Significado de 2 Samuel 13

Significado de 2 Samuel 13
Significado de 2 Samuel 13

2 Samuel 13

13.1 — Absalão e Tamar eram filhos de Davi com Maaca, filha de Talmai, rei de Gesur (2 Sm 3.3). Amnom, primogênito de Davi, era filho de Ainoã, a mulher de Jezreel (2 Sm 3.2). De acordo com o uso da forma verbal amou-a, entende-se que o amor de Amnom por sua meia-irmã estava contaminado com paixão e luxúria.

13.2 — E parecia, aos olhos de Amnom, dificultoso fazer-lhe coisa alguma. O casamento entre irmãos ou meios-irmãos era proibido pela lei mosaica (Lv 18.11).

13.3 — Jonadabe era primo tanto de Amnom quanto de Tamar. A palavra em hebraico traduzida como sagaz (hakam) é usada em outras passagens para caracterizar aqueles que são sábios, tecnicamente habilidosos ou experientes.

13.4-6 — Tanto emagreces. O desejo de Amnom por sua irmã o tornou obsessivo; ele adotou um estilo de vida autodestrutivo, que, infelizmente, atingiria outras pessoas. Jonadabe inventou um plano, apontado pela sentença finge-te doente, para atrair a ingênua Tamar para o quarto de Amnom. Fingir estar doente seria uma maneira de receber a solidariedade de Tamar e evitar os protocolos.

13.7-11 — Vai a casa de Amnom, teu irmão. Aparentemente, os príncipes tinham residências separadas. Isto permitiu a Amnom colocar seu plano diabólico em ação sem o conhecimento dos outros membros da família. Ao chegar à casa de seu irmão, Tamar fez bolos diante dos seus olhos. Do quarto, ele podia ver o local onde os bolos estavam sendo preparados.

13.12 — Enquanto os cananeus e os estrangeiros aprovariam tal prática, o incesto era proibido entre os israelitas (Lv 18.9,11;20.17). A palavra loucura traduz um termo (neblâ) usado em inúmeros trechos para se referir a um grave pecado ou a uma ofensa sexual (Gn 34.7; Jz 20.6).

13.13 — A palavra traduzida como loucos está relacionada com o vocábulo traduzido como loucura no versículo 12. Enquanto a Lei proibia o casamento incestuoso (Lv 18.11), esta regra pode nem sempre ter sido estritamente observada, por isso a declaração de Tamar porque não me negará a ti. Também é possível que Tamar tenha feito essa sugestão como uma maneira de escapar do perigo imediato que corria, sem nenhum pensamento real na possibilidade de um casamento.

13.14 — A forçou. Este verbo também pode significar ele a humilhou. Por vezes, vítimas de estupro enfatizam mais a humilhação por que passaram do que a dor física que sofreram.

13.15 — Amnom a aborreceu com grandíssimo aborrecimento. Uma vez satisfeita, a paixão de Amnom, cheia de luxúria, transformou-se em ódio. Provavelmente, também houve certa dose de autodesprezo.

13.16 — As palavras no final deste versículo, porém não lhe quis dar ouvidos, repetem-se no versículo 14.

13.17 — E difícil traduzir o desprezo de Amnom por Tamar. Ao referir-se a ela, Amnom mandou seu servo deitá-la fora num tom que alguém usaria para ordenar que se despejasse o lixo.

13.18 — E trazia ela uma roupa de muitas cores. O significado exato desta frase é debatido; estudos recentes sugerem que ela se refere a um longo vestido com mangas.

13.19 — Tamar tomou cinza sobre a sua cabeça, e a roupa de muitas cores que trazia rasgou. Estes eram sinais tradicionais de tristeza e luto entre os povos do antigo Oriente Médio (Jó 1.20;2.12), bem como pôr as mãos sobre a cabeça (Jr 2.37). Tamar tinha muito a lamentar. Ela havia perdido sua virgindade. Envergonhada por seu próprio irmão, estava praticamente morta, pois a perspectiva de conseguir um casamento e formar uma família estava arruinada.

13.20 — Cala-te [...] Não se angustie o teu coração por isso. As palavras de Absalão pareciam frias e duras. Aparentemente, ele queria evitar um escândalo público. Absalão planejava vingar-se, mas desejava esconder seu plano nesse momento. O termo usado para caracterizar Tamar quando ela vivia na casa de seu irmão Absalão, solitária, é empregado para descrever cidades destruídas e terras arruinadas (Is 6.11). Não temos a menor ideia do destino de Tamar após o ocorrido; nenhuma informação posterior sobre sua vida é encontrada na Bíblia. É provável que ela tenha vivido em desolação, por um período, sob a proteção de Absalão. Tempos depois, este deu à sua filha o nome Tamar (2 Sm 14.27), talvez em homenagem à irmã.

13.21,22 — Davi muito se acendeu em ira com o estupro de Tamar, cometido por Amnom, mas não fez nada para punir seu filho, talvez porque este era o seu primogénito (2 Sm 3.2) e esperavase que ele o sucedesse no trono. Amnom merecia a pena de morte (Lv 20.17).

13.23,24 — Absalão atrasou sua vingança por dois anos inteiros, evidentemente para pegar Amnom desprevenido. Absalão planejou matar seu irmão para vingar o estupro de sua irmã e talvez para aumentar suas chances de reclamar o trono. Tendo cuidadosamente projetado o assassinato de Amnom, Absalão convidou os filhos do rei para um festival de tosquiadores em Baal-Hazor, uma montanha a cerca de 15 milhas ao norte de Jerusalém. Nesta passagem, Efraim não é a tribo, mas uma cidade a aproximadamente duas milhas ao sul de Baal-Hazor (2 Cr 13.19; Jo 11.54).

13.25 — Davi rejeitou o convite, explicando que não queria ser um peso para Absalão, mas o abençoou. Davi queria bem a Absalão. Dado o desfecho da história, a lembrança dessa bênção deve ter sido uma tristeza para Davi (v. 36). 13.26,27 — Para que iria ele contigo? O pedido de Absalão parece ter levantado as suspeitas de Davi. Afinal, Davi sabia sobre a inimizade entre os dois irmãos (v. 22). Todavia, Absalão persuadiu seu pai a permitir que Amnom e o restante dos filhos do rei fossem à celebração.

13.28 — Os servos de Absalão receberam a ordem para atacar Amnom quando o coração dele estivesse alegre de vinho, ou seja, após a bebida ter neutralizado seus sentidos. As palavras não sou eu quem vo-lo ordena? indicam que Absalão assumiria a total responsabilidade pelo assassinato.

13.29 — Temendo por suas próprias vidas, os filhos do rei fugiram, cada um em seu mulo. Esse animal, resultado do cruzamento de um burro com um cavalo, combina o tamanho e a força do cavalo com a estabilidade e a persistência do burro. Embora os israelitas fossem proibidos de criar tais híbridos (Lv 19.19), mulos foram importados por Israel. Eram a montaria favorita da realeza durante esse período (2 Sm 18.9; 1 Rs 1.33).

13.30 — Absalão feriu todos os filhos do rei, e nenhum deles ficou. A notícia que chegou a Davi foi deveras exagerada, o que deve ter sido completamente chocante para ele.

13.31 — Rasgou as suas vestes. Rasgar as roupas era sinal de luto e tristeza (2 Sm 1.11; 13.19).

13.32 — Jonadabe, primo de Amnom e Tamar, ajudou este a planejar o seu encontro com Tamar (v. 3). Siméia era o irmão mais velho de Davi, o terceiro filho de Jessé (chamado de Samá em 1 Sm 16.9; 17.13 e de Siméia em 1 Cr 2.13). Jonadabe sabia que a traição de Absalão vinha sendo preparada desde o estupro de Tamar, cometido por Amnom.

13.33 — Porque só morreu Amnom. Estas palavras de Jonadabe são uma estranha consolação. Era verdade que apenas um dos filhos de Davi estava morto, não todos eles (v. 30). Ainda assim, tratava-se de um dos filhos de Davi, e do mais velho. Além disso, as palavras ditas ao rei, não meta, pois, agora, na cabeça o rei, meu senhor, tal coisa, fazem lembrar o que Absalão dissera à sua irmã traumatizada (v. 20). Este é um pequeno conforto para uma pessoa de luto.

13.34,35 — Absalão fugiu. Esta afirmação é repetida três vezes (v. 37,38) para contrastar a fuga de Absalão com o retorno dos outros filhos de Davi. A expressão o moço que estava de guarda se refere ao vigia que permanecia nos muros da cidade, cujo trabalho era alertar os cidadãos contra os perigos iminentes (Ez 3.17).

13.36 — Choraram. O festival se transformou em lamento. O estupro de uma filha levara ao assassinato de um filho. A desintegração da família de Davi continuou. Os filhos e servos choraram. O rei chorou.

13.37,38 — Talmai era o avô de Absalão e o pai de Maaca, uma das esposas de Davi (2 Sm 3.3). Ele governou como rei da Transjordânia, território de Gesur, a nordeste do mar da Galiléia. A declaração e Davi pranteava a seu filho todos os dias indica que esse luto provavelmente se referia a Amnom, que havia sido morto. Mas, de alguma forma, é ambígua, se compreendida no contexto do exílio de Absalão. Talvez a tristeza de Davi também fosse decorrente do exílio de Absalão, pois este fato foi uma dor intensa para o rei (v. 39).

13.39 — Como o luto de Davi pela morte de Amnom gradualmente diminuiu, o rei Davi cessou de perseguir a Absalão. E provável que Davi quisesse ver Absalão, mas tenha achado inapropriado em meio às circunstâncias ou impossível, devido à distância e aos compromissos reais.