Significado de Deuteronômio 12

Deuteronômio 12

12:1-26.19 Um relacionamento íntimo entre o Senhor e os israelitas baseado na aliança era a preocupação da Lei de Deus (os estatutos e os juízos). A Lei foi a revelação divina a Israel, por meio da qual o grande Rei ensinou Seu povo a desenvolver uma contracultura, ou seja, uma posição contrária à autossuficiência da humanidade.

12:1-16:17 Esta seção trata da adoração a Deus e dos procedimentos para os israelitas serem considerados um povo santo. O diferencial de Israel deveria ser sua obediência absoluta a um só Deus, e isso se expressaria em sua adoração, em seu sistema legal e econômico, em sua vida social, pessoal, familiar, e na ética que permeia as relações públicas.

12:1-31 Um lugar para centralizar a adoração ajudaria os hebreus a manter sua fé inabalável. Moisés enfatizou que Deus desejava que Seu povo direcionasse o foco para o local escolhido por Ele e resistisse à atratividade dos inúmeros santuários pagãos e de suas formas de adoração. Em Canaã, Israel receberia muitos benefícios do Senhor. Por isso, Ele esperava que o povo vivesse de forma responsável e conscienciosa.

12:1 Deus estava prestes a entregar a terra aos israelitas. Entretanto, para o povo ocupá-la e desfrutá-la (capítulos 28 e 29), o Senhor lhe impôs uma condição: obediência aos Seus mandamentos.

12:2 Sobre as altas montanhas. Os cananeus construíram seus templos em lugares altos crendo que seus deuses habitavam palácios nas montanhas. Esses santuários eram considerados portais entre o céu e a terra. Além disso, o povo de Canaã adorava os ídolos debaixo de toda árvore verde, porque supunha que isso proporcionava sucesso e prosperidade.

12:3, 4 As estátuas eram monumentos que representavam o poder da fertilidade dedicados aos deuses. Algumas foram encontradas por arqueólogos em escavações feitas em Gezer e Hazor. Além de quebrar as estátuas, os hebreus foram ordenados a queimar os bosques, que consistiam em estacas de madeira ou árvores dedicadas à deusa Aserá. A adoração ao verdadeiro Deus com rituais pagãos ou qualquer vestígio de paganismo violava os Dez Mandamentos (Dt 5.8-10).

12:5 Neste versículo, a forma verbal buscareis transmite a ideia de que o lugar que o Senhor, vosso Deus, escolher (SI 132.13, 14) deveria ser objeto de desejo e dedicação dos israelitas (SI 122.9). Deus abençoou o povo com Sua presença no tabernáculo, no deserto, posteriormente em Siló, no templo em Jerusalém, e, por fim, mediante Jesus Cristo (Jo 2.18-22). A presença do Senhor beneficiava todos, sem qualquer acepção, por isso o uso da expressão de todas as vossas tribos. Esse local de adoração deveria receber o nome de Deus, pois seria propriedade dele, bem como Sua habitação. Neste sentido, concluímos que Deus graciosamente estabeleceu Sua morada entre Seu povo.

12:6 No hebraico, a palavra zebah, traduzida como sacrifícios, sempre designa a oferta de um animal. Geralmente o termo é usado para descrever o sacrifício oferecido ao Senhor, mas consumido pelo povo. A oferta alçada era uma oferta comum, a qual o sacerdote erguia como um presente ao Senhor (Êx 29.27, 28; Lv 7.34). Enquanto o sacerdote cumpria seu dever (Lv 7.14, 32, 34), o adorador e sua família consumiam o resto da oferta. As ofertas realizadas por causa de um voto eram entregues ao Senhor como o cumprimento de algo que o adorador tratara com Deus (Lv 7.16, 17; 22.21; Nm 6.21; 15.3-16; 30.11). As ofertas voluntárias eram efetuadas por livre e espontânea vontade (Dt 23.23; Êx 35.27-29; 36.3; Lv 7.16; Ez 46.12).

12:7 E ali comereis perante o Senhor, vosso Deus. As ofertas comuns deveriam ser consumidas e desfrutadas por aqueles que as ofereceram. Por amor a estes, Deus os favoreceu dando-lhes descendentes, rebanhos e colheitas abundantes. Sua bênção lhes proporcionou força, prosperidade e alegria, o que se verifica na afirmação e vos alegrareis em tudo em que poreis a vossa mão [...] no que te abençoar o Senhor.

12:8 Cada qual tudo o que bem parece aos seus olhos. No deserto, os israelitas não se uniram para buscar a Deus, apresentando-se como Seu povo. Em vez disso, mostraram-se um amontoado de crentes que seguia o que achava conveniente. Por isso, Moisés recomendou que os hebreus da nova geração se arrependessem e retornassem para o caminho do Senhor.

12:9, 10 Moisés visionou um futuro estado de descanso para os israelitas. O repouso significava que o povo de Deus desfrutaria Suas bênçãos e viveria em união, livre do medo da espada (SI 133; Jr 31.2; Hb 4.8-11).

12:11 O foco e a garantia do repouso prometido eram encontrados na morada de Deus no meio de Seu povo. De maneira semelhante àquela época, há um lugar hoje onde o Senhor habita junto à Igreja: na congregação (Hb 10.24, 25).

12:12-14 E vos alegrareis perante o Senhor, vosso Deus, vós, e vossos filhos, e vossas filhas, e vossos servos, e vossas servas, e o levita. A palavra traduzida do hebraico como alegrareis (smah) denota uma imensa satisfação do povo com as boas dádivas de Deus. O Senhor deu a Lei a todos os israelitas - homens e mulheres, escravos e libertos, levitas e tribos proprietárias de terras – visando ao seu bem e ao seu gozo.

12:15 Degolarás e comerás carne segundo a bênção do Senhor. O abate e o consumo de animais era permitido em qualquer lugar onde os israelitas estivessem assentados. Apesar de muitos animais, como o corço e o veado, não serem adequados para o sacrifício ao Senhor, eles podiam servir de alimento.

12:16 A proibição quanto a comer ou beber o sangue de animais sob qualquer aspecto era uma restrição importante. O sangue representava a vida. Por esta razão, os israelitas deveriam mostrar respeito a esse fluido vital (Gn 9.4; Lv 17.11).

12:17, 18 Nas tuas portas. Alguns aspectos da adoração a Deus estabelecidos para a celebração do povo não deveriam ser realizados em casa, individualmente. Por isso, Deus designaria um lugar onde Ele poderia ser adorado por todos. De forma bastante parecida, o Novo Testamento enfatiza a congregação como o local onde o Corpo de Cristo se reúne para adorar o Senhor. Essas proibições no tocante à adoração particular foram fixadas para que houvesse uma alegria recíproca entre Deus e Seu povo.

12:19 O levita não recebia nenhuma herança, por isso dependia do povo para se alimentar.

12:20-27 Dilatar os teus termos. Moisés enfatizou a grandeza das bênçãos de Deus sobre o povo ao afirmar de modo categórico que os israelitas teriam seus territórios expandidos. A terra se tornaria tão extensa que, para muitas pessoas, viagens frequentes ao local estabelecido para a adoração seriam impossíveis. Neste caso, a carne seria apreciada em casa, de acordo com os procedimentos determinados por Deus.

12:28 Para que bem te suceda a ti e a teus filhos. O Senhor prometera Suas bênçãos não só aos que atentassem para Suas instruções, mas também às gerações destes (Gn 1.27, 28; 9.1, 7; 17.19). Mesmo que os israelitas não tenham obtido a salvação por meio da obediência, eles foram alvos da graça de Deus por causa de Sua misericórdia. O Senhor os escolhera para ser Seu povo.

12:29-31 O Senhor expulsaria da Terra Prometida as nações cananeias e a tentação que representavam, mas os israelitas seriam os responsáveis por não imitar as práticas pagãs (Rm 12:2; Fp 2.14-16).

12:29, 30 Quando o Senhor, teu Deus, desarraigar. Deus era o responsável pela conquista, mas os israelitas eram os agentes encarregados de executá-la (v. 2). Contudo, era necessário que, antes de possuir a terra, eles ouvissem a advertência de Moisés. O imperativo guarda-te demonstra que o Senhor conhecia a fundo os hebreus e sabia que provavelmente eles se desviariam de Seus caminhos e seguiriam os deuses pagãos, o que, infelizmente, aconteceu.

12:31 Deus execrava as práticas cananeias e não queria que Seus filhos fossem seduzidos por elas (Lv 18.21; 20.2-5). Isso pode ser observado pelo uso do termo abominável (hb. tô bâ), que indica asco e aversão a tudo o que se referia a tais ritos. A sentença até seus filhos e suas filhas queimaram com fogo descreve uma das piores cerimônias realizadas pelos cananeus, aos quais os israelitas se uniram posteriormente (2 Rs 21.1-9; 2 Cr 28.1-4).

12:32-13:18 Este segmento textual apresenta os comandos que guardam a revelação especial de Deus.

12:32 Nada lhe acrescentarás nem diminuirás. Isto quer dizer que a Palavra de Deus não está sujeita a caprichos, apreciações ou devaneios do homem.

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