sinai com a lei de Deus, “o mais rico tesouro do povo de Israel” (NTLH). v. 5. O hebraico não tem sujeito para era rei sobre Jesurum (cf. BJ: “Houve um rei em Jesurum”); pode ser uma referência a Moisés, v. 6. Embora Rúben (aqui colocado como o primeiro filho) apareça em um contexto idealizado em Ez 48.7, a tribo desaparece da história depois do século VIII a.C. (lCr 5.18-22). v. 7. O tom militarista e a indicação de perigo nessa referência notavelmente breve da tribo real (como mais tarde se tornou) talvez tenha relação com sua luta contra os filisteus. Craigie a interpreta ao se referir à posição de Judá na vanguarda das forças israelitas (Nm 2.9). Simeão, tribo não mencionada nas bênçãos, foi finalmente absorvida por Judá. v. 8-11. E interessante que os v. 8-10 sejam diferentes do restante da bênção: a ortografia e a forma das palavras sugerem uma data posterior, e a métrica difere da do v. 11, que é semelhante ao restante do poema. O Urim e o Tumim eram usados pelos sacerdotes na obtenção de oráculos (como em ISm 14.41). Em Êx 28.30, eles são carregados por Arão no seu peitoral. Acerca dos episódios no v. 8b, cf. Êx 17.1-7; Nm 20.1-3. Eles podem ser aplicados à tribo como um todo somente se Moisés e Arão forem considerados seus representantes. No v. 9, por contraste, há uma referência direta ao incidente de Êx 32.26-29. A oração no v. 11 pode estar relacionada à guerra ou a alguma ocasião em que a primazia sacerdotal da tribo estava sob ataque (cf. Nm 16.1-11). v. 12. É difícil decidir se essa é uma referência à posição do templo, situado em Jerusalém nos montes do território da tribo de Benjamim, ou à segurança da tribo, vista como carregada nos braços de Javé. v. 13-17. Como Gn 49.25,26, os v. 13-16 falam de forma comovente a respeito da terra destinada às tribos de José, Efraim e Manassés (v. 17b). Há também uma referência à sua força militar nos v. 16b,17, mas aqui, como em Gn 48.14ss, é declarada a supremacia do mais jovem (Efraim).
v. 16. sarça ardente-, heb. tfneh\ talvez seja uma referência a Êx 3.2ss, mas, já que na ortografia antiga as únicas consoantes talvez tenham sido SN, o significado original pode ter sido “no Sinai”, v. 18,19. Gn 49.13 sugere que em alguma época o território de Zebulom se estendia até o mar, com o seu comércio e a abundância de peixes, mas Js 19.10-16 (17-23) sugere que qualquer benefício obtido tenha ocorrido por meio da exploração de uma rota comercial a partir do litoral, v. 20,21. Embora o v. 21b seja obscuro, há uma referência clara à forte posição tribal de Gade a leste do Jordão (3.12-16). v. 22. A comparação entre e um leão novo de Basã é clara, mas o que não é claro é se isso deve ser relacionado à migração da tribo dos vales de Aijalom e de Soreque para o norte (Js 19.40-48; Jz 18), visto que bãsãn pode corresponder aqui a uma palavra ugarítica que significa “víbora”, assim: “que tem medo de uma víbora” (cf. Gn 49.17). v. 23. O território da tribo de Naftali, perto da Galiléia, é bonito e fértil, v. 24,25. Aser significa “feliz”, e a fertilidade dos territórios da tribo no extremo norte (famoso pelas oliveiras) também é mencionada em Gn 49.20. Mas uma localização entre Acre e Tiro significava risco de ataque e necessidade de fortes defesas. O v. 25b é uma promessa ou uma advertência? v. 26-29. Essa é a conclusão do cântico iniciado nos v. 1-5. O pensamento do v. 26 está presente na poesia cananéia, mas aqui é uma referência ao poder de redenção de Javé. O destino de Israel inclui a guerra, mas também a paz da dependência confiante em Javé. A singularidade do povo deriva do poder salvífíco dele (v. 29a). v. 26. Jesui-um cf. o v. 5 e 32.15. v. 28.fonte substitua-se o verbo ”habitar” (fati) por “fonte” (‘ayn) e leia-se ”fontes de Jacó”. v. 29. Única ocorrência da palavra em Deuteronômio — e é usada em um sentido não-cultual! (Mas alguns a associam a uma palavra ugarítica semelhante que significa “costas”.)

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