Significado de Deuteronômio 6

Deuteronômio 6

6:1-9 O temor a Deus começa com uma expressão de amor a Ele. Na verdade, o amor e o temor a Deus são respostas inter-relacionadas às maravilhas de Seu ser.

6:1 Os mandamentos fazem referência à instrução de amar a Deus (v. 5), e Moisés era o instrumento usado pelo Senhor para transmitir Suas ordenanças a Israel (Dt 5.22, 23), como afirma a passagem estes, pois, são os mandamentos, os estatutos e os juízos que mandou o Senhor, vosso Deus, para se vos ensinar. Portanto, não era a lei de Moisés, mas sim a Lei de Deus.

6:2 O temor a Deus inclui a apreensão por causa de Sua santidade e magnificência, o amor a Ele e a submissão à Sua vontade. Inicialmente, pode envolver o medo. Todavia, esse sentimento leva à sensação de admiração, ao comprometimento com a adoração e ao deleite em conhecer Deus. O Todo-poderoso esperava que Seu povo seguisse Seus caminhos por sucessivas gerações, visto que prometera abençoar geração após geração (Gn 17.7, 8) todos os dias da sua vida. O Senhor presenteou Israel com bênçãos sobre a terra como um benefício da aliança (Dt 4-40; 5.29; 6:24; 14-23; 18.5; 30.15), porém elas estavam condicionadas à lealdade. O propósito de Sua Lei foi levar a plenitude de vida às pessoas mediante Sua graça (Dt 4.1). A desobediência acarretaria a perda do direito à terra e aos privilégios do concerto (Dt 4.26; 30.15-19; Sl 1.6; 112.10). Desta forma, Deus ensinou aos hebreus que Ele é a vida e que rejeitá-lo é escolher a morte (Dt 30.20; Jo 3.16-20).

6:3 Para que bem te suceda. Deus instruiu Seu povo para que ele tivesse uma vida longa e plena, cheia de sentido e paz, na gloriosa presença divina. Isso ocorreria na terra que mana leite e mel, ou seja, numa terra abastada e abençoada (Dt 11.9; 26:9, 15; 27.3; 31.20), infinitamente melhor do que o Egito, para onde os hebreus queriam retornar (Nm 16:12-14).

6:4 Este versículo é o celebrado Shemá, a confissão fundamental de fé do judaísmo (Mt 22.37, 38; Mc 12.29, 30; Lc 10.27), que começa com a palavra Ouve (hb. shema'), um comando para que as pessoas respondam propriamente a Deus. O povo deveria ouvir e obedecer, pois o Senhor o escolheu, e não o contrário. Deus salvou Israel da escravidão no Egito, guiou-a através do deserto e forneceu-lhe instrução. Além disso, estava prestes a dar-lhe a terra. Logo, podemos concluir que Deus estabelecera um relacionamento íntimo com Seu povo, daí este se referir a Ele como o Senhor, nosso Deus. O Senhor é único, e esse termo significa somente o Senhor. Só há um Deus.

6:5, 6 Moisés aconselhou repetidamente os israelitas a responderem ao amor de Deus com devoção. Neste contexto, a palavra traduzida como amor pode também significar fazer a escolha por. Deus ordenou a Seu povo que o escolhesse com toda a sua alma, e assim negasse as outras supostas divindades.

6:7 E as intimarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te. A revelação de Deus seria uma coisa tão importante para uma família dedicada ao Senhor que os mais velhos poderiam falar naturalmente do Criador enquanto estivessem desempenhando outras atividades.

6:8, 9 Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por testeiras entre os teus olhos. Nos anos posteriores, os judeus interpretaram literalmente essas instruções. Eles orientaram os homens a usarem os filactérios1 quando orassem (Mt 23.5). Em todo caso, a ideia era as leis de Deus estarem na mente e na mão das pessoas o tempo todo (compare com Êx 13.9, 16; Pv 3.3; 6:21). Havia também o ensinamento e as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas. Isso porque, no costume judaico, é comum fixar uma pequena caixa, chamada mezuzá, nos batentes das portas. Dentro dela é colocado um pequeno rolo em que está escrito o texto de Deuteronômio 6:4-9; 11.13-21, e o nome de Deus Shaddai.

6:10-25 As bênçãos de Deus apontam para o Doador de toda boa dádiva, e o temor a Ele se expressa na gratidão e no contentamento. Por esse motivo, Moisés advertiu ao povo de Israel que não fosse ingrato e não desenvolvesse um estilo de vida independente do Senhor. A instrução acerca do êxodo era um antídoto contra a autossuficiência porque ensinava cada geração a enxergar o que Deus fizera no passado.

6:10-12 Moisés aconselhou o povo a não se esquecer de que suas posses eram presentes de Deus. O Senhor não só salvou os ancestrais dos hebreus da escravidão, mas também lhes deu uma boa terra. Os israelitas precisavam louvar continuamente a Deus e agradecer-lhe por Sua misericórdia a favor deles.

6:13-15 Não seguireis outros deuses. O Senhor exigiu exclusividade quanto ao culto. Fora a gratidão, o povo deveria comprometer-se com Ele voluntariamente. Ademais, os hebreus teriam de jurar somente pelo Seu nome, visto que o fato de Deus o ter revelado garantia aos israelitas Sua bondade para com eles. Deus queria que, quando as pessoas precisassem de abrigo e sustento, procurassem somente por Ele. Jesus citou esse texto quando Satanás o tentou (Mt 4.10).

6:16-19 Deus eventualmente põe Seus filhos à prova, mas estes nunca devem prová-lo ou tentá-lo com rebeldia e ofensas (Mt 4.7; Lc4.12). [Para ler a respeito do incidente em Massá, veja Ex 17.1 - 7. ] O caminho que a nova geração deveria seguir era [fazer] o que é reto e bom aos olhos do Senhor. Neste sentido, Moisés aludiu à lição aprendida no passado e aconselhou os israelitas a serem fiéis a Deus (Dt 4.1, 5; 5.29; 6:1). Para tal, seria necessário [lançar] fora a todos os seus inimigos, pois só assim o paganismo de Canaã não influenciaria os hebreus.

6:20-24 Quando teu filho te perguntar... então dirás. Moisés ordenou os israelitas a instruírem seus descendentes acerca do significado de todos os mandamentos. Da mesma forma, os cristãos devem certificar-se de que seus filhos conhecem e compreendem os princípios divinos. A resposta aos filhos dos hebreus teria como base quatro componentes: (1) éramos servos de Faraó, no Egito; (2) o Senhor fez sinais grandes e penosas maravilhas no Egito[...] e dali nos tirou; (3) paranos levar e nos dar a terra que jurara a nossos pais e (4) o Senhor nos ordenou que fizéssemos todos estes estatutos. Obviamente, a redenção e os privilégios pertenciam ao Senhor, mas a responsabilidade, a Seus filhos. Os rabinos interpretam esta passagem de uma forma maravilhosa. Eles entendem que, apesar de a geração presente e a vindoura não terem participado da libertação do Egito, ambas deveriam considerar como se a tivessem vivido. A cada geração, todo hebreu fiel ao Senhor precisaria sentir como se ele próprio fosse, de fato, o agraciado com a misericórdia divina.

6:25 Moisés não ofereceu ao povo uma justiça pessoal mediante o cumprimento da Lei. A justiça é resultado do relacionamento com Deus. O Senhor o inicia e Seus filhos correspondem a ele como uma expressão de amor.

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