Significado de 2 Reis 23

2 Reis 23

2 Reis 23 continua o relato do reinado do rei Josias e seus esforços para promover a reforma espiritual em Judá.

Josias reúne todo o povo de Judá, do menor ao maior, no templo de Jerusalém. Lá, ele lê em voz alta o Livro da Aliança, renovando o compromisso do povo de obedecer aos mandamentos de Deus.

Josias empreende uma campanha completa para remover a idolatria e a adoração falsa de Judá. Ele destrói os altares, imagens e símbolos dos deuses pagãos, expurgando a terra de todas as formas de adoração de ídolos. Ele até profana os lugares altos fora de Jerusalém, onde ocorria a adoração de ídolos.

Os restos mortais dos sacerdotes idólatras são removidos do templo e queimados, e o poste de Asherah é derrubado. Josias também profana o altar em Betel, onde Jeroboão I havia erguido um bezerro de ouro para adoração.

Josias restabelece a Páscoa, celebrando-a com grande zelo conforme prescrito na Lei. A observância da Páscoa não era feita com tanto entusiasmo desde o tempo dos juízes.

Apesar das reformas de Josias, o capítulo observa que a ira do Senhor se acendeu contra Judá por causa dos pecados das gerações anteriores. Josias é elogiado por sua fidelidade, mas o julgamento de Deus não pode ser totalmente evitado.

O capítulo termina com a morte de Josias na batalha contra o faraó Neco, apesar das advertências de Neco a Josias para não interferir.

Em resumo, 2 Reis 23 retrata os extensos esforços de Josias para remover a idolatria de Judá e restaurar a adoração adequada. O capítulo destaca a importância de obedecer aos mandamentos de Deus e buscar o verdadeiro arrependimento. Também reconhece os limites dos esforços humanos para evitar totalmente as consequências dos pecados passados, ao mesmo tempo em que reconhece o valor da liderança piedosa em moldar a trajetória espiritual de uma nação.

Significado

23.1 Todos os anciãos de Judá e de Jerusalém se ajuntaram a ele. Isto contrasta com a grande reunião de sacerdotes e de profetas de Jeú, em antecipação ao seu grande “sacrifício” a Baal (2 Rs 10.18-31).

23.2, 3 O rei subiu à Casa do SENHOR [...] leu aos ouvidos deles todas as palavras do livro do concerto. Assim como Moisés (Ex 24.3-8) e Josué (Js 8.34,35), anteriores a Josias, este seguiu o antigo padrão de justa liderança (Dt 17.18-20; 31.9-13) e reuniu o povo para renovar a aliança com Deus (Js 24). A reação espiritual do rei e as reformas que ele executou (2 Cr 35.1-19) sugerem que os textos concernentes às obrigações e às sanções do concerto deviam ser lidos ao povo.

23.4 Os utensílios usados na adoração pagã foram queimados nos campos de Cedrom nas reformas de Asa (1 Rs 15.13) e de Ezequias (2 Cr 29.16; 30.14). Levar as cinzas desses objetos a Betei era uma grande condenação tanto dos ritos religiosos pagãos como do lugar associado a eles (1 Rs 12.28-30; Am 4-4,5). Logo, as correções efetuadas por Josias se disseminaram também no Reino do Norte.

23.5 O termo sacerdotes usado neste versículo aparece também em Sofonias, que o emprega para designar os sacerdotes que lideravam os ritos associados a Baal e a todo tipo de adoração às estrelas (Sf 1.4). Esses sacerdotes foram eleitos por reis de Judá anteriores, mas exerciam sua função fora dos limites estabelecidos para um sacerdote de Deus. Oséias havia condenado os sacerdotes idólatras que realizavam seu ofício adorando bezerros em Betel (Os 10.5).

23.6 Apesar de destruídos por Ezequias (2 Rs 18.4), os ídolos do bosque associados à adoração a Aserá haviam sido reintroduzidos por Manassés (2 Rs 21.7) e por Amom (2 Rs 21.21; 13.6).

23.7-9 Prostitutos cultuais. Esse tipo de prostituição era parte das ímpias práticas da religião cananeia (1 Rs 14-24; 15.12; 22.46) em seus ritos de fertilidade. O abominável nesta passagem não é o fato de essas pessoas pervertidas praticarem a prostituição em Jerusalém, mas de terem postos de trabalho (casas) na Casa do SENHOR.

23.10 Alguns estudiosos põem Moloque no mesmo patamar que uma divindade pagã chamada Milcom, o deus amonita (1 Rs 11.5), ou que um deus pessoal cananeu (Lv 20.1-5) ao qual se adorava em Jerusalém. Outros estudiosos acham que Moloque era o nome de um tipo de sacrifício de crianças associado a Baal (Jr 7.31, 32;19.5, 6; 32.35).

Provas de sacrifícios de crianças foram encontradas em escavações na cidade fenícia de Cartago. Os atrozes ritos realizados no vale dos filhos de Hinom, bem como o costume de utilizar a área como um depósito de lixo onde os restos eram queimados, deram ao lugar, posteriormente, o nome que em hebraico é gê hinnom (inferno, no Novo Testamento), referindo-se às obras pecaminosas e indignas dos crentes que não têm comunhão com o Senhor.

O contexto de Mateus 10.28 e de Marcos 9.43 é o ensinamento sobre recompensa (Mt 10.41,42; Mc 9.41) A ideia de inferno é latente também em Tiago, quando o autor alerta sobre o mau uso da língua (Tg 3.6).

23.11-14 Cavalos que os reis de Judá tinham destinado ao sol. Escavações em Jerusalém descobriram um santuário usado na adoração ao sol que data do tempo de Jeosafá. Cavalos de pequeno porte com discos solares na testa foram encontrados tanto em Jerusalém como em Hazor.

23.15-17 As ações de Josias foram profetizadas há tempos por um profeta que denunciou o altar de Jeroboão I que estava em Betel (1 Rs 13.26-32). O cumprimento literal dessa profecia confirma que esse homem de Deus era um verdadeiro profeta (Dt 18.22).

23.18, 19 Do profeta que viera de Samaria. O profeta de Samaria era o velho profeta de Betel (1 Rs 13.11). Samaria é o nome de toda uma área, não só de uma cidade que tempos depois se tornou a capital do Reino do Norte (1 Rs 13.32; 16.23,24). Após a morte do homem de Deus que havia denunciado o altar de Jeroboão I em Betei, esse veterano profeta pediu que em sua morte ele fosse enterrado em Betei, ao lado do profeta de Judá.

23.20 Sacrificou todos os sacerdotes dos altos. Por estes não serem levitas, foram executados como mandava a Lei de Deus (Dt 17.2-7). Os verdadeiros sacerdotes do Senhor que ministravam nos altos de Judá foram poupados. Os santuários foram demolidos (v. 8, 9). Por fim, estes sacerdotes não podiam exercer seu ofício no templo em Jerusalém. Eles foram tratados, então, como sacerdotes com defeitos físicos (Lv 21.17-23).

23.21, 22 A Páscoa. A restauração dos locais de culto foi parte do avivamento da adoração espiritual. Apesar de Ezequias ter celebrado uma Páscoa (2 Cr 30), ele não a havia celebrado exatamente como requeria a Lei (2 Cr 30.13-20). Por isso, os estritos requisitos da Lei (2 Cr 35.1-19) não eram cumpridos desde os dias dos juízes. Além disso, a Lei de Deus era observada da mesma maneira por crentes de Judá e por crentes de Israel (2 Cr 35.18). Isso mostra que generaliza quem diz “tribos perdidas de Israel”. É fato que nunca houve um retorno geral das pessoas que foram despovoadas do Reino do Norte como houve o retorno a Judá das que permaneceram no cativeiro do Reino do Sul.

Apesar de tudo, muitas pessoas do Reino do Norte migraram para Judá nos anos que sucederam à queda de Samaria. Outras também devem ter retornado a Israel de diversas maneiras dentro de um determinado período. Na época do Novo Testamento, há evidências de povos de todas as 12 tribos originais.

23.23-25 E antes dele não houve rei semelhante. Josias foi o único rei de Israel e de Judá que seguiu a Lei. Assim como seu avô Ezequias, conhecido por ser ímpar em relação à confiança no Senhor (2 Rs 18.5), Josias verdadeiramente era um rei justo. Em função dos notáveis exemplos de justiça desses monarcas, os autores dos livros dos Reis e de Crônicas dedicam espaço considerável ao reinado deles (capítulos 18— 20; 22.1—23.30; 2 Cr 29—32; 34; 35).

23.26, 27 Apesar dos esforços de Josias, o pecado de Judá era tão entranhado que o julgamento era inevitável (2 Rs 17.18, 19; 23.26, 27; Lm 1.5). Mesmo Manassés tendo se arrependido, os frutos de seu pecado ainda eram colhidos por Josias.

23.28-30 Faraó-Neco (609—594 a.C.) havia sido coroado recentemente na vigésima sexta dinastia egípcia. Durante os longos anos do reinado de Josias (640—609 a.C.), o poder assírio havia se desagregado, assim como dissera Naum. A própria Nínive havia caído (612 a.C.) nas mãos de uma coligação entre caldeus, medos e outros povos. As forças assírias sobreviventes haviam se reagrupado em Harã.

Por ser o Egito um antigo aliado da Assíria, Neco partiu para o norte a fim de ajudar os sitiados assírios. O posicionamento estratégico das tropas de Josias no vale de Megido foi uma tentativa de evitar que os egípcios ajudassem as forças assírias em Harã. Apesar de Faraó-Neco ter se atrasado suficientemente para que Harã estivesse perdida para os assírios, a ação de Josias, no final, custou-lhe a vida (2 Cr 35.20-25).

23.31-36 Jeoacaz (chamado de Salum em Jr 22.11) foi o terceiro filho de Josias (2 Rs 24-18; 1 Cr 3.15). O nome Jeoacaz significa o Senhor se apoderou. E o mesmo nome do rei de Israel, o filho de Jeú (2 Rs 10.35). Joanã, o primeiro filho de Josias, aparentemente morrera, e Eliaquim (ou Jeoaquim), o segundo filho, assumiu o lugar do pai. Um quarto filho, Matanias (ou Zedequias), em algum momento no futuro, ascende ao trono e governa, sendo o último rei de Judá (598—586 a.C.).

O reinado de três meses de Jeoacaz chegou ao fim com o retorno de Faraó-Neco de Harã. Jeoacaz foi mandado para Ribla, a sede de Neco na Síria. Depois, foi levado para morrer no Egito. Seu irmão Eliaquim foi coroado com o nome mudado para Jeoaquim. Judá, então, tornou-se um mero vassalo do Egito. A maldição pela desobediência de Judá estava prestes a cair (Dt 28.64-68).

23.37 Fez o que era mal aos olhos do SENHOR. O curto reinado de Jeoaquim (608—598 a.C.) ficou conhecido pela extrema maldade desse rei (2 Cr 36.5,8). Jeremias o descreveu como um monstro desprezível que se aproveitou de seu povo (Jr 22.13,14,17), encheu a terra com todo tipo de vício e de violência (Jr 18.18-20) e opôs-se a tudo que era santo (Jr 25.1-7). Diferente de seu pai, Josias, que conduziu a nação a uma reforma pela palavra de Deus (2 Rs 22.11 ;23.1-25), Jeoaquim chegou a cortar e a queimar um rolo das Escrituras (Jr 36.21-24) e a matar Urias, um verdadeiro profeta do Senhor (Jr 26.20-23).

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