Significado de Josué 4

Josué 4

Josué 4 continua a narrativa da travessia dos israelitas do rio Jordão para a Terra Prometida. Após a passagem milagrosa do povo pelo rio, Josué ordena a doze homens, um de cada tribo, que cada um pegue uma pedra do leito do rio onde os sacerdotes estavam com a Arca da Aliança. Essas pedras são carregadas para seu acampamento em Gilgal, criando um memorial para significar a poderosa intervenção de Deus em sua jornada.

As doze pedras são colocadas como um memorial em Gilgal, servindo como um lembrete visual para as futuras gerações de israelitas. Josué explica que quando seus descendentes perguntarem sobre o significado dessas pedras, a história de Deus abrindo o rio Jordão será contada, reforçando a narrativa da fidelidade de Deus e ações milagrosas em favor deles.

O capítulo destaca a importância de lembrar os feitos de Deus e transmitir a fé às gerações futuras. As pedras memoriais em Gilgal tornam-se um símbolo da aliança de Deus com Israel e Sua orientação ao longo de sua história. Josué 4 enfatiza a importância de refletir sobre a fidelidade de Deus e compartilhar essas histórias para fortalecer a fé e a identidade da comunidade israelita.

Comentário de Josué 4

Josué 4.1-9 Esta passagem bíblica é demarcada pelas referências aos sacerdotes que carregavam a arca e que ficaram parados no meio do Jordão até que a travessia fosse finalizada (Js 3.17; 4.10). Ela introduz a importante ideia de fazer e observar os memoriais do que Deus fizera.

Josué 4.1-3 As doze pedras (uma pedra por tribo) marcariam o lugar onde Deus realizou Seu maravilhoso milagre de parar as águas do rio Jordão, a fim de que os israelitas pudessem atravessá-lo. As pedras lembrariam os israelitas do grande acontecimento e serviriam como motivo de início de conversa, à medida que seus filhos perguntassem oque simbolizavam (v. 6, 21).

Josué 4.4-6 O termo hebraico correspondente a sinal ('ôt) pode significar milagre (Êx 7.3), mas aqui indica um marco, memorial. A mesma ideia é encontrada em Êxodo 12.13, 14 e 13.8, 9, onde há instruções para a celebração da Páscoa e da Festa dos Pães Asmos. Tais festividades eram sinais para os israelitas e seus filhos de que Deus miraculosamente os libertara do Egito. Quando vossos filhos no futuro perguntarem, dizendo: Que vos significam estas pedras? Este trecho bíblico mostra que as pedras, inevitavelmente, fariam com que os mais jovens perguntassem acerca dos memoriais, da mesma forma que aconteceria com as celebrações da Páscoa e dos Pães Asmos. Tais questionamentos abririam espaço para a instrução (Êx 12.26, 27; 13.8). Um importante princípio é revelado aqui. Além da recordação das divinas obras benevolentes de Deus em nossa vida, também se faz necessário que este conhecimento seja transmitido aos nossos filhos (Dt 6.20-24).

Josué 4.7 Memorial. A mesma palavra (hb. zikkarôn), junto com o termo sinal, é encontrada na conexão com a Páscoa e a Festa dos Pães Asmos (Êx 12.14; 13.9).

Josué 4.8 Fizeram, pois, os filhos de Israel. Esta frase comprova que uma característica padrão das narrativas hebraicas é a repetição. Este versículo repete quase textualmente as instruções dadas no versículo 5. Longe de ser um traço prosaico do estilo narrativo primitivo, tais repetições representam um sofisticado artifício literário. De forma frequente, este recurso mostra que as instruções, geralmente as de Deus ou de Seus representantes, foram realizadas de forma cirúrgica, isto é, literalmente.

O padrão é que um personagem na história dê as instruções e o narrador confirme, usando as mesmas palavras que os comandos executados. A frase como o Senhor dissera a Josué sanciona a obediência dos israelitas ainda mais profundamente. Este dispositivo literário é usado para enfatizar a importância da submissão às palavras de Deus.

Josué 4.9 É possível que tenha havido duas pilhas de pedras memoriais, uma erguida pelo povo nos bancos do rio Jordão (v. 8) e uma levantada por Josué no meio do rio (v. 9), a qual seria visível com o nível de água baixo. Entretanto, o texto hebraico da primeira parte do versículo 9 (Levantou Josué também doze pedras) sugere que a atividade descrita aqui aconteceu mais cedo, e poderia ser melhor traduzido como levantara Josué também doze pedras. Assim, deduzimos que ele ergueu as pedras no Jordão antes de o povo cruzá-lo, e, então, após a travessia, as pessoas teriam levado as pedras para fora do rio (v. 5, 8) e as teriam erigido na outra banda do Jordão. É por isso que o versículo 8 estabelece que as pessoas pegaram as pedras do meio do Jordão, pois sugere que estas foram as pedras que Josué ergueu lá (v. 9).

Josué 4.10-14 Este trecho bíblico começa e termina fazendo referências a Moisés. Mostra como este profeta estava relacionado a Josué e ratifica a condição merecida do seu sucessor como novo líder. A ênfase dos versículos é sobre a importância da obediência de todos às palavras de Deus e aos líderes de Israel.

Josué 4.10 Apressou-se o povo e passou. Esta expressão serve como um lembrete, considerando que as referências bíblicas de Josué 3.17 e 4-1 já haviam estabelecido que a travessia fora terminada. O propósito é olhar para trás e refletir sobre a obediência do povo.

Josué 4.11 Os sacerdotes que estavam parados no solo seco no meio do rio (Js 3.17) finalmente puderam atravessá-lo com a arca. Isso prefigura a passagem mais detalhada acerca da saída dos sacerdotes da água no versículo 18.

Josué 4.12 Os homens das tribos da Transjordânia fizeram exatamente como Moisés lhes tinha dito, isto é, agiram em obediência direta às instruções que Moisés dera quando Israel ainda estava nas planícies de Moabe (Nm 32.20-22; Dt 3.18-20).

Josué 4.13 O número total de guerreiros de Rúben, Gade e metade de Manassés foi 40 mil, muito inferior ao listado em Números 26, onde se afirma que só os rubenitas somavam 43.730 pessoas (Nm 26.7). Explica-se: os 40 mil mencionados em Josué 4.13 representavam, provavelmente, uma porção dos guerreiros das três tribos. Já em Números 26, englobavam-se as mulheres, as crianças e os idosos.

A referência a Jericó antevê os acontecimentos dramáticos que se seguem no capítulo 6. Jericó estava a 9 km a oeste do Jordão e a 16 km a noroeste da extremidade norte do mar Morto. Ficava próximo a uma grande fonte de água doce, a cerca de 250 m abaixo do nível do mar.

Josué 4.14, 15 Naquele dia, o Senhor engrandeceu a Josué. Mais uma vez, Deus reafirmou o lugar de Josué como sucessor de Moisés (Js 1.5, 17; 3.7). Neste contexto, as palavras temeram-no do versículo 14 indicam respeito, reverência ou admiração, e não medo. Os israelitas obedeceram a Josué da mesma maneira que fizeram com Moisés.

Josué 4.16, 17 A palavra hebraica correspondente a Testemunho também pode significar lembrete, e é usada em Êxodo 31.18 para fazer referência às tábuas nas quais os Dez Mandamentos foram escritos, as duas tábuas do Testemunho. Entretanto, menciona-se as tábuas do concerto em Deuteronômio 9.11. Isso mostra que testemunho e concerto são ideias intimamente relacionadas. Logo, a arca é chamada de arca do Testemunho porque continha as duas tábuas de pedra nas quais estavam registrados os Dez Mandamentos (Êx 40.20; Dt 10.1-5).

Josué 4.18 Este versículo é o espelho de Josué 3.15. Isso conclui claramente o episódio miraculoso, e mostra as forças da natureza voltando ao seu curso natural. Também nos lembra do caráter maravilhoso do milagre divino da cessação das águas.

Josué 4.19 A travessia do Jordão se deu no dia dez do mês primeiro, isto é, no mês de Nissan (Abibe), o que corresponde a março/abril. Este era um dia importante porque coincidia com o dia em que se separava o cordeiro (Êx 12.3). Isso prefigura a observância da Páscoa em Josué 5.10, no décimo quarto dia do mês, quando o animal era, de fato, sacrificado (Êx 12.6, 18).

A localização de Gilgal é incerta. O lugar ficava em algum ponto a leste de Jericó, no vale do Jordão. Em Gilgal, os israelitas celebraram vários cerimoniais religiosos, incluindo a circuncisão e a Páscoa (cap. 5). Lá também foram erguidos um santuário e um altar para Deus (Js 9.23, 27).

Josué 4.20 As pedras que os israelitas trouxeram do rio Jordão foram erguidas permanentemente em Gilgal.

Josué 4.21-24 As 12 pedras eram um memorial para o povo e para seus filhos, conforme foi estabelecido anteriormente (v. 6, 7). A travessia do Jordão apresenta muitas semelhanças com a travessia do mar Vermelho. O texto deixa isso claro em Josué 4.23.

O milagre foi realizado com um propósito maior do que a mera transposição do rio Jordão pelos israelitas. Também foi um sinal do poder de Deus para todas as pessoas. Daí a expressão: para que todos os povos da terra conheçam. Na verdade, os habitantes de Jericó já haviam ouvido falar de quão grande era o Deus de Israel (Js 2.10, 11).

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