Significado de 2 Reis 18

2 Reis 18 continua o relato dos reis de Judá, com foco no reinado de Ezequias.

Ezequias se torna rei de Judá após a morte de Acaz. Ao contrário de seu pai, Ezequias procura fazer o que é certo aos olhos do Senhor. Ele remove os ídolos e os altos usados para adoração e restaura a adoração adequada no templo.

O reinado de Ezequias é marcado por sua fidelidade a Deus. Ele confia no Senhor durante um período de ataque do rei da Assíria, Senaqueribe. O comandante militar de Senaqueribe tenta intimidar Judá e seu rei, mas Ezequias permanece firme em sua fé e ora a Deus por livramento. Em resposta, o Senhor envia um anjo para destruir o exército assírio, salvando Jerusalém da destruição.

O capítulo também relata a doença de Ezequias e sua recuperação por meio da intervenção de Deus. Ezequias recebe um sinal através do movimento da sombra no relógio de sol como confirmação de sua cura.

Apesar da fidelidade de Ezequias, o capítulo observa que mais tarde ele cometeu um erro ao exibir seus tesouros aos enviados da Babilônia. Esta ação prenuncia o eventual cativeiro babilônico.

Em resumo, 2 Reis 18 descreve o reinado de Ezequias como um tempo de reforma e liderança fiel em Judá. O capítulo destaca a confiança de Ezequias em Deus, sua confiança na oração e a intervenção de Deus em favor de Jerusalém. Também reconhece as fraquezas humanas de Ezequias e as possíveis consequências de suas ações.

Significado

18.1, 2 O terceiro ano de Oseias é 729 a.C. Os 29 anos do reinado de Ezequias, portanto, incluem um período de corregência com seu pai, Acaz, antes de instituir um governo independente (715—699 a.C.). O nome Ezequias significa o Senhor fortaleceu.

18.3 A avaliação de Ezequias começa da mesma forma que a de seus predecessores, mas depois transcende a da “justiça relativa”, típica dos outros reis de Judá (2 Rs 15.34, 35).

18.4 De maneira consistente, os reis que antecederam a Ezequias são criticados pelo autor por não terem destruído os altos (2 Rs 15.34, 35). Embora a adoração ao Deus verdadeiro fosse cultivada nesses locais, estes se tomaram imorais por causa da adoração a Baal e a Aserá. As reformas de Ezequias incluíram não só a destruição dos objetos de culto pagão introduzidos nos dias de seu pai apóstata, Acaz, mas também da serpente de metal que havia sido preservada desde a época de Moisés (2 Cr 29-31). Símbolos podem facilmente se tornar objetos de adoração. No caso em análise, foi o que ocorreu com esse precioso objeto antigo.

18.5, 6 Não houve seu semelhante entre todos os reis de Judá. A fé de Ezequias não pode ser comparada com a de nenhum outro rei que fora antes dele, após a época de Davi. De modo semelhante, a observância de Josias à Lei era louvável (2 Rs 23.25). A fé de Ezequias forma a base para o relato que vem a seguir.

Por Ezequias confiar no Senhor, ele pôde suportar com coragem a tirania assíria. O Reino do Norte foi dominado pelo rei Salmaneser V em 722 a.C. porque não seguiu os caminhos do Deus santo (v. 9-12), mas a confiança e a fé de Ezequias lhe permitiram enfrentar a última invasão do rei Senaqueribe (701 a.C.) e receber ajuda divina (2 Rs 19.32-36).

18.7, 8 Além de ter se recusado a continuar servindo à Assíria, Ezequias prevaleceu sobre os filisteus. Isto contribuiu para estabelecer Judá como uma nação independente e como uma nova potência na região. Judá não se submeteria mais a ameaças de incursões militares de nações vizinhas em função, simplesmente, da maldade destas.

18.9-23 O fato de o cerco a Samaria ter durado três anos sugere que o sofrimento do povo fora tremendo. O motivo da queda dessa cidade não foi o despreparo de seu exército ou a instabilidade de seus muros. A principal razão foi o povo ter se rebelado contra Deus.

18.13 O ano décimo quarto do reinado absoluto de Ezequias se deu em 701 a.C. Os detalhes do contexto da rebelião que incitou Senaqueribe a invadir a porção oeste do seu império são relatados em seus anais, onde Ezequias é particularmente mencionado por seu envolvimento em todo o caso.

18.14 Pequei. Ezequias se recusara a ser um vassalo da Assíria e agora estava sendo ameaçado por seu exército. Os anais de Senaqueribe relatam como ele invadiu Judá. Com o exército assírio já em Laquis, Ezequias sentiu que estava condenado. Uma das inscrições de Senaqueribe descreve o cerco de Laquis e relata a pesada tributação exigida de Ezequias. Como ele conseguiu corresponder às exigências de Senaqueribe (v. 14-16), o apetite do conquistador pela exploração aumentou ainda mais. Sendo assim, Senaqueribe sitiou Jerusalém (18.13— 19.36).

18.15, 16 Esta remoção de imensas quantidades de prata, de ouro e de objetos preciosos do templo seguiu o modelo do saque da época de Amazias (2 Rs 14.14).

18.17 Os títulos Tartã, Rabe-Saris e Rabsaqué se referem a pessoas que provavelmente ocupavam altos postos na Assíria. Os relatos dos reis assírios sugerem que eles formaram os maiores exércitos já vistos no antigo Oriente Médio, por isso o destaque aos termos um grande exército. Essa vasta tropa estava lotada nas terras de Judá. Quanto ao campo do lavandeiro, situava-se ao noroeste da cidade. Era a área mais vulnerável a ataques.

18.18 Eliaquim era o principal mordomo do palácio (2 Rs 15.5), e Sebna, o escrivão real. Este versículo indica que Eliaquim havia substituído Sebna no ofício de mordomo, como mencionado em Isaías 22.15-25.

18.19 Na literatura do antigo Oriente Médio, a denominação grande rei se reservava para o monarca mais poderoso. Neste versículo, observa-se que a delegação da Assíria entregou um ultimato do rei dessa nação a Jerusalém.

18.20 Rabsaqué questionou a razão da confiança de Ezequias. Talvez a reputação deste rei de confiar em Deus já fosse amplamente conhecida (v. 5). Confiar se tornou o foco da guerra psicológica assíria (v. 19-22,24,30).

18.21 Como o Egito dependia dos canaviais do Nilo, a figura do bordão de cana quebrada é totalmente apropriada. Na verdade, o aviso de Senaqueribe com relação à confiança no Egito foi bem aceito, tendo sido oriundo de Isaías (Is 30.3-5;31.1-3).

18.22, 23 O insulto dos oficiais assírios aos israelitas pela expressão se tu puderes indica que estes não tinham homens suficientes e que o exército que possuíam não fora treinado para o conflito que ocorreria.

18.24, 25 O SENHOR me disse. É provável que os assírios estivessem cientes das profecias a respeito do julgamento de Judá e de Jerusalém e do papel deles como vingadores de Deus (Is 10.5-11). Esta observação tencionou aterrorizar os corações do povo de Jerusalém (2 Cr 32.18) apontando que agora até mesmo o seu Deus estava contra ele.

18.26 Como o siríaco era, nessa época, a língua de comunicação internacional, esperava-se que Rabsaqué conduzisse as negociações diplomáticas com os oficiais em Judá evitando falar o judaico dos cidadãos comuns. Mas os assírios gostavam de discursar ao povo no seu dialeto nativo, para intimidá-lo de forma mais eficaz.

18.27, 28 Comam o seu esterco e bebam a sua urina. Rabsaqué alertou o povo sobre o horror do cerco vindouro utilizando-se de expressões obscenas oriundas do coloquialismo local.

18.29-32 Confiar no SENHOR. A questão sobre a confiança, abordada nos versículos 19 a 24, continuou. Rabsaqué tentou os israelitas a abandonarem a confiança no Senhor para confiarem em Senaqueribe. Ele prometeu que as bênçãos da aliança (v. 31,32; Dt 8.8; Mq 4.4; Zc 3.10) poderiam ser todas deles. A repetição da advertência não deis ouvidos a Ezequias (v. 31,32) tinha como objetivo levar o povo a rebelar-se contra o seu rei. Além disso, Rabsaqué ofereceu aos israelitas uma terra maravilhosa para eles morarem.

18.33-37 A alegação de Rabsaqué de que nenhum dos deuses das nações que se opuseram à Assíria saiu vitorioso fazia parte da guerra psicológica e era também evidência da ciência de Rabsaqué das palavras proféticas de Isaías (v. 25; Is 10.7-11).

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