Significado de Josué 9

Josué 9

Josué 9 relata o engano dos gibeonitas, uma cidade vizinha de Cananeu, ao astuciosamente assegurarem um tratado com os israelitas. Ao saber das vitórias dos israelitas, os gibeonitas temem por sua segurança e recorrem a um plano para preservar suas vidas. Disfarçando-se de viajantes de uma terra distante, eles abordam Josué e os líderes israelitas, alegando que vieram de uma região distante e solicitando um tratado de paz.

Apesar de seu ceticismo inicial, Josué e os líderes falharam em consultar a Deus ou buscar Sua orientação antes de firmar um tratado com os gibeonitas. Depois de três dias, eles descobrem a verdadeira identidade dos gibeonitas e sua proximidade. Embora irritados com o engano, Josué e os líderes mantêm seu tratado, poupando a vida dos gibeonitas.

O capítulo termina com os gibeonitas se tornando servos dos israelitas, encarregados de fornecer madeira e água para o tabernáculo. Seu destino está selado devido ao juramento feito em nome do Senhor.

Josué 9 destaca a importância de buscar a orientação de Deus na tomada de decisões e as consequências de confiar apenas no julgamento humano. A falha dos israelitas em consultar o Senhor leva a um acordo com os gibeonitas, apesar de seu engano. Este episódio serve como um alerta, demonstrando a necessidade de discernimento e busca da sabedoria divina mesmo diante de situações aparentemente simples.

Comentário de Josué 9

Josué 9:1, 2 Os reis cananeus uniram-se para se opor a Israel. Entretanto, o texto não diz se tal coalizão de fato lutou contra o povo de Deus, pois desaparece de cena após o versículo 2. Seis grupos étnicos de Canaã, frequentemente mencionados juntos (Js 3.10), são listados aqui. Por outro lado, Deus disse a Israel para destruir tais nações. Ele não queria que Seu povo se tornasse aliado de tais pessoas sob nenhuma circunstância (Ex 23.28-33; Dt 7.1-5; 20.16-18).

Josué 9:3 Gibeão estava relativamente perto de Ai e a cerca de 10 km a noroeste de Jerusalém. O local é conhecido principalmente pela astúcia de seus habitantes descrita neste capítulo.

Josué 9:4-6 Os gibeonitas simularam que haviam percorrido uma grande distância, como se tivessem vindo de uma terra distante. Sabiam que Israel podia fazer tratos com cidades que ficavam muito longe dele (Êx 34.11, 12; Dt 20.10-18). Assim, caso a declaração feita pelos indivíduos de Gibeão no versículo 6 fosse verdadeira, o acordo que os israelitas fizeram com eles seria autorizado. Um concerto era um trato legal. O fraseado literal em hebraico quer dizer cortar um pacto, o que pode aludir ao antigo costume de sacrificar um animal para ratificar o acordo (Gn 15.10).

Josué 9:7 As pessoas de Gibeão eram chamadas de heveus e estavam entre os povos que deveriam ser destruídos (Êx 34.11; Dt 20.17). Israel não deveria ter feito um trato com elas. Este versículo mostra que inicialmente os filhos de Israel suspeitaram dos gibeonitas.

Josué 9:8 Em outras palavras, a expressão quem sois vós e donde vindes? quer dizer literalmente de onde vocês estão vindo? Uma minuciosa interpretação das palavras dos gibeonitas no versículo 6 e das de Josué no versículo 8 revela as diferenças de percepção da situação. Os gibeonitas declararam que vieram de uma terra distante, e a forma como expressaram isso fez com que ficasse claro que, na mente deles, já haviam chegado ao seu destino, isto é, chegaram de uma terra distante. Quando Josué os interroga, o jeito com que se exprime deixa transparente que ele acredita que os viajantes estavam meramente passando por ali. Podemos parafrasear suas palavras como: “De onde vocês estão vindo que passaram por aqui?” A astúcia dos gibeonitas estava funcionando: seu único (e secreto) destino era o acampamento israelita, mas Josué acreditou que eles estavam apenas de passagem rumo a outro lugar.

Josué 9:9, 10 A fama das vitórias dos israelitas havia chegado aos ouvidos dos gibeonitas, da mesma forma que também circulou anteriormente entre os habitantes de Jericó (Js 2.9, 10).

Josué 9:11-14 Os israelitas tomaram da provisão dos gibeonitas a fim de examiná-la e confirmar as palavras dos indivíduos de Gibeão. Significativamente, os israelitas não pediram conselho à boca do Senhor, contrariando as explícitas instruções divinas a Josué (Nm 27.21). A confirmação da alegação dos gibeonitas se deu puramente por conta e iniciativa dos israelitas. O erro por parte de Israel não foi tão grave porque os israelitas foram enganados, mas o fato é que eles não consultaram o Senhor. De forma parecida, muitos cristãos encontram-se em dificuldades ou em circunstâncias desastrosas porque apressam-se em tomar uma decisão sem consultar adequadamente o Senhor, Suas Escrituras e Seu povo em busca de orientação.

Josué 9:15 E Josué fez paz com eles [gibeonitas] e fez um concerto com eles. O ajuste feito mencionado neste versículo tem muito em comum com os antigos tratados típicos do Oriente Médio. O grupo subordinado faz um acordo com a parte que tem mais poder, a fim de obter proteção. Sua natureza vinculante (v. 18) forma a base para as ações tomadas em Números 10.1, 2, quando os gibeonitas encontravam-se ameaçados por uma coalizão cananeia e apelaram para a ajuda dos israelitas.

Josué 9:16-21 A fraude é descoberta, e os gibeonitas são confrontados. Apesar da artimanha dos indivíduos de Gibeão, Israel foi, no entanto, vinculado pelo juramento. A seriedade da questão é enfatizada nos versículos 18 a 21. Contudo, a congregação ficou furiosa com seus líderes por terem feito tal coisa, mas estes estavam com suas mãos atadas por causa da palavra no acordo feito com os gibeonitas. Tudo isso é estabelecido de forma explícita e em detalhes que se repetem.

Josué 9:17-19 Cefira, Beerote e Quiriate-Jearim são todas cidades perto de Gibeão. As duas primeiras ficavam nas terras da tribo de Benjamim (js 18.25, 26), e a terceira localizava-se em sua fronteira (Js 18.14, 15).

Josué 9:20-23 O ato de jurar ou fazer uma promessa era uma questão solene (as palavras hebraicas que correspondem a prometer e ajuramento originam-se da mesma raiz, shaba'). Por isso, os príncipes prometeram dar vida aos gibeonitas pelo juramento que já lhes temos jurado. Prestar um juramento consistia em ser fiel à palavra dada, não quebrar a promessa feita, para que se cumprisse o que fora prometido. De tempos em tempos, até mesmo Deus jura por si mesmo e por Sua santidade (Gn 22.16-18; Sl 89:35; Jr 44-26). Jurar em falso era um pecado grave (Hz 17-16-21; Zc 5.3, 4; Ml 3.5). Por causa da natureza sagrada e inquebrável de um juramento, este pacto que os israelitas fizeram com os gibeonitas não poderia ser revogado, mesmo que tenha sido realizado sob falsos fundamentos.

Josué 9:24-26 As notícias que chegaram até os gibeonitas acerca dos israelitas (v. 3) os assustaram de tal forma que eles tramaram toda a farsa. As palavras que usam — foi anunciado aos teus servos — carregam o testemunho dos grandes eventos de Êxodo, que não foram esquecidos mesmo depois de passados 40 anos dos acontecimentos (Dt 1-3).

Josué 9:27 A expressão no lugar que escolhesse é particularmente importante neste versículo. Ela indica que os gibeonitas deveriam servir apenas em lugares sancionados de adoração israelita e não naqueles cananeus. Até que o templo de Jerusalém fosse construído, tais centros incluíam Siló (Js 18.1Ve Gibeão (1 Cr 16.39).

A expressão até o dia de hoje (também encontrada em Js 4.9; 5.9; 7.26; 8.29) mostra que os gibeonitas continuaram tal serviço por certo tempo, embora o fato não seja especificamente mencionado novamente no Antigo Testamento. Podemos observar que, por causa do engano deste pacto, as pessoas foram levadas a aproximar-se da verdadeira adoração do Deus vivo, que é capaz de transformar as piores situações em algo bom. Sem dúvida alguma, muitos gibeonitas que vivenciaram esta experiência vieram a ter fé em Deus e tornaram-se Seus adoradores.

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