Significado de Deuteronômio 5

Deuteronômio 5

5:1-5 Estes versículos falam sobre a aliança de Deus, à qual Ele foi fiel, mantendo-a para a presente geração, a quem Moisés direcionava este comunicado: os herdeiros da promessa. O fato de o Senhor falar com Seu povo é um sinal de Sua graça. Sendo assim, o Pentateuco deve ser visto como uma das grandes demonstrações da misericórdia de Deus, não de Sua ira. Houve uma época em que aqueles que ensinavam o conteúdo bíblico retratavam a imposição da Lei como uma punição de Deus porque o povo rejeitara Sua graça. No entanto, a Lei é justamente uma manifestação dessa graça.

5:2 O Senhor, nosso Deus, fez conosco concerto, em Horebe. Pelo concerto estabelecido entre Deus e o povo por intermédio de Moisés, a graça e as promessas do Senhor foram ministradas aos israelitas. Assim, Deus consagrou a nação de Israel a Ele, revelando as maldições e as bênçãos resultantes do cumprimento ou não da aliança. Como a Lei provinha do Senhor, não é apropriado referir-se a ela como lei mosaica.

5:3, 4 Não foi com nossos pais que fez o Senhor este concerto, senão conosco, todos os que hoje aqui estamos vivos. Esta passagem enfatiza a posição privilegiada da presente geração, que estava preparando- se para entrar em Canaã. Quando Deus se aliançou com Seu povo, Ele o fez face a face, o que indica intimidade. Percebe-se, então, que Moisés pretendia o tempo todo ressaltar esse relacionamento especial que os israelitas tinham com o Deus vivo.

5:5 A afirmação eu estava em pé entre o Senhor e vós reflete o papel de mediador da aliança que o profeta exerceu no passado (Êx 20.18-21).

5:6-22 Os Dez Mandamentos (Dt 4-13) resumem a vontade de Deus para Seu povo, ensinando as pessoas a amá-lo e a amar seu próximo como a si mesmas. Estas Dez Palavras (como são conhecidos no hebraico) formam o sumário dos elementos fundamentais da Torá. Tais ordenanças chegaram a nós em duas versões: uma apresentada no monte Sinai (Êx 20.3-17) e outra exposta um pouco antes da morte de Moisés (Dt 5:6-21). As diferenças entre elas devem ser explicadas de acordo com o novo tempo que seria vivido por Israel, que estava prestes a entrar na Terra Prometida. Posteriormente, Jesus confirmou a validade da lei moral (Mt 5:17, 18; Mc 12.31), pois o poder desta na administração da nova aliança reside nos ensinamentos de Cristo, em Sua interpretação e na forma como Ele aplicou a Lei.

5:6 Eu sou o Senhor, teu Deus. Como no padrão dos tratados hititas, estas palavras exprimem a identificação de uma das partes da aliança. Em vez de uma grandiosa lista de títulos e descrições, os elementos básicos são estabelecidos em apenas algumas palavras. Ele é o Deus vivo que age graciosamente a favor de Seu povo. O Senhor tem o direito, como redentor dos israelitas, de falar com eles proferindo Suas Dez Palavras.

5:7 Não terás outros deuses diante de mim. Muitas culturas do antigo Oriente Médio assimilaram outros deuses em suas crenças, transformando e usando esses ídolos de acordo com seus próprios propósitos. Entretanto, os israelitas eram singulares: eles serviam a apenas um Deus, e este não permitia a adoração a nenhum outro.

5:8-10 Mesmo quando uma imagem exercia o papel de símbolo da divindade, esta levava os adoradores a afastar-se da verdadeira adoração ao Deus vivo. Como o único Senhor, Ele não admitia que Seu povo se curvasse diante de outros deuses. Caso isso ocorresse, Deus disciplinaria o pecador [visitando] a maldade dos pais sobre os filhos, até à terceira e quarta geração. Da mesma forma que Deus abençoaria muitas gerações por manterem uma verdadeira adoração, Ele também as puniria por atitudes infieis. Contudo, a expressão faço misericórdia em milhares faz referência a inúmeras e sucessivas gerações, o que demonstra um contraste com a terceira e quarta gerações que seriam castigadas. Essa comparação apresenta a medida da misericórdia de Deus. Sua graça se expande infinitamente mais do que Sua ira.

5:11 Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão. Este mandamento faz referência ao abuso, ao mau uso, à blasfêmia, à execração e à manipulação do nome de Deus. Talvez por isso os antigos israelitas desenvolveram o hábito de não pronunciar em voz alta o nome sagrado do Senhor. Deus se agrada daqueles que amam e respeitam Seu nome.

5:12-15 Estes versículos contêm a ordenança de [guardar] o sábado, para o santificar, tornando-o um dia separado para os propósitos de Deus, como ordenou o Senhor no monte Sinai (Êx 20.8-11). Por ser um dia pertencente ao Senhor, não [poderia ser feita] nenhuma obra nele, ou seja, os israelitas tinham de descansar do trabalho e celebrar as bênçãos de Deus. Além disso, os servos, as servas, os animais e os estrangeiros também deveriam descansar, pois esse era um modo de Israel [lembrar] que [foi] servo na terra do Egito e que Deus o libertou do passado de opressões. Os cristãos atuais se diferenciam em relação a este mandamento. O Shabat (sábado) era sábado, o sétimo dia da semana. Os cristãos geralmente adoram a Deus no domingo, o primeiro dia da semana, porque foi num domingo que Jesus ressuscitou. Mesmo assim, seguem o princípio do mandamento. Eles descansam do trabalho e dedicam esse tempo ao Senhor, louvando-o por Suas bênçãos e relembrando todas as Suas obras redentoras registradas na Bíblia.

5:16 Honra a teu pai e a tua mãe. O respeito pelos pais fortaleceria as famílias. No tocante aos que serviam a Deus, estes ensinariam a seus filhos o caminho da verdade, e a aliança do povo com o Senhor, pautada no serviço e na adoração a Deus, permaneceria intacta. Os benefícios da honra aos pais se concretizariam numa vida longa e bem-sucedida.

5:17 O assassinato premeditado era a preocupação deste mandamento. [Para saber sobre ordenanças concernentes a outras formas de homicídio, veja os capítulos 19-21.] O fundamento do respeito à vida reside no fato de Deus ter criado o ser humano à Sua imagem (Gn 9.6).

5:18 O adultério representava a traição não apenas a um compromisso, mas a um relacionamento. Qualquer um que tratasse o casamento de forma desrespeitosa também estaria tratando sua relação com Deus assim.

5:19 Não furtarás. Neste versículo, o “furto” pode ser considerado de várias formas: destituição ilegítima de propriedade, sequestro, manipulação de bens alheios a fim de obter vantagens pessoais, entre outras.

5:20 E não dirás falso testemunho contra o teu próximo. Isso incluía qualquer depoimento falso que incriminasse alguém ou declaração que afetasse de forma negativa a reputação de outra pessoa, como por exemplo a fofoca, a difamação e a calúnia.

5:21 Não cobiçarás. Este é o único mandamento com uma proibição expressa referente às emoções e motivações interiores que resultam em atitudes. Desejar o que pertence a outrem representa a busca pela satisfação de um interesse pessoal que pode causar danos a terceiros. Tal comportamento é o oposto da preocupação com o bem-estar do próximo. A Lei pode ser resumida pelo primeiro e pelo último mandamento: amar Deus e as pessoas genuinamente (Mc 12.28-31).

5:22 E as escreveu em duas tábuas de pedra. Nas duas tábuas de pedra estavam duas cópias completas da Lei. Geralmente, eram feitas duas reproduções dos acordos realizados no antigo Oriente Próximo. Dos dois contratantes, cada um ficava com uma das duas cópias, pois estas serviam como uma espécie de testemunho do pacto. Entretanto, no caso dos Dez Mandamentos, ambas as cópias foram colocadas perante Deus. O Senhor não apenas fez um concerto com os israelitas atuando como uma das partes, mas também foi testemunha da aliança.

5:23-31 Por causa de sua natureza rebelde e pecadora, os israelitas temiam a santa presença de Deus e estavam despreparados para encará-lo. Por isso, pediram a Moisés que servisse de porta-voz perante o Senhor, e Deus aprovou o pedido. O profeta se tornou o mediador da aliança entre Deus e o povo. Ele não apenas comunicou aos israelitas a conduta santa que deveriam adotar, mas também suplicou ao Senhor que lhes mostrasse Sua misericórdia.

5:24 O Senhor, nosso Deus, nos fez ver a sua glória e a sua grandeza. Esta passagem demonstra admiração e respeito notáveis pela presença de Deus. Isso era uma grande glória!

5:25, 26 Por que morreríamos? [...] quem há, de toda a came, que ouviu a voz do Deus vivente? Os israelitas precisavam temer. O povo deveria compreender que o Deus vivo era poderoso, grandioso, e demandava perfeição. Assim, na condição natural de pecadores, os israelitas reconheceriam que necessitavam da misericórdia divina.

5:27, 28 Tudo o que te disser o Senhor, nosso Deus, e o ouviremos e o faremos. A revelação que provocava no povo admiração e respeito a Deus incitou os israelitas a expressar sua obediência voluntária aos comandos divinos. Entretanto, a perseverança deles em cumprir sua promessa seria testada.

5:29-31 O povo ficou impressionado com o que viu e ouviu, mas seu coração não havia mudado.

5:32-6:25 Moisés transmitiu ao povo a mensagem desafiadora do amor a Deus como a fonte de toda a bondade, no presente e no futuro. Deus é bom e fiel, mas Ele esperava que Seu povo cumprisse os mandamentos. Visto que o futuro dos hebreus também dependia da fidelidade de cada geração, a unidade familiar era de vital importância. A família dedicada ao Senhor é uma instituição criada por Deus, na qual a instrução e a obediência às coisas sagradas são fundamentais.

5:32, 33 Andareis em todo o caminho que vos manda o Senhor. Dentre todas as nações, Deus escolheu Israel para ser instruída por Sua Lei. Mas, a prova da distinção desse povo seria a resposta dele à revelação de Deus. Se os israelitas fizessem exatamente o que o Senhor ordenara, desfrutariam as bênçãos divinas, conforme expressa o texto para que vivais, e bem vos suceda, e prolongueis os dias na terra que haveis de possuir. Essas promessas, aliadas ao quinto mandamento, honra a teu pai e a tua mãe, como o Senhor, teu Deus, te ordenou, aplicavam-se a todas as ordenanças.

Índice: Deuteronômio 1 Deuteronômio 2 Deuteronômio 3 Deuteronômio 4 Deuteronômio 5 Deuteronômio 6 Deuteronômio 7 Deuteronômio 8 Deuteronômio 9 Deuteronômio 10 Deuteronômio 11 Deuteronômio 12 Deuteronômio 13 Deuteronômio 14 Deuteronômio 15 Deuteronômio 16 Deuteronômio 17 Deuteronômio 18 Deuteronômio 19 Deuteronômio 20 Deuteronômio 21 Deuteronômio 22 Deuteronômio 23 Deuteronômio 24 Deuteronômio 25 Deuteronômio 26 Deuteronômio 27 Deuteronômio 28 Deuteronômio 29 Deuteronômio 30 Deuteronômio 31 Deuteronômio 32 Deuteronômio 33 Deuteronômio 34