Estudo sobre Lucas 20

Estudo sobre Lucas 20




Controvérsia (20.1-44)

Cf. Mc 11.27—12.37; Mt 21.23—22.46. Todos os dias ele ensinava no templo (19.47) descreve sua atividade durante os primeiros dias da semana que vai testemunhar sua crucificação. v. 1. quando Jesus estava ensinando o povo no templo e pregando as boas novas: Estava proclamando as boas novas à sombra da cruz. Os líderes judeus estavam muito desejosos de silenciá-lo, mas diversas razões tornavam isso insensato do ponto de vista deles. Em primeiro lugar, está claro que a irrupção de popularidade que saudou a chegada dele no Domingo de Ramos não diminuiu ainda: todo o povo estava fascinado pelas suas palavras (19.48). Depois, seu ato de protesto contra a comercialização da adoração no templo, sem dúvida, é aprovado por muitos que de forma alguma podiam ser considerados seus seguidores. Em terceiro lugar, enquanto permanecia no templo, estava sob os olhos deles, e possivelmente poderia ser pego em algo que dissesse.

Eles certamente não desistiram. O ciclo agora se completou; o ministério público do nosso Senhor que começou com os fariseus em virtude de sua reivindicação de autoridade singular fecha com mais uma série de conflitos acerca do mesmo tópico.

v. 1-8. Assim, o ataque começa. Eles vêm com um pedido aparentemente sincero de uma declaração da parte dele acerca da fonte da sua autoridade para o que ele faz. Em vez de uma resposta direta, ele lhes faz uma pergunta: O batismo de João era do céu, ou dos homens.? (v. 4). Pegos no dilema entre admitir que eles recusaram o mensageiro do céu e provocar a ira popular ao denegrir a imagem de João, que a essa altura se tornou um herói popular, eles se retiram temporariamente de combate.

v. 9-19. Jesus dá continuidade ao seu ataque com sua parábola dos lavradores maus. O cenário é a vinha de Is 5.1-7; os arrendatários se negam a pagar o que deviam ao proprietário, e maltratam os mensageiros dele. Finalmente ele envia seu filho e herdeiro, a quem os arrendatários matam para que eles mesmos se apossem da herança. O proprietário da vinha executa retribuição sobre os assassinos; a profecia de Sl 118.22,23 é cumprida quando a pedra que é considerada imprópria pelos construtores se torna a pedra angular da construção. Essa pedra, além do mais, traz desastre sobre todo adversário. Não há dificuldade em interpretar a parábola; Isaías revela a identidade da vinha, seu proprietário e os lavradores; os fariseus perceberam que era contra eles que ele havia contado essa parábola (v. 19). Cresce a determinação deles de silenciá-lo.

v. 20-26. Espiões e agentes de provocação são colocados para vigiá-lo e, se possível, pegá-lo em palavras comprometedoras. Lucas não menciona a cooperação dos herodianos que, assim nos contam Marcos e Mateus, os fariseus recrutaram, mas ele reescreve esse versículo introdutório para deixar cristalinas e claras as intenções deles. Eles abrem a questão dos tributos a César, convidando Jesus a dizer ou que era ilegal, o que iria envolvê-lo numa encrenca com os romanos, ou legal, o que poderia indispor seus próprios seguidores. Na sua resposta, Jesus mostra que, ao usarem moedas que trazem a efígie de César, eles estão tacitamente admitindo as reivindicações romanas; e, como diz J. M. Creed: “A resposta de Jesus traz embutidas as implicações de que (1) o relacionamento do homem com Deus é estabelecido por si mesmo e (2) esse relacionamento não justifica a rejeição de César na sua própria esfera”.

v. 27-40. Tendo falhado esse ataque, os saduceus tomam a iniciativa. Acerca dos saduceus e de suas crenças, v. “Saduceus” no NBD. Suas opiniões eram bem diferentes das dos fariseus, cuja tradição oral rejeitavam; eles não aceitavam nada da Bíblia hebraica, a não ser os livros de Moisés, rejeitando a existência de anjos e da verdade da vida após a morte que tinha de ser provada com base nos Profetas e nos Escritos. Eles propõem uma pergunta que, assim esperam, vá mostrar que a sobrevida pessoal após a morte está em contradição com o ensino de Moisés. De acordo com Dt 25.5-10, se um homem morre sem deixar um herdeiro, qualquer irmão não casado dele tem a obrigação de casar com a viúva dele. Os saduceus propõem o caso de uma mulher que sob essa lei casa com sete irmãos em sequência; a pergunta é: De quem ela será esposa na vida por vir? Jesus responde, primeiro, que não há casamento no céu, visto que seres imortais não têm necessidade de procriação; e, em segundo lugar, que o mesmo Pentateuco citado por eles dá testemunho consistente da verdade da vida após a morte, pois aquele que diz (Êx 3.6): [Eu sou o] ‘Deus de Abraão, Deus de Isaque e Deus de Jacó' é o Deus não dos mortos, mas dos vivos! Assim, mais uma tentativa de fazer um ponto no debate não somente falhou mas ricocheteou sobre eles para mostrar como os seus ensinos eram falsos e ocos. v. 37. no relato da sarça: E a forma hebraica de se referir a Êx 3.

v. 41-44. Em Mateus e Marcos, a vitória sobre os saduceus é seguida de uma pergunta concernente ao grande mandamento que Lucas não coloca aqui, mas como prefácio da parábola do bom samaritano (10.25-28). Jesus agora faz uma pergunta aos seus adversários; ela é relatada pelos Sinópticos: Como o Messias pode ser Filho de Davi se em SI 110.1 Davi chama o Messias de Senhori Lucas, eloquentemente silencioso, não registra reação a essa pergunta. Mateus 22.46 nos conta que os judeus são completamente silenciados; Mc 12.37 diz que “a grande multidão o ouvia com prazer”. V. observações detalhadas de Lc 20.1-44 no comentário de Mc 11.27—12.37.


A condenação dos escribas e fariseus (20.45-47)

Incidente registrado também por Marcos e por Mateus de forma mais extensa (Mt 23.1-10). O longo conflito de palavras terminou; Jesus anuncia agora uma denúncia severa contra os escribas (e fariseus, Mt 23.2). V. comentário de Mc 12.38-40, que Lucas traz de forma quase literal.