Significado de 1 Samuel 2

1 Samuel 2



2.1-11
 Em seu cântico de louvor ao Senhor, Ana se regozijou e louvou a Yahweh, por atender a oração dela. Esta cena contrasta com a de sua visita anterior a Siló (1 Sm 1.9-15). As palavras de louvor de Ana podem ter sido cantadas como um testemunho pessoal na congregação de adoradores, no tabernáculo.

Essa passagem é escrita no mesmo estilo poético de outros cânticos (salmos) na Bíblia; as metáforas e outras figuras de linguagem são frequentemente semelhantes. A soberania de Deus e o Seu governo providencial em todos os aspectos da vida constituem o tema básico desse cântico, que é uma afirmação poderosa da profunda fé dessa mulher no Deus vivo.

Ana reconheceu a salvação de Deus (1 Sm 2.1), Sua santidade (1 Sm 2.2), Sua sabedoria (1 Sm 2.3), Sua graça (1 Sm 2.8) e Seu julgamento (1 Sm 2.10). Nós devemos incluir Ana entre os grandes “salmistas” do antigo Israel, assim como Maria, no Novo Testamento (Lc 1.46-55). Na verdade, esse cântico de Ana' foi reutilizado duas vezes na poesia bíblica: como base no lindo Salmo 113; e, depois, no cântico de Maria, em Lucas 1.

2.1 Ana começa seu louvor regozijando-se em Deus por Ele lhe haver concedido um filho: O meu coração exulta no Senhor; o meu poder está exaltado. Ela estava com a cabeça erguida, consciente de seu fortalecimento por Deus. O senso de força de Ana estava no Ser todo-poderoso que havia respondido à sua oração.

2.2 Não há santo como é o Senhor. Aquele que é santo (hb. qadôsh) é marcado, separado e retirado do uso comum. Santo é o contrário de profano e comum. A imagem de uma rocha, quando aplicada a Deus, fala da Sua eternidade, estabilidade e confiabilidade (Dt 32.4; 2 Sm 22.2,3).

2.3 Ana se referiu à altivez não apenas de Penina, e sim à de todos os que se ensoberbeciam. Porque o Deus da sabedoria conhece todas as coisas. Ele vai avaliar o nosso desempenho e as nossas promessas.

2.4, 5 Ana mencionou três coisas — poder militar, riqueza e o nascimento de filhos — como exemplo de circunstâncias que Deus muda, humilhando o soberbo, e exaltando o abatido. Maria fez a mesma menção em seu cântico (Lc 1.46-55).

2.6 A palavra sepultura (hb. sheôl) se refere ao lugar dos mortos, onde tanto o justo como o ímpio era colocado (Gn 37.35). A soberania do Deus que traz a morte também é capaz de fazer subir da sepultura. Esse versículo pode referir-se ao poder de Deus de ressuscitar os mortos (SI 16.10; Dn 12.2).

2.7, 8 Levanta o pobre do pó e, desde o esterco, exalta o necessitado. Estes termos, pó e esterco, descrevem a degradante composição dos monturos localizados fora das portas da cidade, onde as pessoas jogavam os seus despejos, incluindo as cinzas dos fogões (à lenha). Era nesse local que mendigos e leprosos se sentavam e pediam esmolas. Ana usou essa imagem para indicar a mais profunda degradação. Deus assiste àqueles que estão nas piores circunstâncias (SI 113.7-9). Já a expressão os alicerces da terra é poética. Uma vez que os alicerces que sustentam a terra pertencem a Deus, toda a criação está estável e segura sob os cuidado dele.

2.9, 10 Em harmonia com o modelo de sabedoria da literatura antiga, Ana contrasta o justo e o ímpio. O Senhor não permitiria que seus santos caíssem, mas os que contendem com o Senhor enfrentariam calamidades. A palavra hebraica para ungido significa Messias. Essa frase aponta para o último rei, diante do qual todo o joelho deverá dobrar-se (Fp 2.10). Ana viu o trabalho de Deus, garantindo a ela um filho, como outro passo para o cumprimento da Sua promessa às mães de Israel, de que Ele iria, um dia, prover o Messias através delas.

2.11, 12 Eram, porém, os filhos de Eli filhos de Belial. A expressão filhos de Belial aqui significa pessoas más, de nenhum valor (1 Sm 30.22). [Os filhos de Eli, apesar de terem acesso à Lei e servirem no tabernáculo] Não conheciam o Senhor . Eles não possuíam qualquer conhecimento (hb. yada’) íntimo e pessoal de Deus. Os sacerdotes eram os mestres da Lei de Deus e os que ofereciam os sacrifícios do povo a Deus. Como era trágico para eles saber tanto a respeito das coisas de Deus e, ainda assim, não conhecê-lo pessoalmente.

2.13-15 A parte que cabia, por direito, aos sacerdotes era o peito e a coxa direita do animal (Lv 7.34). Os filhos de Eli pecavam pelo fato de pegarem qualquer parte que quisessem e por exigirem a carne imediatamente, antes que a parte consagrada a Deus, a gordura, tivesse sido queimada no altar (Lv 3.3,5). [Isso demonstra o total desrespeito que tinham por Deus e o caráter corrupto deles.]

2.16 E, dizendo-lhe o homem. Nesse caso, o ofertante conhecia as Escrituras e a importância de uma obediência superior à daqueles sacerdotes.

2.17 Porquanto os homens desprezavam a oferta do Senhor. Os filhos de Eli desonravam a Deus no cumprimento de suas obrigações sacerdotais com a irreverência e o desrespeito. Aqueles que regularmente ministram com o sagrado correm, às vezes, o grave risco de lidar de modo descuidado e presunçoso com as obras sagradas confiadas a eles.

2.18 O éfode de linho era uma longa túnica sem mangas, que era usada por sacerdotes quando estes estavam ministrando no altar (1 Sm 2.28; 22.18; Êx 28.6-14). Ocasionalmente, também era usada por outras pessoas durante celebrações religiosas, como Davi (2 Sm 6.14), e aqui por Samuel.

2.19 A túnica pequena feita por Ana é diferente da mencionada no versículo 18. Era, provavelmente, uma túnica longa como aquelas usadas por pessoas de posto e status especiais. O fato de Ana ter feito tal túnica demonstra o amor que ela nutria pelo filho, o qual só poderia visitar em raras ocasiões.

2.20 Em lugar do filho que devolveu ao Senhor (ara). O verbo devolver aqui indica a completa dedicação da criança ao Senhor (1 Sm 1.28).

2.21 Visitou. Deus veio a Ana para lhe garantir o seu pedido, assim como fizera com Sara (Gn 21.1). O verbo visitar (hb. paqad) alude à graça condescendente de Deus. Ele se aproxima de Seu povo para atender às suas necessidades (Rt 1.8). Em outras circunstâncias, a visita de Deus pode ter como propósito o julgamento (Os 1.4).

2.22 Eli já muito velho e ouvia tudo quanto seus filhos faziam. A alegria dos pais idosos está na evidência de Deus na vida de seus filhos. Poucas dores são maiores na idade avançada do que reconhecer que um filho está levando uma vida espiritual arruinada.

2.23, 24 Não, filhos meus, porque não é boa fama esta que ouço. Os protestos de Eli parecem fracos em vista da magnitude dos pecados de seus filhos.

2.25 A conjunção adversativa mas aqui aponta para as severas consequências dos pecados cometidos pelos filhos de Eli.

2.26 Samuel ia crescendo e fazia-se agradável [...] para com o Senhor como também para com os homens. Compare a descrição da infância de Samuel com a de Jesus (Lc 2.52). O contraste entre Samuel e os filhos de Eli é inevitável.

2.27, 28 O homem de Deus era um profeta não identificado ou um porta-voz do Senhor. Teu pai é uma referência a Arão, irmão de Moisés e Miriam, sacerdote escolhido por Deus, o primeiro da casa sacerdotal de Israel (Ex 4.14- 16; Nm 3.1-4).

2.29 Eli tinha avisado aos seus filhos sobre o julgamento de Deus (v. 25), entretanto, jamais os advertira severamente pelos seus pecados (1 Sm 3.13). Ao negligenciar sua obrigação como pai, Eli estava, na verdade, favorecendo seus filhos em detrimento de Deus em honras a teus filhos mais do que a mim.

2.30 Tinha dito [...] andariam diante de mim perpetuamente. Como descendentes, a família de Eli se beneficiou da promessa que Deus fizera a Arão e a seus filhos de que eles seriam sacerdotes para sempre (Ex 29.9).

Porém, agora, diz o Senhor: Longe de mim tal coisa. Eli representa outro exemplo de homem de Deus nas Escrituras que não alcançou êxito na tarefa de ser pai.

2.31-34 Eis que vêm dias em que cortarei o teu braço e o braço da casa de teu pai. O homem de Deus profetizou a destruição da família de sacerdotes de Eli. O juízo foi parcialmente cumprido no massacre em Nobe (1 Sm 22.11-19), e totalmente concretizado quando a herança sacerdotal foi transferida para a família de Zadoque no reinado de Salomão (1 Rs 2.26, 27, 35).

2.34 As mortes de Hofni e Finéias validariam a mensagem do profeta (1 Sm 4.17).

2.35 O sacerdote fiel se refere a Zadoque, que era fiel a Deus e à linhagem de Davi e Salomão (1 Rs 1.7,8; 2.26,27,35). A promessa, eu lhe edificarei uma casa firme, significa garantir uma longa linhagem de sucessores fiéis.

Meu ungido. A casa de Zadoque continuaria a servir os reis ungidos por Deus perpetuamente, até a chegada daquele que viria [o Messias]. O termo sempre aqui pode significar prolongamento no decorrer da história humana. Os filhos de Zadoque vão servir no templo messiânico durante o Milênio (Ez 44.15; 48.11).

2.36 Virá a inclinar-se diante dele, por uma moeda de prata e por um bocado de pão. O empobrecimento profetizado aqui, provavelmente, concretizou-se quando Abiatar, descendente de Eli, foi destituído do sacerdócio, no reinado de Salomão (1 Rs 2.27).

Mais: 1 Samuel 1 1 Samuel 2 1 Samuel 3 1 Samuel 4 1 Samuel 5 1 Samuel 6 1 Samuel 7 1 Samuel 8 1 Samuel 9 1 Samuel 10 1 Samuel 11 1 Samuel 12 1 Samuel 13 1 Samuel 14 1 Samuel 15 1 Samuel 16 1 Samuel 17 1 Samuel 18 1 Samuel 19 1 Samuel 20 1 Samuel 21 1 Samuel 22 1 Samuel 23 1 Samuel 24 1 Samuel 25 1 Samuel 26 1 Samuel 27 1 Samuel 28 1 Samuel 29 1 Samuel 30 1 Samuel 31