Significado de 1 Samuel 28

1 Samuel 28

1 Samuel 28 descreve um evento crucial na vida do rei Saul, envolvendo sua consulta desesperada com uma médium e um encontro sobrenatural com o falecido profeta Samuel. Aqui está um resumo do conteúdo de 1 Samuel 28:

1. O medo de Saul aos filisteus: O capítulo começa com o exército filisteu se reunindo para lutar contra Israel. Saul e seu exército estão cheios de medo e pavor por causa da aproximação do inimigo. Saul busca orientação do Senhor por meio de sonhos, profetas e do Urim e Tumim, mas não recebe resposta.

2. Saulo Consulta um Médium: Em seu desespero, Saulo decide procurar a ajuda de um médium ou necromante. Ele se disfarça e vai até a mulher em Endor, pedindo-lhe que traga à tona o espírito de Samuel, o profeta falecido, para que ele possa perguntar sobre o resultado da batalha iminente.

3. A mulher em Endor desperta o espírito de Samuel: A mulher em Endor inicialmente fica com medo quando percebe que seu cliente é o rei Saul. No entanto, Saul a tranquiliza e pede que ela prossiga convocando Samuel. Para sua surpresa, o espírito de Samuel realmente aparece para ela, e ela grita de medo.

4. A Conversa de Saul com Samuel: O espírito de Samuel pergunta a Saul por que ele o perturbou e por que Saul o ressuscitou dos mortos. Saul explica sua terrível situação, enfatizando a ameaça dos filisteus e o silêncio do Senhor. Samuel responde entregando uma mensagem do Senhor: Saul e seus filhos morrerão na batalha que se aproxima e o reino será dado a Davi.

5. A Partida de Samuel: Samuel diz a Saul que ele e seus filhos estarão com ele no dia seguinte, o que implica que eles se juntarão a ele na morte. Saul cai no chão com medo e fraqueza. A mulher de Endor cuida dele, oferecendo-lhe uma refeição.

6. A Força de Saul Restaurada: Com o encorajamento da mulher, Saulo come a refeição e suas forças retornam. Ele e seus servos partem de Endor.

1 Samuel 28 é um capítulo significativo que mostra o desespero de Saul e sua decisão malfadada de consultar um médium para orientação. O aparecimento do espírito de Samuel e a mensagem de destruição iminente contribuem para a narrativa trágica da vida e do reinado de Saul. Este evento prenuncia a trágica batalha entre Israel e os filisteus, onde Saul e seus filhos encontrarão a morte predita pelo espírito de Samuel.

Significado

28.1-25 Esse capítulo marca o mais baixo ponto da vida espiritual de Saul, registrando uma das horas mais obscuras do seu reinado. Também apresenta um incidente que perturba eruditos e estudiosos das Escrituras, o episódio da pitonisa (médium) de En-Dor, em que Saul consulta o espírito de Samuel. Saul estava prestes a enfrentar um ataque dos filisteus. Com o profeta Samuel morto e com o silêncio do Senhor, Saul se volta para uma prática condenável por Deus, a consulta aos mortos (Dt 18.10,11). E o faz apenas para saber sobre a sua morte e a derrota de Israel. A tragédia de sua vida quase se igualou ao seu amargo fim.

28.1 Naqueles dias. Os eventos ocorreram durante o tempo em que Davi estava morando em Ziclague, como um vassalo do rei filisteu. Juntando os filisteus os seus exércitos para a peleja. Por todo o tempo em que Saul foi rei, os filisteus permaneceram em guerra contra Israel ( I Sm 14.52).

Comigo sairás ao arraial, tu e os teus homens. Uma vez vassalo de Aquis, os filisteus esperavam que Davi se juntasse a eles na peleja contra Saul. Davi enfrentou um terrível dilema.

28.2 Assim saberás tu o que fará o teu servo. As palavras de Davi foram deliberadamente ambíguas. Sua vida teria corrido perigo se ele tivesse se recusado a se juntar a Aquis; então ele teve de esperar por um livramento de Deus. Te terei por guarda da minha cabeça para sempre. Davi não somente se encontrou no meio do exército filisteu, mas também estava designado como um dos principais guarda-costas do rei.

28.3 E já Samuel era morto. Saul não podia contar com o profeta para trazer a resposta do Senhor. O termo adivinhos se refere aos praticantes da necromancia, aqueles que presumidamente se comunicavam com os mortos. Encantadores, (hb. yiddeonim) é um termo geral para se referir àqueles que fazem contatos com espíritos. Mantendo a Lei de Deus, pessoas associadas à necromancia e ao espiritismo foram expulsas da terra de Israel (Êx 22.18; Lv 19.31; Dt 18.9-14). A adivinha de En-Dor era uma dessas pessoas (v, 7).

28.4 O vilarejo de Suném estava situado no vale de Jezreel, na ladeira do sul da montanha de Moré. As forças israelitas estavam acampadas cerca 7,4 Km ao sul dos filisteus, na cordilheira de Gilboa.

28.5 Saul estava com tanto temor da batalha iminente, que estremeceu muito o seu coração. A desobediência persistente de Saul o tinha deixado completamente sem a confiança na presença e na proteção de Deus.

28.6 Em meio a profundo temor e delirante ansiedade, perguntou Saul ao Senhor, mas não obteve nenhuma resposta, O comentário registrado em 1 Crônicas 10.14 informando que Saul não buscou ao Senhor não contradiz o presente versículo. Na verdade, ali se trata de um resumo a apontar para o fato de que Saul foi até a médium para pedir conselhos, em vez de, persistentemente, procurar pela orientação do Senhor. Deus não respondeu a Saul por meio de sonhos, como fez com José (Gn 37.5-10); nem através do Urim, como fez com os sumos sacerdotes (Êx 28.30; Nm 27.21); nem por revelação profética, como fez com Samuel (1 Sm 3.10-21).

28.7 Buscai-me uma mulher que tenha o espírito de feiticeira, para que vá a ela e a consulte. Em vez de arrepender-se de seus pecados e buscar o perdão de Deus, Saul procurou uma fonte proibida de aconselhamento (Ex 22.18; Lv 19.31); Dt 18.9-14). Essa trágica decisão resultou na sua morte (1 Cr 10.13). A Lei do Senhor preconiza o castigo de morte para os adivinhos (Lv 20.27). En-Dor estava localizado no vale de Jezreel, a cerca de dez quilômetros (nvi) a noroeste de Suném.

28.8 E Saul se disfarçou. Devido ao fato de adivinhos e encantadores terem sido banidos, Saul não poderia esperar muita ajuda se a sua identidade fosse descoberta. Faças subir literalmente traga até mim.

28.9 Por que, pois, me armas um laço à minha vida? A mulher estava ciente do que Saul tinha feito aos que praticavam adivinhações e encantamentos. Ela reconhecia o risco ao qual estava se expondo, ou seja, sabia da punição que lhe poderia ser aplicada (Êx 22.18). Por isso, procurou ter certeza de que o visitante não lhe estava armando uma cilada.

28.10 Saul lhe jurou pelo Senhor. Enquanto se engajava na prática que simbolizava negação ao controle soberano de Deus sobre todas as coisas, Saul jurou em nome de Deus que protegeria a mulher.

28.11 Saul buscou a ajuda de Samuel porque ele lhe havia ungido como rei e já lhe tinha revelado a Palavra de Deus antes (1 Sm 10.1).

28.12 Vendo, pois, a mulher a Samuel. Quando a espécie de sessão espírita realmente começou, a mulher reconheceu que seu “cliente” era Saul. A aparição de Samuel tem sido interpretada de várias maneiras. Foi sugerido que tal aparição se deu apenas na mente de Saul, como parte de seu colapso psicológico. Os pais da Igreja acreditavam que um demônio tomou a forma de Samuel e apareceu a Saul. Outros acreditam que tudo não passou de uma fraude e que a mulher levou Saul a pensar que realmente tinha visto Samuel. A interpretação mais aceita é a dos pais da Igreja, tendo em vista que o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz (2 Co 11.14).

28.13 Porém que é o que vês? A mulher alegou ter visto um espírito. A palavra espírito é um termo comumente traduzido da Bíblia hebraica por deuses (hb. ‘elohím). Aqui, essa palavra parece ter sido usada pela mulher no seu estado de transe, para descrever algo que ela nunca vira antes. Vejo deuses que sobem da terra. Foi o que a mulher disse referindo-se ao aparecimento sobrenatural do espírito. Adivinhadores eram excelentes trapaceiros ou tinham ligação com poderes demoníacos. Daí a proibição expressa na Lei de Deus contra consulta aos mortos e outras práticas advinhatórias (quiromancia, cartomancia, astrologia etc).

28.1 4 A capa descrita fez com que Saul se lembrasse da túnica usada pelos profetas, como a que Samuel usava quando vivo. Foi exatamente essa capa que Saul havia rasgado certa feita (1 Sm 15.27).

28.15 A expressão fazendo-me subir pode ser entendida simplesmente como levantando-me da sepultura. Essa expressão indica que os israelitas acreditavam na vida após a morte.

28.16, 17 O Senhor te tem desamparado e se tem feito teu inimigo. Essa triste constatação era apenas uma confirmação daquilo que Saul já havia reconhecido no versículo 15. Aqui, vemos a contradição entre as palavras e as atitudes de Saul, que alegava desejar saber a vontade do Senhor sem nunca tê-la cumprido; antes, pelo contrário, infringindo-a diversas vezes, inclusive nesta ocasião, visto que a Palavra de Deus proibia terminantemente a consulta a mortos e a médiuns, e Saul buscou exatamente isto. Não poderia ser Deus nem o espírito de Samuel falando por intermédio da médium. O Senhor não infringiria Sua própria Palavra.

28.18 O espírito demoníaco mostrou-se um acusador de Saul, lembrando-lhe a desobediência deste e o juízo que sofreria por não destruir os amalequitas e, particularmente, Agague (ver 1 Sm 15.2-9).

28.19-23 Saul e seus filhos morreram na batalha contra os filisteus no dia seguinte. E não houve força nele. A atitude reprovável de Saul em buscar um adivinho resultou no seu colapso completo. Ele ficou aterrorizado, doente e totalmente enfraquecido.