Significado de 2 Samuel 19

Significado de 2 Samuel 19
Significado de 2 Samuel 19

2 Samuel 19
19.1-3 — Então, a vitória se tornou, naquele mesmo dia, em tristeza para todo o povo. A incontrolável expressão de tristeza de Davi devido à morte de seu filho tornou a merecida comemoração da vitória num dia de luto, não tanto por Absalão em si, mas pela angústia que dominou o rei (2 Sm 18.33). A sentença o povo entrou às furtadelas na cidade é uma trágica descrição para o retorno de guerreiros vitoriosos. Como covardes que fugiram do campo de batalha, os soldados de Davi se arrastavam pela cidade de Maanaim (2 Sm 17.27), esperando que não fossem notados.

19.4 — Davi estava com o rosto coberto porque essa era uma expressão de luto (2 Sm 15.30). Suas palavras, meu filho, meu filho, que eram tão emocionantes quando anunciadas primeiro (2 Sm 18.33), começaram a soar de modo irritante quando repetidas muitas vezes.

19.5,6 — Envergonhaste a face de todos os teus servos. Joabe argumentou que, ao honrar seu filho rebelde e negligenciar seus soldados leais, Davi envergonhara e constrangera aqueles que o tinham servido tão bem. As palavras os que te aborrecem se referem, literalmente, a aqueles que te odeiam, e os que te amam, a aqueles que te amam. O termo capitães alude aos capitães do exército.

19.7 — A sentença e fala conforme o coração de teus servos pode ser entendida como falar ao coração. Davi teria de dizer palavras de encorajamento, se ele esperava que suas tropas continuassem a apoiar sua liderança.

19.8 — A porta era o primeiro lugar de encontro nas cidades antigas. Então, todo o povo veio apresentar-se diante do rei. Embora não tivesse sido diretamente estabelecido, o contexto indica que Davi seguiu o conselho de Joabe, expressando apreço às suas tropas fiéis e aos seus seguidores leais. Porém Israel fugiu cada um para as suas tendas. Esta observação aponta que a rebelião terminou e os apoiadores de Absalão retornaram para suas casas.

19.9,10 — O movimento para restituir o poder a Davi não era unânime. Alguns israelitas pensavam que, porque o rei havia fugido da terra, ele perdera o direito de reinar. Também pode ter havido o medo de que Davi quisesse vingar-se daqueles que deram apoio a Absalão.

19.11 — Zadoque e Abiatar eram sacerdotes que haviam permanecido em Jerusalém, a pedido de Davi, durante a rebelião (2 Sm 15.24-29). Os anciãos de Judá estavam relutantes em chamar o rei de volta para Jerusalém talvez por terem tomado parte na rebelião de Absalão (2 Sm 15.10,11). Davi pediu aos seus amigos, os sacerdotes, que começassem o movimento de convidá-lo a retomar ao trono. Aparentemente, ele não queria voltar para Jerusalém sem o apoio público ao seu governo.

19.12 — A denominação meus irmãos se refere aos anciãos de Judá (v. 11). Davi sabia que precisava do apoio de sua própria tribo e de seus respectivos líderes para reassumir o governo sobre a nação. Sem o total apoio deles, não haveria esperança para a reassunção de seu reinado.

19.13 — Amasa, sobrinho de Davi, havia comandado o exército de Absalão (2 Sm 17.25). Davi lhe ofereceu o cargo de Joabe como chefe das tropas. Esta oferta tinha o objetivo de assegurar a aliança de Amasa e do exército rebelde, bem como de disciplinar Joabe por matar Absalão, contra as ordens de Davi (2 Sm 18.14,15).

19.14 — Os atos diplomáticos de Davi foram efetivos, e ele foi convidado a retornar como rei. O fato de Davi ser um ungido do Senhor significava que Deus lhe asseguraria a reassunção do trono. Mas Davi não podia simplesmente esperar no exílio, numa terra estranha. Ele tinha de agir crendo que Deus continuaria a cumprir Sua vontade.

19.15 — Gilgal, o primeiro lugar em que os israelitas acamparam após terem atravessado o Jordão (Js 4.19,20), ficava cerca de 1,6 Km de Jericó.

19.16 — Simei, que havia amaldiçoado Davi quando este foi forçado a sair de Jerusalém, sem dúvida, temeu que o rei o punisse devido ao seu comportamento ultrajante (2 Sm 16.5-8). Simei se apressou em encontrar Davi para que pudesse corrigir-se.

19.17 — Mil varões de Benjamim. Este grande contingente era um sinal muito bom para Davi de que as antigas hostilidades com a família de Saul haviam finalmente acabado. Ziba e seus filhos ficaram no Jordão para ajudar Davi e sua família a atravessar, passaram o Jordão adiante do rei.

19.18 — Outra interpretação para barca é balsa, contendo a ideia de que “eles atravessaram no ponto mais raso do rio”.

19.19 — Tão perversamente fez teu servo. A confissão de Simei mostrou arrependimento e tristeza genuínos. Ele não inventou desculpa alguma, não se justificou nem tentou explicar-se (compare com o comportamento de Saul em 1 Sm 13.11,12; 15.20,21).

19.20 — A designação casa de José às vezes era empregada para se referir às tribos do norte (SI 78.67; Ez 37.16) desde Efraim, a tribo do filho de José (Gn 48.5,13-20), que era a maior e mais poderosa da região.

19.21 — A bisai mais uma vez (2 Sm 16.9,10) pediu a morte de Simei por amaldiçoar um ungido de Deus (2 Sm 23.1).

19.22,23 — Que tenho eu convosco...? Frequentemente, Davi tinha de acalmar o impetuoso espírito de seu sobrinho (2 Sm 16.10). O rei havia poupado a vida de Simei antes por este o ter amaldiçoado; desta vez, Davi o fez novamente, por causa do arrependimento de Simei. A anistia garantida a este homem, não morrerás, estava condicionada, aparentemente, à sua contínua lealdade.

Pouco antes de Davi morrer, ele ordenou que Simei fosse morto por Salomão (1 Rs 2.8,9,36-46). O próprio Davi não pôde condenar Simei à morte por causa de seu juramento; porém, o filho do rei poderia fazer isso se houvesse um motivo para tal.

19.24,25 — Mefibosete era filho de Jônatas e neto de Saul (2 Sm 4.4;9.1-13). Ziba disse que Mefibosete, no tumulto da revolta de Absalão, buscou promover a causa de Saul (2 Sm 16.1-4). A negligência de Mefibosete em cuidar-se — não tinha lavado os pés — deve ter sido chocante. Ele pretendia que sua aparência física fosse um sinal de tristeza pela ausência de Davi.

19.26-31 — Mefibosete reclamou que Ziba havia se aproveitado da situação, uma vez que ele não era capaz de selar e montar um jumento sem ajuda. Falsamente acusou o teu servo diante do rei. Neste ponto, Davi se deparou com um dilema. Quem estava dizendo a verdade — M efibosete ou Ziba?

Ao perguntar a Mefibosete por que ainda falas mais de teus negócios?, Davi achou que o assunto era muito complexo para chegar a uma conclusão. Então, o rei sugeriu: reparti as terras. Dessa forma, tanto Ziba como Mefibosete receberiam uma provisão generosa (2 Sm 16.14). As palavras finais de Mefibosete, tome ele também tudo, indicavam sua submissão à decisão de Davi.

19.32-34 — Mui velho. Apesar de ter 80 anos, Barzilai provou ter sido de extraordinária ajuda para Davi quando este permaneceu exilado. Esta foi uma oportunidade para Davi retribuir a bondade desse homem. Barzilai não precisava de dinheiro, pois era mui rico. A oferta de Davi de dar-lhe uma pensão estava baseada na amizade leal de Barzilai para com o rei.

19.35,36 — Poderia eu discernir entre o bom e o mau? Não havia qualquer contraste entre a oportunidade que Davi ofereceu a Barzilai e a presente situação deste em Maanaim. Que diferença real a mudança faria na vida de Barzilai, uma vez que ele estava muito velho para usufruir dos prazeres da corte? Por ir um pouco além do Jordão com Davi, Barzilai realizou sua obrigação como um gracioso anfitrião.

19.37,38 — Quimã foi posteriormente identificado pelo historiador Josefo como filho de Barzilai (1 Rs 2.7). Em virtude de seu amor por Barzilai, Davi prometeu auxiliar Quimã, dizendo e tudo quanto me pedires te farei. Esta foi uma provisão parecida com a que Davi dera a Mefibosete, por causa de seu amor por Jônatas (cap. 9).

19.39,40 — O termo todo é figurativo. Significa que, como um todo, Judá apoiou Davi. A palavra metade quer dizer que o povo de Israel estava menos entusiasmado.

19.41,42 — Porque te furtaram nossos irmãos...? O povo de Israel estava aborrecido com o fato de os apoiadores de Davi em Judá terem se esforçado mais para conduzir o rei de volta do exílio à Transjordânia. Os homens de Judá sinalizaram que, embora tivessem uma relação com Davi por pertencerem à mesma tribo, eles nunca tinham levado vantagem por sua posição privilegiada.

19.43 — O povo de Israel estava clamando por uma parte maior no reinado de Davi, já que o território do norte de Israel era formado por dez tribos. A palavra dos homens de Judá foi mais dura do que a palavra dos homens de Israel. Esta amargura entre as tribos de Israel e a tribo de Judá finalmente levaria à divisão da nação quando Salomão, o filho de Davi, morresse (1 Rs 12). Na situação presente, ameaçava irromper uma guerra civil, que aconteceria sob a liderança de Seba (cap. 20).