Interpretação de Gênesis 31

Gênesis 31

Gênesis 31 é um capítulo do Livro de Gênesis que continua a narrativa da vida de Jacó, focando especificamente em sua saída da casa de Labão. Este capítulo é rico em temas sobre dinâmica familiar, orientação de Deus e jornada de Jacó em direção à independência. Aqui estão as principais interpretações e temas de Gênesis 31:

1. Conflito com Labão: O capítulo começa com a tensão entre Jacó e Labão. Jacó tomou conhecimento da crescente hostilidade dos filhos de Labão para com ele, provavelmente devido à prosperidade e ao sucesso de Jacó com os rebanhos de Labão. Essa tensão prepara o terreno para o desejo de Jacob de retornar à sua terra natal.

2. A Prosperidade de Jacó: Apesar das dificuldades que Jacó enfrentou enquanto trabalhava para Labão, ele conseguiu acumular riqueza, principalmente na forma de gado. Esta acumulação de riqueza prenuncia o cumprimento das promessas de Deus de abençoar e multiplicar os descendentes de Jacó.

3. O Chamado de Deus para o Retorno: Deus fala com Jacó, instruindo-o a retornar à terra de seus antepassados. Este chamado divino destaca a orientação contínua de Deus na vida de Jacó, afirmando Sua promessa de estar com Jacó e abençoá-lo.

4. Descontentamento de Raquel e Lia: Raquel e Lia expressam sua insatisfação com seu pai Labão, sentindo que ele as tratou injustamente. Eles acreditam que Labão desperdiçou os seus dotes e que eles e os seus filhos não receberam a herança devida. O seu descontentamento aumenta as tensões crescentes no seio da família.

5. A Partida Enganosa de Jacó: Jacó decide deixar a casa de Labão sem informá-lo. Esta decisão está de acordo com o carácter de Jacó, que muitas vezes incluiu elementos de engano e manipulação, como visto anteriormente nas suas relações com Esaú e Labão.

6. O roubo dos deuses domésticos de Labão por Raquel: Raquel toma os deuses domésticos de Labão, possivelmente por razões supersticiosas ou para obter algum controle sobre seu pai. Seu roubo se torna um ponto de discórdia entre Labão e Jacó mais tarde na narrativa.

7. A perseguição de Labão: Labão persegue Jacó e, quando finalmente o alcança, acusa Jacó de partir secretamente e levar suas filhas e netos sem uma despedida adequada. A perseguição de Jacó por Labão introduz ainda mais tensão e confronto.

8. Intervenção e Aliança de Deus: No meio deste confronto, Deus intervém e avisa Labão para não prejudicar Jacó. Labão e Jacó então fazem uma aliança, prometendo não prejudicar um ao outro. Eles também ergueram uma lápide de pedra como testemunho da aliança.

9. Pedras de Testemunha: O capítulo menciona a colocação de uma lápide de pedra como testemunho da aliança. Tais marcadores eram comuns no antigo Oriente Próximo e serviam como um lembrete visível de acordos e convênios. Neste contexto, simboliza a reconciliação entre Labão e Jacó.

10. O contraste entre Labão e Jacó: O capítulo destaca os personagens contrastantes de Labão e Jacó. Labão é retratado como enganador e egoísta, enquanto Jacó, apesar de sua própria história de engano, parece estar buscando um caminho de independência e um retorno à sua terra natal em resposta ao chamado de Deus.

Em resumo, Gênesis 31 retrata o ápice das tensões dentro da família extensa de Jacó e sua decisão de se afastar da casa de Labão. Ele destaca temas de conflito familiar, orientação divina, acumulação de riqueza e o desenvolvimento contínuo do caráter de Jacó à medida que ele avança em direção à independência e ao cumprimento das promessas de Deus.

Interpretação

31:1-3 O rosto de Labão não lhe era favorável, como anteriormente. Finalmente, o relacionamento entre o tio e sobrinho chegou ao fim. Jacó percebeu que Labão e seus filhos eram-lhe hostis por causa do seu sucesso. Além disso, já possuía riqueza e propriedades suficientes para satisfazê-lo. Assim, quando recebeu ordem do Deus de Betel para se por a caminho, sabia que já era hora de voltar para casa. Vinte anos tinham se passado, durante os quais sua mãe já morrera. Talvez Labão ficasse ainda mais desagradável. Era hora de partir.

31:4-13 Jacó explicou sua decisão às suas esposas, dizendo-lhes como o Anjo de Deus lhe falara em sonho e o encorajara em seu propósito. O “anjo” se identificou com Aquele que apareceu a Jacó em Betel. Era realmente o próprio Jeová.

31:14-16 Lia e Raquel apoiaram fortemente a decisão de Jacó. Elas conheciam seu pai e tinham perdido o amor e o respeito por ele. Lembraram-se que recebera quatorze anos de trabalho de Jacó sem lhes dar a parte que uma noiva tinha direito de receber. Não nos considera ele como estrangeiras? disseram. Pois nos vendeu, e consumiu tudo o que nos era devido (v. 15 ).

31:17-21 Jacó aprontou seus rebanhos, gado, filhos e propriedades para a longa viagem, e aguardou que Labão saísse para o festival da tosquia. Enquanto isso Raquel providenciou que Jacó pudesse reclamar uma boa parte dos direitos hereditários levando consigo os ídolos do lar ou tereipim (cons. latim penates), altamente estimados por Labão. As placas de Nuzu datadas do século quinze A.C. indicam que a posse dos tereipim tornava o proprietário o herdeiro principal. Evidentemente Raquel não aprendera a confiar em Jeová para suprimento de suas necessidades. Jacó fracassou em ensinar a sua família a confiar e adorar a Deus de todo o coração. Dali a pouco Jacó e o seu grupo partiram de Harã, atravessaram o Eufrates e viajaram o mais rapidamente possível na direção de Canaã. Seu destino imediato eram as montanhas de Gileade no lado oriental do Rio Jordão.

31:22-24 Labão... saiu-lhe no encalço. Depois de três dias Labão ficou sabendo da fuga. Labão logo conseguiu organizar seus homens para a perseguição, já estava a caminho para os alcançar. Embora fosse uma viagem de 480 kms, ele conseguiu alcançar o grupo fugitivo nas montanhas de Gileade. No caminho Labão recebeu uma estranha mensagem de Deus, uma ordem de abster-se de fazer qualquer pressão contra Jacó. Não devia falar bem nem mal, isto é, não devia dizer nada.

(Os opostos são frequentemente usados nas Escrituras para indicar totalidade.)

31:23-25 Labão não poderia ser detido por visitações divinas. Deu início ao seu protesto, expressando grande desespero ao ver suas filhas e netos arrastados para fora de sua casa sem as devidas despedidas. De repente fez a pergunta: Por que me furtaste os meus deuses? Referia-se aos seus tereipim (v. 30; cons, 19). Evidentemente Labão estava mais preocupado com as imagens do que com a família de Jacó. Uma busca mostrou-se infrutífera e os pequenos “deuses” não foram achados, porque Raquel os escondera na cesta de vime que fazia parte da sela sobre a qual estava assentada. Esta sela de um camelo (v. 34) proporcionava às senhora do Oriente um pouco de conforto e intimidade durante as viagens.

31:36-55 Sem dúvida Jacó sentiu grande alívio em poder replicar a Labão. A atmosfera clareou-se e Labão abandonou a sua mordacidade. Os dois homens fizeram um acordo, ratificando-o e comemorando o acontecimento com o levantamento de uma coluna de pedras no alto da colina. A coluna constituiu o que foi chamado de Mispa ou “posto de observação”, de onde um observador podia ver toda a terra em ambas as direções. Indicava suspeitas e falta de confiança. Ao levantar essa coluna os homens queriam dizer que estavam convidando Jeová para se assentar ali e observar as duas pessoas nas quais não se podia confiar. Deus tinha de ser uma sentinela para vigiar Labão e Jacó, na esperança de que a luta fosse evitada. Jacó foi obrigado a prometer que trataria as filhas de Labão com bondade e consideração. Nenhuma das duas partes deveria atravessar a fronteira estabelecida para praticar violência contra a outra. Jamais uma deveria prejudicar a outra.

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