Significado de Josué 10

Josué 10

Josué 10 retrata uma série de vitórias notáveis para os israelitas enquanto eles continuam a conquista da Terra Prometida. Ao saber do tratado dos gibeonitas com Israel, vários reis cananeus se unem para atacar Gibeon em retaliação. Os gibeonitas pedem ajuda a Josué, e ele lidera suas forças em seu auxílio.

Em resposta à oração de Josué, Deus intervém causando uma tempestade de granizo e infligindo grande dano às forças inimigas. Quando o dia está prestes a terminar, Josué ordena que o sol e a lua fiquem parados, prolongando a luz do dia para garantir a vitória. Os reis e seus exércitos são derrotados e os cinco reis são capturados e executados.

Josué ordena que a cidade de Maquedá seja capturada e seu rei seja morto. Os israelitas continuam sua conquista, capturando Libna, Láquis, Gezer, Eglon, Hebron e Debir. O capítulo termina com um resumo da bem-sucedida campanha militar de Josué e da derrota de trinta e um reis.

Josué 10 destaca a natureza extraordinária da intervenção de Deus e o poder da liderança de Josué. Os eventos milagrosos, desde a chuva de granizo até a luz do dia prolongada, destacam a soberania de Deus sobre a natureza e Sua disposição de apoiar Seu povo em suas batalhas. O capítulo serve como um testemunho da obediência, oração e fé dos israelitas nas promessas de Deus, mostrando Sua fidelidade inabalável no cumprimento de Sua aliança e garantindo sua vitória na conquista da terra.

Comentário de Josué 10

Josué 10:1—11.23 Este trecho bíblico relata as passagens da conquista de Israel sobre as partes norte e sul de Canaã, após o povo ter ganhado uma base na área central daquela região. Muitos paralelos impressionantes podem ser observados entre os capítulos 10 e 11: ambos iniciam com passagens que falam da coalizão dos reis que se opunham à invasão israelita (10:1-27; 11.1-9); ambos mencionam a ajuda de Deus no rechaço aos ataques (o cap. 10 mais do que o cap. 11, mas podemos observar o fato em Js 11.8); ambos começam com descrições de batalhas decisivas (Js 10:1-15; 11.1-9), e são seguidos pela narrativa de atividades militares adicionais relativas ao que se passou (Js 10:16-27; 11.10-15). Cada um dos capítulos mostra um instigador principal da coalizão. No capítulo 10, é Adoni-Zedeque, rei de Jerusalém, e no capítulo 11, é Jabim, rei de Hazor. Os dois capítulos terminam com um resumo da consolidação do poder em cada uma das áreas (Js 10:28-43; 11.16-23).

Josué 10:1-4 Mais uma vez, a reputação e as notícias acerca das vitórias israelitas se espalharam por entre os cananeus, gerando temor no coração destes. Ao contrário de Raabe, que se voltou para o Deus de Israel em fé, e dos gibeonitas, que fizeram (por meios astutos) um acordo com os israelitas, esta coalizão decidiu resistir ao poder de Israel.

Josué 10:1, 2 Análises políticas e militares levaram os cinco reis cananeus a concluir que, se uma cidade grande como Gibeão teve de fazer um acordo de paz com os aparentemente invencíveis israelitas, a única opção que tinham era juntar-se e atacar (v. 5). Ai era uma cidade forte, fato para o qual Israel fechou seus olhos quando o povo tinha se tomado muito confiante em si próprio (Js 7.3).

Josué 10:3-5 O termo amorreu provavelmente faz referência aos habitantes da região montanhosa central da Palestina, embora apenas Jerusalém e Hebrom estivessem de fato na área das colinas. Os acontecimentos em Ai marcaram com temor o coração dos monarcas, especialmente agora que Gibeão, uma cidade proeminente, tinha feito um pacto com Israel (cap. 9). Este acordo preocupou o rei de Jerusalém, que logo promoveu uma coalizão com quatro dos reis vizinhos contra Gibeão. Tratava-se da primeira tentativa séria de resistência em Canaã.

Josué 10:6, 7 Gilgal e Jericó estavam localizadas no profundo vale do Jordão. Quando soube da coalizão contra Gibeão, Josué teve de subir até a área das colinas na parte central de Canaã para poder ajudar os gibeonitas.

Josué 10:8 Veja Josué 1.5, 9 para palavras similares de encorajamento.

Josué 10:9 Considerando o fato de que homens de Josué tiveram de marchar desde Gilgal [NVI] e depois atacar, pode-se concluir que eles tinham grande vigor. A marcha noturna dos guerreiros abrangeu um percurso de aproximadamente 32 Km de subida em terreno íngreme, carregando apetrechos e sob o estresse de saber da iminente batalha que enfrentariam.

Josué 10:10, 11 Estes dois versículos resumem a vitória, mas são os versículos 11 a 13 que fornecem os detalhes. Não foi a presença de Josué e seus guerreiros que garantiu a vitória a Gibeão (v. 7), mas a intervenção divina: O Senhor os conturbou.

Bete-horom era uma região montanhosa dividida em dois lugares: parte superior e inferior, um era cerca de 250 m mais alto do que o outro. Estava localizada aproximadamente 6 km a noroeste de Gibeão.

Azeca era uma cidade sobre as colinas ao sudoeste de Gibeão, a certa distância. Já a localização de Maquedá não é conhecida, mas presume-se que ficava em algum lugar perto de Azeca. O aniquilamento do inimigo amorreu se deu em Gibeão, e os israelitas puderam perseguir as tropas cananeias por essas três cidades mencionadas: Bete-Horom, Azeca e Maquedá.

Josué 10:12-15 Esta segunda parte que descreve a batalha é introduzida por uma palavra hebraica correspondente a Então ( 'az), revelando que uma importante ação se deu ao mesmo tempo em que (e não subsequente a) aquela dos versículos 6 a 11. Isso significa que de alguma forma a tempestade de granizo do versículo 11 e o fenômeno dos versículos 12 e 13 descrevem a mesma coisa ou (mais provável) que aconteceram simultaneamente como parte do mesmo milagre. A ênfase do autor acontece no versículo 14. Ele não admira tanto o acontecimento do milagre do versículo 13, mas _sim o fato de que Deus ouviu e respondeu à voz de um homem (v. 14), que estava intercedendo miraculosamente por Israel (v. 12). Os dois milagres a favor de Israel que antecederam esta luta — a cessação das águas e a vitória sobre Jericó — tinham sido iniciativas de Deus. Desta vez, Ele agiu em resposta ao pedido de um homem. Novamente, o acontecimento destaca a importância de Josué no livro e realça a fidelidade do Senhor ao Seu povo.

Josué 10:12 Aos olhos dos israelitas, Josué ordenou que o sol e a lua se detivessem em Gibeão até que eles tivessem completado sua missão. As palavras deste versículo formam uma seção com duas partes de poesia justapostas, e as palavras no versículo 13 comentam o trecho anterior desdobrando-se em três versos.

Josué 10:13 O Livro de Jasar (2 Sm 1.18) confirma o que o livro de Josué registra aqui. Esse livro não faz parte da Bíblia e nenhuma parte dele chegou aos dias de hoje.

Josué 10:14 A expressão o Senhor pelejava é o auge deste fato narrado. O autor de Josué maravilha-se (talvez fazendo uma citação do Livro de Jasar), não porque havia acontecido um milagre, mas porque Deus ouvira a voz de um homem e lutou a favor de Israel de forma grandiosa. Esta é a prova cabal de que uma pessoa pode receber a atenção do Senhor nas orações.

Josué 10:15-18 O versículo 15 é idêntico ao 43 e, ao que tudo indica, está fora da ordem cronológica. Afinal, o versículo 16 diz que Josué continuou a perseguir os reis até a caverna de Maquedá. Então, ainda não havia retomado com as tropas de Israel para Gilgal, como afirma o versículo 15. Alguns estudiosos veem o versículo 15 como uma duplicação do autor do livro, visto que os finais contidos nos versículos 14 e 42 são muito similares. Embora isto seja possível, a explicação mais plausível seria que o versículo 15 possivelmente é uma citação do Livro de Jasar, que omite o conteúdo dos versículos 16 a 42, a narrativa que acontece entre a passagem do milagre do sol e da lua e o retorno de Josué.

Josué 10:19 A expressão vo-los deu na vossa mão novamente mostra que Josué deu o crédito a Deus pela vitória dos israelitas. Enquanto alguns guerreiros israelitas ficaram vigiando a entrada da caverna de Maquedá, os demais foram à caça do inimigo. Os que ficaram em vigilância não podiam deixar que os fugitivos tentassem adentrar nas suas cidades, que eram fortificadas. Entretanto, alguns deles conseguiram refugiar-se em algum povoado fortificado, o que não representou perigo para Israel.

Josué 10:20, 21 O extermínio de cananeus foi grande, mas alguns conseguiram fugir, o que pode explicar a razão de, posteriormente, Josué ainda encontrar alguns inimigos nestas cidades fortificadas (v. 31-37).

A expressão ninguém que movesse a sua língua significa literalmente abrir a boca. Neste caso, quer dizer criticar ou caluniar.

Josué 10:22-24 Josué ordenou aos capitães: ponde os vossos pés sobre os pescoços destes reis. Trata-se de uma clara declaração de vitória, de um ato simbólico em que os israelitas demonstravam o poder que tinham para subjugar seus inimigos por ter Deus como o guerreiro de Israel. (Veja Sl 110:1, para a ordem do Senhor: ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés, e 1 Co 15.25-27, para conferir o relato em que Deus coloca os inimigos de Jesus debaixo de seus pés [SI 8.6].) Antigos relevos esculpidos mostram os reis assírios fazendo isso com seus inimigos derrotados.

Josué 10:25 Esforçai-vos e animai-vos. Josué repetiu as mesmas palavras de encorajamento dadas por Deus a ele (Js 1.6, 9; 10:8), para encorajar os israelitas. Naquele momento, Josué tinha a autoridade para exortar o povo de Israel.

Josué 10:26, 27 Após ferir e matar os cinco reis amorreus, Josué exibiu os cadáveres esfacelados em árvores da mesma forma que fez anteriormente com o rei de Ai (Js 8.29). Entretanto, assim como da outra vez, os corpos foram retirados do madeiro antes do pôr-do-sol, conforme legislação mosaica Qs 8.29).

Josué 10:28-43 Após a elaborada narrativa sobre a batalha contra os reis amorreus (Js 10:1-27), a Bíblia registra um resumo da guerra dos israelitas na parte sul de Canaã. Os reis e os povos de sete cidades sulistas são mencionados em uma série de passagens similares. Os israelitas tinham entrado em Canaã por sua parte central, em Jericó. Subsequentemente, suas operações militares começaram pelo centro, voltando em seguida para o sul (cap. 10) e depois para o norte (cap. 11). O fato de que exatamente sete cidades são listadas sugere que este talvez possa ser um resumo da passagem, descrevendo a destruição de cidades representativas. Apenas simples detalhes acerca das destruições são fornecidos, e as sucessivas narrativas contêm muitas expressões repetidas. Três das cidades (Láquis, Eglon e Hebrom) são aquelas cujos reis já haviam se oposto aos israelitas (v. 3). Apesar de este trecho bíblico (v. 28-43) falar sobre a rápida aniquilação das pessoas ao longo daquela região, o trabalho dos israelitas ainda não estava acabado.

Josué 10:28, 29 A primeira cidade mencionada é aquela para a qual a coalizão fugira, Maquedá (v. 10, 16). Os cinco reis haviam fugido para lá e esconderam-se em uma caverna.

Josué 10:30-32 Aqui e nos versículos 32 e 42, somos lembrados de que o Senhor era o guerreiro de Israel.

Josué 10:33-39 O relato sobre a conquista de Gezer é mencionado apenas com o objetivo de ressaltar a vitória completa de Israel sobre Láquis, afinal, alguns guerreiros daquela cidade haviam saído em defesa de Láquis. Tanto os soldados desta cidade como daquela foram aniquilados. De acordo com Josué 16.10, os cananeus ainda (ou novamente) estavam vivendo em Gezer algum tempo depois.

Josué 10:40 Este versículo apresenta a primeira conclusão dos relatos que começaram em Josué 9.1, 2. Aqui vemos que Josué conseguiu a vitória sobre todos os que viviam na região montanhosa (o mesmo que montanhas em Js 9.1), no sul, nas campinas e nas descidas das águas. A palavra que corresponde a sul é Neguebe, fazendo referência ao deserto na parte sul da terra. As descidas das águas são tanto as encostas ocidentais que levam às campinas perto do mar Mediterrâneo como as encostas íngremes que descem para o mar Morto a leste da área montanhosa central. Em suma, as vitórias dos israelitas abrangeram as porções centro-sul da terra de Canaã, mas não incluíram aparte costeira (Js 13.2-6).

Josué 10:41-43 Nem Cades-Baméia tampouco Gaza haviam sido mencionadas em Josué até então. A inclusão destas duas localidades aqui marca os limites austrais [do sul] da terra conquistada. Gaza era uma cidade filisteia, terra a ser conquistada em Josué 13.3. Já Gósen até Gibeão marca os limites sul e norte da conquista. Gósen aqui não é o território no nordeste do delta do Nilo onde os israelitas habitaram antes (Gn 45.10; 46.28; Êx 8.22; 9.26), mas sim a cidade na área montanhosa no sul de Canaã mencionada em Josué 11.16; 15.51.

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