Significado de 2 Samuel 15

Significado de 2 Samuel 15
Significado de 2 Samuel 15

2 Samuel 15
15.1—18.33 — Este trecho registra a rebelião e a conspiração de Absalão e relata como Davi foi forçado a fugir de Jerusalém quando seu filho usurpou o trono. Esta é uma clássica ilustração de “você colhe o que planta”. Davi semeou o fruto de um longo atraso em reconciliar-se com Absalão. O rei havia estado na infeliz posição de ter de perdoar um filho que ele amava por matar outro filho que ele amava que havia estuprado uma filha que ele também amava. Todavia, o duro e imperdoável tratamento de Davi para com Absalão (2 Sm 14.24-32) foi considerado como um insulto, que levou o filho do rei a um ato de traição.

15.1-3 — Carros, e cavalos, e cinquenta homens que corressem adiante dele. Este tratamento real pretendia atrair a atenção para Absalão e fazer com que o povo se lembrasse do relacionamento de Absalão com Davi como herdeiro do trono (1 Rs 1.5). Os mensageiros iam à frente do filho do rei e anunciavam a chegada dos seus carros. Absalão ficava de pé ao longo do caminho em direção ao palácio real recebendo as pessoas e mostrando interesse pelos visitantes que tinham vindo a Jerusalém para apresentar seus casos ao rei. Absalão se insinuava para as pessoas. Apenas aqueles que realmente tinham uma queixa faziam a árdua viagem a Jerusalém na esperança de obterem favor do rei. Quando lhes era dito que estavam certos, os teus negócios são bons e retos, mas que a presente administração não poderia ajudá-los, a frustração deles apenas aumentava. A mensagem implícita no comentário de Absalão, não tens quem te ouça da parte do rei, era que Davi estava muito ocupado para ouvir os casos das pessoas, ainda muito ciumento de sua própria autoridade para delegar essa tarefa a alguém.

15.4 — A justiça e o relacionamento entre as pessoas de acordo com o padrão de retidão de Deus eram as principais preocupações dos governantes e profetas do Antigo Testamento (2 Sm 8.15; 1 Rs 3.28; 10.9; Is 1.17; Am 5.24). Absalão estava jogando com as emoções das pessoas quando se apresentava como a resposta para as necessidades delas de justiça, mas ele não tinha nada para lhes dar.

15.5,6 — Quando alguém se aproximava de Absalão com uma demonstração de reverência ou respeito, o príncipe estendia a sua mão, como alguém faria com o seu semelhante, e beijava a pessoa. Nos tempos antigos, um beijo poderia funcionar como um cumprimento, um sinal de amizade, afeição e lealdade (2 Sm 19.39). Por meio de seu charme e suas promessas, Absalão conseguiu conquistar o carinho e a fidelidade dos israelitas; por isso, é afirmado que furtava Absalão o coração dos homens de Israel.

15.7,8 — Absalão buscou a permissão de Davi para se mudar para Hebrom, cerca de 20 milhas ao sul de Jerusalém, onde ele teria mais liberdade para começar uma rebelião. Uma vez que Absalão tinha nascido em Hebrom (2 Sm 3.2,3), não pareceria estranho a Davi que seu filho quisesse pagar lá o voto que fizera ao Senhor. Gesur, na Síria, era a região ao norte do mar da Galiléia.

15.9 — Quão vazias as palavras vai em paz devem ter soado a Davi tempos depois, quando ele as relembrava. O rei, com sua bênção, enviou seu filho a Hebrom para um novo compromisso com Yahweh e para servir ao Senhor. N a verdade, Davi liberara Absalão para fazer algo terrível, para executar sua própria destruição.

15.10 — E enviou Absalão espias. Longe do olhar atento de Davi e daqueles que eram leais ao rei, Absalão começou a recrutar conspiradores e simpatizantes para se juntar a ele na revolta que estava por vir. O slogan Absalão reina em Hebrom intencionalmente aludia ao reinado de Davi, pois este havia sido ungido rei em Hebrom (2 Sm 2.1-7;5.1-5).

15.11 — Absalão convidou duzentos homens acima de qualquer suspeita para se juntar a ele em Hebrom no suposto cumprimento de seu voto (v. 7,8). Não havia dúvidas de que eles dariam seu apoio a Absalão quando se dessem conta do que estava acontecendo.

15.12 — Aitofel era de Gilo, uma cidade localizada nas montanhas de Judá (Js 15.51).

15.13 — O coração de cada um em Israel segue a Absalão. Com essas práticas enganosas, Absalão conquistou a solidariedade e o apoio dos israelitas. Uma das razões pelas quais ele pode ter sido capaz de fazer isso foi a turbulenta ascensão de Davi ao poder. Quando o governo de Davi em Judá ficou restrito a Hebrom (cap. 2), ele foi desprezado pelos apoiadores de Saul no restante da nação. Suspeitas e ressentimentos antigos poderiam ressurgir por uma pessoa que sabia como manipular o povo para ser beneficiada, uma habilidade vergonhosa na qual Absalão se notabilizou.

15.14 — Levantai-vos, e fujamos. Parece que Davi foi completamente surpreendido. Ele não estava preparado para enfrentar a rebelião de Absalão. O rei fugiu de Jerusalém para não arriscar sua vida desnecessariamente e para evitar a tragédia de um golpe militar na capital da cidade.

15.15,16 — A fidelidade dos servos de Davi pode ter sido um verdadeiro encorajamento num tempo de tamanha deslealdade por parte da própria família do rei.

15.17 — Após deixar Jerusalém, Davi e a família real pararam na fronteira leste da cidade antes de atravessar o Cedrom (v. 23), para permitir que seus guarda-costas passassem adiante e inspecionassem a área (v. 18). A necessidade de fugir do palácio era imediata. No entanto, antes que os aliados de Davi saíssem em fuga, ele os reuniu para fazer uma análise da situação e planejar o próximo passo.

15.18 — Os quereteus e os peleteus eram as unidades de elite do exército de Davi. Essas tropas de confiança do rei não eram compostas por israelitas, mas por mercenários de inúmeras nações, entre elas Creta e Filístia. Eles acompanhavam Davi havia anos, deviam a ele sua lealdade, e defenderiam o rei e sua família até a morte. Os geteus eram soldados mercenários filisteus que Davi havia recrutado durante sua estada em Gate (1 Sm 21.10-15) ou eram os seguidores originais de Davi, vindos de Gate (1 Sm 23.13).

15.19 — Davi deu aos seus mercenários estrangeiros a chance de deixá-lo. Como estrangeiros, eles não eram obrigados a lutar na guerra civil que se aproximava.

15.20 — Ontem, vieste. Este é um exagero óbvio, mas reflete o fato de que a associação de Itai com Davi foi curta. Esse homem não tivera com Davi o relacionamento longo que as tropas mencionadas no versículo 18 tiveram. Em sua bênção a Itai, Davi usou a linguagem da aliança da fé bíblica: com beneficência e fidelidade.

15.21,22 — Vive o SENHOR. Com estas palavras, o oficial militar estrangeiro declarou sua fé inabalável e seu comprometimento com o Deus de Israel. Essa frase traduz o mais intenso juramento, e ela distinguiu o verdadeiro crente em vários períodos da história de Israel (1 Rs 17.1,12;18.10).A declaração seja para morte seja para vida, proferida por Itai, é semelhante àquela pronunciada por uma estrangeira que veio a confiar em Deus — Rute, de Moabe (Rt 1.16,17). A última tarefa delegada a Itai, comandar um terço do exército do rei (2 Sm 18.2), foi um modo de Davi demonstrar a ele sua gratidão por tamanha lealdade.

15.23 — O ribeiro de Cedrom é um pequeno riacho que corre pelo vale separando Jerusalém e o monte das Oliveiras durante a estação chuvosa (de outubro a março). A expressão na direção do caminho do deserto se refere à estrada que passa pelo deserto de Judá e fica entre Jerusalém e Jericó, para baixo das margens do rio Jordão.

15.24-26 — Zadoque e Abiatar eram os principais sacerdotes durante o reinado de Davi. Eles eram leais ao rei. Queriam trazer a arca, que Davi havia trazido para Jerusalém com uma grande celebração (cap. 6), de volta à cidade. Era Davi quem estava indo para o exílio, não o Senhor; o símbolo da presença de Deus com o Seu povo permaneceria no lugar de adoração para toda a comunidade.

Davi confiou essa situação ao soberano cuidado de Deus e à Sua vontade ao declarar: ele me tornará a trazer para lá. Neste sentido, observa-se um contraste da submissão de Davi à vontade do Senhor com as palavras enganosas de Absalão (v. 8). Quanto ao termo a sua habitação, refere-se ao tabernáculo que havia sido estabelecido para abrigar a arca (2 Sm 7.6).

15.27 — Não és tu, porventura, o vidente? Um profeta poderia originar-se de qualquer tribo, mesmo de entre os filhos de Arão. Por isso, um sacerdote também poderia ser um profeta do Senhor (Zc 1.1). Davi queria que os sacerdotes permanecessem em Jerusalém para interceder diante de Deus por ele e ministrar no tabernáculo. Talvez Deus lhes concedesse uma mensagem que eles poderiam transmitir ao rei.

15.28 — Nas campinas do deserto. Este local era o vale do Jordão perto de Jericó. Como explicarão posteriormente os versículos 35 e 36, Zadoque e Abiatar deveriam ter ficado em Jerusalém a fim de colher informações para Davi, conforme demonstra a afirmação do rei até que tenha novas vossas. Eles poderiam transmitir a Davi tanto uma mensagem do Senhor como as notícias sobre as ações dos inimigos.

15.29 — Tornaram a levar para Jerusalém. Era Davi que estava indo para o exílio, não o Senhor. O símbolo da presença de Deus no meio de Seu povo continuaria no lugar de adoração para a comunidade.

15.30 — E com a cabeça coberta; e caminhava com os pés descalços. Estes eram sinais externos de luto (Jr 14.3; Ez 24.17). A subida das Oliveiras (ou monte das Oliveiras) estava localizada a leste de Jerusalém.

15.31 — Aitofel era o avô de Bate-Seba (2 Sm 11.3). Como conselheiro sábio (2 Sm 16.23), tinha estado a serviço de Davi (v. 12), mas passou a apoiar Absalão. Neste sentido, a oração de Davi foi para que seus inimigos fossem confundidos. O nome Aitofel pode significar irmão da loucura. Se assim for, deve ter sido um nome dado a ele posteriormente por causa de sua falha com Davi.

15.32-34 — Onde se costuma adorar a Deus. Antes da construção do templo de Jerusalém, havia um lugar de adoração localizado no monte das Oliveiras. Ao chegar a esse local, Davi encontrou Husai, que provou ser um amigo leal do rei (2 Sm 15.37; 16.16). Esse homem foi denominado arquita, nome de um povo que vivia no sul das imediações de Efraim, entre Betei e Atarote (Js 16.2). O manto rasgado de Husai e a terra sobre a cabeça eram sinais de tristeza (2 Sm 1.11; 13.19). Em vez de ser convidado a juntar-se aos seguidores de Davi, Husai foi orientado a voltar para Jerusalém, a fim de evitar o conselho de Aitofel a Absalão.

15.35,36 — A Husai foi designado o importante papel de transmitir informações sobre o inimigo a Davi por intermédio de Zadoque e Abiatar, bem como dos filhos destes sacerdotes, Aimaás e Jônatas.

15.37 — A palavra amigo pode significar conselheiro ou orientador (1 Rs 4.5).


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