Significado de 2 Samuel 24

Significado de 2 Samuel 24
Significado de 2 Samuel 24

2 Samuel 24
24.1 — E aira do SENHOR. Esta é uma nota ameaçadora com a qual começa o último capítulo. A graça salvadora é que o capítulo é um apêndice, e não o último ato. O comentário e ele incitou a Davi indica que as ações de Davi foram orientadas pelo Senhor, enquanto 1 Crônicas 21.1 revela que o rei foi dirigido por Satanás. Estes comentários refletem dois aspectos do mesmo incidente. Satanás instigou o espírito independente que conduziu Davi a numerar o povo, mas Deus permitiu que o diabo exercesse sua influência de forma que o poderoso plano divino pudesse realizar-se (compare com Gn 50.20). Ainda assim, a soberania do Senhor já mais anula a responsabilidade do homem por seus atos.

24.2 — A expressão desde Dã até Berseba denota todo o território de Israel, desde o norte até a sua extremidade sul, uma distância de cerca de 150 milhas.

24.3,4 — Mas por que deseja o rei, meu senhor, este negócio? Joabe, por todas as suas falhas, viu o erro no plano de Davi (1 Cr 21.3) e protestou em forma de pergunta. Por que este censo era considerado pecaminoso, uma vez que Deus havia ordenado uma contagem no tempo de Moisés (Nm 1.1-3)? Davi poderia ter confiado na força militar, em vez de no cuidado protetor de Deus (Dt 17.16). O versículo 9 sugere que este censo era o primeiro passo para estruturar um sistema militar. Parece que o plano do Senhor foi para Israel ter um exército de cidadãos, e não um grande e duradouro exército, de modo que Israel confiaria na Sua proteção.

24.5 — A contagem no território a leste do Jordão. A roer ficava cerca de 14 milhas a leste do mar Morto, na encosta do lado norte do rio Arnom. Jazer se situava a leste do Jordão, cerca de seis milhas e meia a oeste da atual Amã.

24.6 — Gileade ficava a oeste do Jordão entre os rios Jaboque e Iarmuque. Acredita-se que o nome Dã-Jaã se refira à cidade de Dã, cerca de 23 milhas ao norte do mar da Galiléia. Sidom se localizava na costa mediterrânea ao norte de Tiro.

24.7,8 — Tiro ficava na costa mediterrânea, cerca de 35 milhas ao norte do mar da Galiléia. Os heveus eram cananeus que ocupavam as regiões do Líbano (Jz 3.3), Siquém (Gn 34.2) e Gibeão (Js 9.3). Cananeus é um termo genérico para os habitantes não israelitas de Canaã. Berseba se situava nas áreas desérticas de Judá, cerca de 28 milhas ao sul de Hebrom.

24.9 — Que arrancavam espada. Os números dados se referem apenas a homens em idade militar. E impressionante como a distribuição de Israel e Judá foi tão bem estabelecida. No final, ela resultaria num reino dividido. Os números — 800 mil em Israel e 500 mil em Judá — obviamente são arredondados.

24.10 — E o coração doeu a Davi. Davi pecou várias vezes, mas seu coração sempre foi sensível à vontade reta de Deus. Ele rapidamente confessava seus pecados e procurava restauração no Senhor. O texto não estabelece precisamente qual pecado era. Porém, podemos presumir que a intenção de Davi em contar o povo tinha algum aspecto sinistro em si, talvez o orgulho por causa do tamanho de seu império.

24.11,12 — Gade, o profeta ou vidente de Davi, foi mencionado primeiro em 1 Sm 22.5. Ele pode ter sido um dos escritores ou editores que contribuíram para a elaboração do segundo livro de Samuel.

24.13 — A Davi foi dada a escolha entre três punições pelo seu pecado: (1) sete anos de fome, (2) três meses de fuga ou (3) três dias de peste. Moisés avisou sobre todas essas penalidades àqueles que violavam a aliança com Deus (Dt 28.15-68).

24.14 — Porém caiamos nas mãos do SENHOR. Davi avaliou que Deus seria mais misericordioso do que os homens. O rei aparentemente preferiu a terceira opção, uma peste. O termo misericórdias se refere à compaixão de uma mãe por seu filho. Mesmo no exercício de Sua ira, Deus tem misericórdia daqueles que Ele disciplina (Hc 3.2).

24.15 — A natureza da peste não é especificada, apenas que a sua origem era do Senhor. O número de pessoas que morreram foi muito grande, mais do que três vezes o número de soldados do exército de Absalão que pereceram na sua rebelião frustrada (2 Sm 18.7).

24.16 — O juízo era exercido pelo Anjo do SENHOR (Jz 6.11-22). Numa demonstração de Sua graça, Deus suspendeu a peste que destruía o povo de Jerusalém. O Anjo do SENHOR estava junto à eira de Araúna. Uma eira é uma superfície rija e achatada onde o trigo é amassado e os grãos são separados da palha. Araúna, chamado Ornã em 2 Crónicas 3.1, era um jebuseu, um dos habitantes originais de Jerusalém.

24.17-21 — Davi intercedeu em favor do povo — estas ovelhas — em relação à peste. Mais uma vez ele confessou o seu pecado (v. 10) e pediu a Deus que o punisse, em vez de punir o povo.

24.22 — O aparelho dos bois para a lenha consistia nos pesados carros de madeira que eram arrastados sobre o trigo durante o processo de colheita para triturá-lo.

24.23,24 — Araúna queria dar a Davi a eira e os bois para sacrifício. No entanto, Davi não queria oferecer ao Senhor aquilo que não lhe havia custado nada. Este é um princípio poderoso para toda a adoração e o culto ao Senhor. Se não há um custo, não há um verdadeiro sacrifício. Davi entendeu e praticou o princípio da doação sacrificial a Deus (2 Co 8.1-4). A eira estava localizada no monte Moriá, onde Abraão havia oferecido Isaque (Gn 22.2). Tempos depois, Salomão construiria o templo nesse local (1 Rs 6; 1 Cr 21.27—22.1; 2 Cr 3.1). Cinquenta siclos de prata foram pagos apenas pela eira, pelos bois e pelos implementos. A terra que cercava a eira custaria consideravelmente mais — 600 siclos ou 15 libras de ouro (1 Cr 21.25).

24.25 — A oferta de holocaustos era o principal sacrifício de expiação dos pecados não intencionais (Lv 1.1-17;6.8-13). Ela foi completamente consumida em cima do altar, exceto a pele, dada ao sacerdote oficial. A oferta pacífica era um sacrifício opcional, que não fazia parte das ofertas regulares requeridas no tabernáculo ou no templo (Lv 3.1-17;7.11-34). Era uma expressão voluntária de ação de graças ou adoração. A preservação de Jerusalém e a compra do local do templo prepararam o caminho para a vinda do sucessor de Davi, o rei Salomão. Ele construiria o templo para a verdadeira adoração ao Deus de Israel.