Significado de Josué 24

Josué 24

Josué 24 apresenta o discurso final de Josué aos israelitas antes de sua morte. Ele reúne o povo e recorda-lhe a sua história, desde as origens de Abraão até à conquista da Terra Prometida. Ele relata como Deus os guiou, protegeu e providenciou fielmente ao longo de sua jornada.

Josué desafia o povo a fazer uma escolha — servir aos deuses de seus ancestrais ou ao Senhor que os tirou do Egito e lhes deu a terra. Ele declara seu próprio compromisso de servir ao Senhor e encoraja o povo a fazer o mesmo.

Os israelitas respondem com a promessa de servir ao Senhor, reconhecendo Sua supremacia e fidelidade. Josué então ergue uma pedra como testemunha de seu compromisso e os lembra da seriedade de sua promessa. O capítulo termina com a morte de Josué e o enterro de seus restos mortais.

Josué 24 serve como um chamado poderoso à lealdade e ao compromisso. Ele destaca a importância de escolher servir a Deus e a responsabilidade que vem com essa escolha. O capítulo também destaca a importância de lembrar sua história e a fidelidade de Deus para permanecerem firmes em sua devoção. A mensagem final de Josué prepara o terreno para a jornada contínua dos israelitas enquanto eles continuam a defender a aliança e cumprir seu papel como o povo escolhido de Deus.

Significado

24:1-13 Este trecho bíblico recapitula a benevolente provisão de Deus para com Seu povo. Os versículos 1 e 2 indicam a natureza mais formal deste capítulo, visto que os líderes se apresentaram diante de Deus para ouvir o discurso de Josué, introduzido pela tradicional fórmula poética: Assim diz o Senhor, o Deus de Israel.

24:1 Siquém é um lugar com uma antiga tradição de importância religiosa e de formação de alianças em Israel, e que remete aos dias de Abraão (Js 8.30-35; Gn 12.6; 33.18-26; 34.1-31; 37.12-17; Dt 11.26-32; 27.1-26; Jz 9.31-57). Escavações arqueológicas descobriram uma série de templos, santuários e pedras cerimoniais erguidas de quase todos os períodos de sua existência.

Após os detalhes anteriores relativos às festas e assembleias anuais, e todas as coisas preparadas para o serviço do tabernáculo, ele passa a lembrar os israelitas de executar as ordens antes dadas, sobre fornecer a cargo público todos os materiais para o serviço diário; e, em particular, uma quantidade suficiente de óleo para as lâmpadas do castiçal de ouro, que deveriam queimar continuamente no lugar santo sem o véu, os sacerdotes em espera sendo obrigados a manter este castiçal limpo e puro, e a preparar e fornecer as lâmpadas manhã e noite.

24:2-4 A princípio, os ancestrais de Israel não adoraram ao Deus vivo. Até que o Senhor os tivesse chamado, Abraão e seus parentes serviram a outros deuses (Gn 31.1-4, 19, 34, 35), foram meros idólatras. O Senhor elegeu Abraão e Sara para constituírem Seu povo especial por razões só conhecidas por Ele. De forma parecida, não é porque possuímos algo maravilhoso dentro de nós que Ele se achega até nosso ser, mas sim por causa de Seu amor, Sua soberania e de Sua benevolente vontade.

24:5-9 A recapitulação de Deus de Suas benevolentes ações em favor de Seu povo (v. 2-5) incluía a geração de Josué. Deus não apenas se fez conhecido em tempos passados, mas também trabalhou poderosa e benevolentemente para o povo dos dias de Josué. Os cristãos de hoje fazem parte de uma longa linhagem de pessoas de fé (Hb 11).

24:10 Para a história completa sobre Balaão, veja Números 22—24:

24:11, 12 Deus usou vespões para auxiliar Israel no cumprimento da promessa de Êxodo 23.28. O vespão pode ser: (1) um simbolismo do faraó do Egito, cujos emblemas eram a abelha e a vespa; (2) uma alegoria do terror e do pânico de Deus dentre os cananeus (Js 2.9-11, 24; 5.1; 6.27; Ex 15.14-16) ou (3) vespões de verdade. Qualquer que seja o caso, o fato é que Deus lutou por Israel. As vitórias vinham do Senhor e não dependiam do poder militar que Israel possuía nas mãos.

A expressão ambos os reis faz referência a Seom e Ogue, os quais foram derrotados por Israel no deserto (Nm 21.21-35). A espada e o arco são mencionados em conexão com a primeira tomada de Siquém por Jacó (Gn 48.22).

24:13 A expressão eu vos dei a terra em que não trabalhastes confirma o cumprimento das promessas transmitidas por Moisés em Deuteronômio 6.10, 11. A terra era o benevolente presente de Deus para Seu povo.

24:14-28 Após tudo que o Senhor fez em prol de Israel, que vai de livramentos e provisões à concessão de uma terra fértil, a melhor forma de retribuir a benevolente conduta de Yahweh era renunciar a todos os outros deuses e seguir a Deus. O próprio exemplo de Josué em ser fiel ao Criador ajudaria o povo a compreender isso. A resposta do povo após ser lembrado por Josué do cumprimento das promessas do Senhor sobre aquela nação foi a do compromisso, mesmo depois de o líder de Israel tê-lo avisado das consequências de tal comprometimento. Os israelitas ratificaram a aliança com Deus e foram para as suas propriedades.

24:14, 15 As palavras de Josué nestes versículos contêm um raro apelo para que Israel escolhesse entre Deus e os muitos falsos substitutos. Caso o povo não optasse por Deus, escolheria entre os deuses que seus ancestrais serviram ou os deuses dos amorreus (isto é, os cananeus). E claro que tal apelo é retórico. Da perspectiva do Senhor havia apenas uma opção. Com suas palavras famosas, Josué depôs, de forma clara e inequívoca, a favor de Deus. Assim, ele exibiu as perfeitas ações de um líder, estando disposto a seguir em frente e comprometer-se com a verdade apesar das inclinações do povo. O enfático exemplo de Josué, sem dúvida, encorajou muitos a seguirem as afirmações dos versículos 16 a 18.

24:16-18 Em resposta à declaração de Josué, o povo reconheceu seu débito com o Senhor por causa de todas as benesses recebidas por Ele. Este era um ponto crucial. Somente a partir do momento em que os israelitas se lembrassem do que Deus fizera por eles, inclinar-se-iam a servi-lo. Moisés dissera isso muitos anos antes (Dt 8.11-17).

24:19-21 Logo após Josué aconselhar os israelitas a servirem a Deus (v. 14), ele declarou: não podereis servir ao Senhor, porquanto é Deus santo, é Deus zeloso, que não perdoará a vossa transgressão nem os vossos pecados. O uso desta expressão exagerada destaca a gravidade da obrigação com a qual as pessoas estavam se comprometendo. A fé delas não poderia ser pequena e superficial. A história subsequente mostra que as atitudes de Israel eram insatisfatórias nesta questão. O convite de Josué também vale para os cristãos. Embora a salvação seja o dom gratuito de Deus àqueles que reconhecem o sacrifício de Jesus, seguir a Cristo verdadeiramente não é uma tarefa fácil (Js 16.24; Jo 1.12; 1 Co 15.1-5).

24:22-27 Josué e o povo selaram a aliança de servir a Deus quando escreveram as palavras no livro da Lei de Deus e no momento em que erigiram uma grande pedra debaixo do carvalho, a mesma árvore que Jacó encontrou quando veio a Siquém. Esta árvore ficava perto do santuário do Senhor, o qual, provavelmente, não era uma construção regular ou um templo, mas um lugar sagrado criado em Siquém ao levar o tabernáculo para lá. A referência às pessoas apresentando-se diante de Deus (v. 1) pode indicar que o tabernáculo estava lá. A pedra debaixo do carvalho funcionava como um lembrete legal ou testemunho de que a aliança fora assumida pelas pessoas. Agora, a pedra e o povo eram ambos as testemunhas. Isso reflete a função do altar construído pelas tribos que estavam assentadas a leste do Jordão, que também era um testemunho (Js 22.34). Uma grande pedra erguida, que data da época final da idade do Bronze (isto é, mais ou menos a época em que se passa essa história), foi encontrada em Siquém, e pode ser a pedra aqui mencionada.

24:28 Quando Josué dispensou os israelitas, cada um foi para sua herdade [propriedade, n v i]. Isto fecha adequadamente a segunda parte deste livro.

24:29-33 Os três funerais indicam o fim de eras: Josué e Eleazar, respectivamente o líder e o sacerdote do povo, eram as últimas conexões diretas com o Egito. José representava a distante ligação com o Egito e com as promessas dos patriarcas.

24:29 A primeira referência a Josué como o servo do Senhor mostra visivelmente o quanto Josué prosperou na missão que herdou de Moisés. Agora, o livro fecha um círculo completo, pois, quando rememoramos Josué 1.1, vemos Moisés como servo do Senhor e Josué na condição de mero assistente.

24:30, 31 Josué foi sepultado em sua própria terra, na cidade que ele pedira e construíra, Timnate-Sera (Js 19.50). As antigas versões gregas possuem uma prolongada e fascinante adição no versículo 30, que estabelece que Josué teria sido colocado no túmulo junto às facas de pederneira com as quais ele havia circuncidado os egípcios anos antes, e que estariam lá até os dias de hoje.

24:32 Esta breve passagem acerca da transferência do corpo de José, do Egito para Canaã, registra o cumprimento das palavras de José proferidas centenas de anos antes (Gn 50.24, 25).

24:33 Eleazar, o sumo sacerdote, participou de forma proeminente na distribuição da herança. Aqui, ele também recebe um funeral adequado em sua própria terra.

Notas Adicionais:

24:3
no Tabernáculo, em frente à cortina interna que protege a Arca da Aliança: Literalmente na Tenda do Encontro, fora da cortina interna do Testemunho; veja Êxodo 26:31-33; veja também notas em Lv 1:1; 4:6; 16:13.

24:5 Tradicionalmente chamado de “pão da proposição” (KJV), doze pães (veja Êx 25:30) deste pão achatado, o “Pão da Presença”, deveriam ser colocados na mesa no Santo Lugar a cada sábado (Êx 24:30). 25:23-30). Este pão era considerado parte da porção das ofertas do sacerdote. Davi e seus homens comeram este pão enquanto fugiam de Saul (1 Sm 21:1-6; veja Mt 12:1-8). quatro quartos: hebraico 2/10 de um efa [4, 4 litros].

24:7 Uma vez que uma porção deste pão deveria ser queimada como uma oferta representativa (veja 2:2), teria sido feita sem fermento (isto é, sem fermento; veja 2:11).

24:10-23 Um grande grupo de não-israelitas, incluindo outros povos semitas, bem como egípcios, saiu do Egito com Israel (Êx 12:38). Entre eles estava um homem de ascendência mista, cuja mãe era israelita e cujo pai era egípcio. Uma discussão irrompeu entre o homem e um israelita de sangue puro. Na briga, o homem meio egípcio amaldiçoou verbalmente o israelita, usando o nome de Deus de maneira irreverente.

24:11 blasfemou... com uma maldição: Nos tempos bíblicos, um nome era mais do que um meio de identificação; representava o caráter, a reputação e a origem de uma pessoa. Deus é santo e deveria ser considerado santo em toda a vida de Israel (veja 10:3). Os israelitas foram instruídos a tratar o nome de Deus com reverência (Êx 20:7). Usar seu nome em uma maldição refletia uma atitude pecaminosa em relação ao próprio Deus (24:15), e merecia a morte (24:13-16). A redação do texto hebraico é muito forte: são usados ​​dois verbos que significam “maldição”, um que indica um tipo mais formal de maldição, o outro uma expressão blasfema ou irreverente. Os dois termos são sinônimos em 24:15-16. o Nome do Senhor (literalmente o Nome; também em 24:16): O texto hebraico se refere simplesmente ao “Nome” para refletir cuidado e reverência pelo nome de Deus.

24:14 Aqueles que ouvissem um blasfemo amaldiçoar deveriam impor as mãos sobre a cabeça dele. Isso indicava sua própria inocência ao transferir simbolicamente a culpa (veja 16:21), bem como sua disposição de aceitar a responsabilidade pela morte do blasfemador. Uma única testemunha não era suficiente para causar a morte de um homem (veja Nm 35:30; Dt 17:2-7; Mt 18:16; 2 Co 13:1; 1 Tm 5:19; Hb 10:28).

24:17 Porque a vida humana foi modelada segundo a vida do próprio Deus (Gn 1:26, 27), o assassinato era um ato de blasfêmia. Exigia a mesma penalidade que a blasfêmia oral (Gn 9:6). Para uma lei semelhante e seus qualificadores, veja Êxodo 21:12-14.

24:20 olho por olho: O princípio legal envolvido é muitas vezes chamado de lex talionis (“lei de retaliação”), que é que a pena deve se adequar ao crime. Quando uma parte lesada buscava vingança em nome de seu parente (veja Nm 35:19-21), a vingança excessiva se seguiu naturalmente em vez de justiça apropriada. Isso provocou uma retaliação ainda maior, resultando em um ciclo de violência crescente. Lex talionis serviu para regular a acusação de crimes (veja também 6:2-7; cp. Êx 21:24; Lv 24:20; Dt 19:21; Mt 5:28-39).

24:20 Olho por olho, dente por dente: O princípio da lex talionis foi usado para evitar extrema brutalidade na retribuição exata. No antigo Oriente Próximo, era prática tirar a vida de alguém que causou ferimentos em retaliação pelos danos sofridos. A aliança mosaica limitava a retaliação. Na época de Jesus, os fariseus haviam interpretado a lei no sentido de que uma pessoa era obrigada a pagar ao lesado uma indenização equivalente aos danos causados.

24:22 Embora os estrangeiros não fossem cidadãos, eles eram seres humanos com direito a igual justiça perante a lei (veja Lv 16:29, 31).

Bibliografia
Joseph Benson’s Commentary on the Old and New Testaments
O Novo Comentário Bíblico AT, por Earl D. Radmacher, R. B. Allen e H. W. House
New Spirit-Filled Life Study Bible, por Thomas Nelson, Inc.
NLT Study Bible por Tyndale House Publishers, 2007

Índice: Josué 1 Josué 2 Josué 3 Josué 4 Josué 5 Josué 6 Josué 7 Josué 8 Josué 9 Josué 10 Josué 11 Josué 12 Josué 13 Josué 14 Josué 15 Josué 16 Josué 17 Josué 18 Josué 19 Josué 20 Josué 21 Josué 22 Josué 23 Josué 24