Estudo sobre Lucas 18

Estudo sobre Lucas 18

Estudo sobre Lucas 18


A parábola do juiz injusto (18.1-8)
Jesus conta agora mais uma parábola, cujo propósito é claramente anunciado: para mostrar-lhes que eles deviam orar sempre e nunca desanimar. E a história de um juiz cínico e sem princípios que permanece impassível diante da súplica por justiça de uma viúva, mas que finalmente resolve a causa dela simplesmente porque os seus constantes apelos estão se tornando um aborrecimento para ele.
Isso é um exemplo excelente da regra de interpretação segundo a qual a lição de uma parábola deve ser encontrada no seu ponto principal, e não nos seus detalhes, pois um juiz que ignora os dois grandes mandamentos, não teme a Deus nem respeita o homem, dificilmente poderia nos ensinar alguma coisa acerca do caráter de Deus. O ensino da parábola está num argumento a fortiori', se um juiz terreno, destituído de todo senso de justiça, cede à inconveniência da viúva por simples fadiga, quanto mais Deus, que gosta de ouvir as orações dos seus filhos, vai ter prazer em responder quando, como nesse caso, a causa for justa.
v. 8-10. É introduzida uma nota apocalíptica; as verdades do capítulo anterior ainda parecem ocupar a mente de Jesus.

(4) A parábola do fariseu e o publicano (18.9-14)
Mais uma vez, uma parábola é introduzida por uma indicação de sua interpretação; ela é contada a alguns que confiavam em sua própria justiça e desprezavam os outros. Um fariseu orando é contrastado com um dos cobradores de impostos (publicam). O primeiro toma a sua posição e agradece a Deus que, ao contrário de outros homens, ele cumpre tudo o que a lei exige e mais ainda. O cobrador de impostos, por outro lado, claramente aflito e atribulado pelo senso de sua própria indignidade, suplica humildemente a Deus por misericórdia. Este homem, diz Jesus, e não o outro, foi para casa justificado diante de Deus.
v. 11.0 fariseu, na verdade, não está orando. Ele não pede nada a Deus, e seu agradecimento é mera formalidade. “De relance, olha para Deus, mas se contempla a si mesmo” (Plummer, p. 417). “Ele agradece a Deus pelo que ele é, e não pelo que Deus é” (J. N. Darby, p. 152). v. 12. Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho\ Os judeus piedosos faziam questão de jejuar na segunda-feira e na quinta-feira; os fariseus davam o dízimo não somente de suas colheitas, como requeria a lei (Dt 24.22,23), mas até de suas ervas da horta (Mt 23.23). v. 13. A aflição do publicano é vista no fato de ele bater no próprio peito; cf. 23.48. Sua única súplica é sua grande necessidade; cf. Dn 9.19.
b) O ensino acerca das crianças (18.15-17)
Cf. Mc 10.13-16; Mt 19.13-15. Essas duas parábolas ocorrem somente em Lucas, mas, no relato do restante da viagem, Lucas novamente segue Marcos. Nesse episódio, os discípulos, sem dúvida querendo poupar o seu Mestre de esforço exagerado, mandam embora crianças que foram trazidas para que ele as abençoasse. Jesus contraria a ordem deles e chama as crianças a si, pois o Reino de Deus pertence aos que são semelhantes a elas.

V. um tratamento mais detalhado no comentário de Mc 10.13-16.
c)    O homem rico (18.18-30)
Cf. Mc 10.17-31; Mt 19.16-30. \Jm homem importante pergunta a Jesus acerca da vida eterna e de como se pode obtê-la. A resposta de Jesus sugere que a pergunta é supérflua, pois as ordens estão nos Dez Mandamentos, e todos podem lê-las. O homem afirma que sempre obedeceu a elas, mas mesmo assim sente a necessidade de algo mais. O Senhor, então, diz que no caso dele a barreira são suas posses; ele precisa abrir mão delas e distribuí-las aos pobres. A precisão do seu diagnóstico é demonstrada pela atitude do inquiridor; ele fica triste em virtude das palavras do Senhor, porque era muito rico (v. 23). Seguem ditos acerca das barreiras erigidas pelas riquezas entre seu possuidor e a verdadeira vida espiritual, e acerca da recompensa daqueles que fazem sacrifício das riquezas por amor a Deus.
v. 18. homem importante'. Os Sinópticos dizem que ele era rico; somente Lucas diz que era importante, e somente Mateus relata que era jovem. v. 22. Marcos acrescenta que “Jesus olhou para ele e o amou”. Ele precisa abrir mão das suas posses não porque a riqueza em si é má, mas porque no caso dele ela o afasta das bênçãos espirituais, v. 25. um camelo'. Não é necessário pensar no fundo de uma agulha como uma porta ou portão dos fundos. A hipérbole é uma figura de linguagem usada com freqüência no ensino do nosso Senhor; cf. 17.6; 6.41; v. tb. Mt 23.24 etc. v. 28,29. Na resposta de Jesus ao comentário de Pedro acerca do que eles, os discípulos, haviam sacrificado, Lucas omite ”irmãs” e “terras”, mas acrescenta mulher ao relato de Mateus/Marcos. Em Mateus, o incidente é seguido da parábola dos trabalhadores na vinha (20.1-16). V. tb. comentário de Mc 10.17-31.

d) A terceira predição da sua morte (18.31-34)
A terceira das predições da Paixão registradas pelos Sinópticos é anunciada nesse ponto (Lucas mesmo tem ainda outra: 17.25). Lucas omite o relato da ambição de Tiago e João de ocupar os lugares mais elevados no reino associado à predição em Mateus e Marcos. Essa predição é a primeira a associar o sofrimento especificamente a Jerusalém; além disso, Lucas menciona que os sofrimentos ocorrerão em cumprimento da profecia do AT. V. comentário de Mc 10.32-34.

e) A aproximação de Jerusalém (18.35—19.27)
(1) A cura do mendigo cego (18.35-43)
Cf. Mc 10.46-52; Mt 20.29-34. Finalmente a longa viagem está quase no fim, e eles chegam a Jericó. No portão da cidade, Jesus realiza um milagre de restauração da visão. Um mendigo chama por ele, suplicando por misericórdia. Marcos identifica o cego como Bartimeu; Mateus diz que havia dois cegos. Ele chama Jesus pelo seu título messiânico Filho de Davi, e Jesus pára e lhe pergunta o que ele quer. Ele pede que sua visão seja restaurada; sua oração é respondida com o comentário de Jesus: A sua fé o curou. O resultado do milagre é que não somente o homem é curado, mas também os espectadores louvam a Deus.

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