Interpretação de Gênesis 30

Gênesis 30

Gênesis 30 continua a enfocar a dinâmica familiar e os relacionamentos de Jacó e suas esposas, Lia e Raquel. Este capítulo investiga temas como fertilidade, competição e intervenção de Deus. Aqui estão as principais interpretações e temas de Gênesis 30:

1. Competição pelos Filhos: No cerne de Gênesis 30 está a intensa competição entre as esposas de Jacó, Lia e Raquel, para ter filhos. No antigo Oriente Próximo, o valor e o status de uma mulher estavam muitas vezes intimamente ligados à sua capacidade de gerar filhos. Lia, que inicialmente levava vantagem nesse aspecto, vê a beleza de Raquel e deseja o carinho de Jacó, gerando uma rivalidade centrada no parto.

2. Fertilidade de Lia: Lia dá à luz quatro filhos: Rúben, Simeão, Levi e Judá. Cada nascimento reflete seu desejo pelo amor e atenção de Jacob. Os nomes que ela dá aos filhos expressam seus sentimentos e esperanças, com nomes como Rúben (que significa “Veja, um filho!”) e Judá (que significa “Louvor”).

3. Esterilidade de Raquel: Raquel, por outro lado, permanece estéril, o que é fonte de grande angústia e ciúme para ela. Ela finalmente dá sua serva, Bilá, a Jacó como concubina, e através de Bilá, Jacó tem dois filhos, Dã e Naftali. Essas crianças são consideradas filhos de Raquel, e essa prática de usar servas como procriadoras era comum naquele contexto cultural.

4. O uso de sua serva por Lia: Vendo o sucesso de Raquel em gerar filhos por meio de sua serva, Lia adota uma abordagem semelhante e dá sua serva, Zilpa, a Jacó. Através de Zilpa, Lia tem mais dois filhos, Gade e Aser.

5. Mandrágoras e Pechinchas: Raquel obtém mandrágoras, que se acredita aumentarem a fertilidade, e faz um acordo com Lea para trocá-las pela noite com Jacob. Este evento destaca ainda mais a competição entre as irmãs pelo carinho de Jacob e o desejo de ter mais filhos.

6. A Intervenção de Deus: O capítulo enfatiza o papel de Deus na concessão ou retenção da fertilidade. Em resposta à oração de Lia, Deus abre seu ventre e ela dá à luz mais dois filhos, Isacar e Zebulom, e uma filha, Diná. Esses nascimentos são vistos como evidência do favor de Deus para com Lia.

7. As Doze Tribos de Israel: O nascimento dos doze filhos (incluindo José, que nascerá mais tarde) e de uma filha estabelecem as bases para as doze tribos de Israel. Estas tribos desempenharão um papel significativo na narrativa bíblica e na história dos israelitas.

8. Simbolismo dos Nomes: Os nomes dados às crianças refletem os sentimentos, as circunstâncias e as esperanças das suas mães. Esses nomes servem como forma de expressão e narrativa dentro da narrativa.

9. Poligamia e Dinâmica Familiar: Gênesis 30 fornece um vislumbre das complexidades de uma estrutura familiar poligâmica e das tensões que dela surgem. Também sublinha o impacto emocional que a competição, o ciúme e o desejo de reconhecimento podem ter sobre os indivíduos e as suas relações.

Em resumo, Gênesis 30 é um capítulo que explora a dinâmica de uma família complexa, movida pelo desejo de ter filhos e pelos afetos de Jacó. Ilustra o significado cultural da fertilidade, a competição entre irmãs e o papel de Deus na concessão ou retenção de bênçãos. Em última análise, prepara o terreno para a continuação da história de Jacó e o desenvolvimento das doze tribos de Israel.

Interpretação

30:1-13 Raquel também sofria, pois sua esterilidade não se alterava e ela não estava dando filhos a Jacó. O hebraico qeini', ciúmes, envolve nele o sentimento de alguém que já aguentou o máximo. Inveja, descontentamento, petulância marcavam sua voz, sua linguagem e sua expressão facial. Lia, Raquel e Jacó eram todos infelizes. Seus problemas domésticos e sofrimento tornavam suas palavras e atitudes indignas, desnecessárias e indecorosas. Tentativas humanas de se remediar a situação provaram-se insatisfatórias. O oferecimento de Bila e Zilpa como esposas secundárias para ajudarem a “edificar” a família, só tornou a situação ainda mais dolorosa. Filhos nasciam, mas os corações continuavam em desarmonia e infelizes. Além dos seis filhos e uma filha (ao menos) de Lia, dois filhos nasceram de Bila e dois de Zilpa.

30:14-24 Raquel tentou usar mandrágoras (dudei'im) para induzir a fertilidade. Essas mandrágoras eram popularmente chamadas de “maçãs do amor”. Ryle diz: “A mandrágora é uma planta tuberosa, como fruto amarelo semelhante à ameixa. Supunha-se que agia como um talismã do amor. Amadurece em maio, o que está de acordo com a menção (v. 14) dos dias da ceifa do trigo” (Cambridge Bible, in loco). Raquel continuou estéril apesar do supersticioso talismã . A situação estava nas mãos do Senhor e Ele não permitiria que tentativas humanas a mudassem. Finalmente, lembrou-se Deus de Raquel, ouviu-a e a fez fecunda. Ela concebeu, deu à luz um filho... e lhe chamou José (vs. 22-24). Na hora determinada por Ele, Jeová deu a resposta. Retirou o vexame de Raquel e a encheu de alegria e louvor.

30:25-30 Disse Jacó a Labão: Permite-me que eu volte... à minha terra. Quanto José nasceu, Jacó já terminara de pagar todo o seu débito a Labão, e queria retornar a Canaã. Se tivesse partido nessa ocasião só teria levado consigo sua família; nada possuía. Pediu ao tio que o deixasse voltar para casa. Labão declarou que recebera revelação especial (tenho experimentado) por meio de mágica ou adivinhação dos seus deuses domésticos, que devia manter Jacó por perto a fim de garantir o seu sucesso e prosperidade.

30:31-36 Ofereceu a Jacó que estipulasse seu salário. Imagine a sua surpresa quando o seu sobrinho lhe fez uma contra-oferta que lhe pareceu esmagadoramente a seu favor. Na Síria as ovelhas são brancas e as cabras são negras, com muito poucas exceções. Jacó ofereceu-lhe para começar o seu acordo imediatamente, aceitando como suas as ovelhas que não fossem brancas e as cabras que não fossem negras, deixando o restante para Labão. Assim, ambos os patrimônios poderiam prosperar. Labão aceitou a oferta imediatamente. Naquele mesmo dia levou para uma distância segura todas as ovelhas e cabras “fora de série” para que Jacó não tivesse com o que começar. Os animais que ele separou entregou a seus filhos. Foi um ardil baixo e covarde Labão acreditava que tornara impossível a vitória de Jacó, porque removera todo o capital de Jacó antes de começar a competição.

30:37-42 Mas Jacó não se entregava tão facilmente assim. Ele usou de três expedientes para derrotar seu tio. Colocou varas listadas diante das ovelhas nos locais onde bebiam água, para que o colorido das crias ficasse sujeito à influência pré-natal. É fato estabelecido, declara Delitzsch, que se pode garantir crias brancas nas ovelhas colocando muitos objetos brancos junto dos bebedouros (New Commentary on Genesis, in loco). Jacó também separou do rebanho os cordeiros e cabritos listados e salpicados. mas os manteve à vista das ovelhas, para que estas fossem influenciadas. Seu terceiro expediente foi deixar que essas influências predeterminantes agissem sobre as ovelhas mais fortes, para que os seus cordeiros e cabritos fossem mais fortes e mais viris que os outros. Jacó foi bastante astuto para recorrer à influência pré-natal e reprodução seletiva.

30:43 Como resultado desse esquema, dentro de poucos anos Jacó ficou imensamente rico em ovelhas e cabras. Embora tivesse usado a sua cabeça, ele foi o primeiro a declarar que o Senhor interveio na sua vitória. Jeová tornava possível que o patriarca retornasse a terra prometida com recursos, vindo a ser o príncipe de Deus, que executara à vontade divina.

Índice: Gênesis 1 Gênesis 2 Gênesis 3 Gênesis 4 Gênesis 5 Gênesis 6 Gênesis 7 Gênesis 8 Gênesis 9 Gênesis 10 Gênesis 11 Gênesis 12 Gênesis 13 Gênesis 14 Gênesis 15 Gênesis 16 Gênesis 17 Gênesis 18 Gênesis 19 Gênesis 20 Gênesis 21 Gênesis 22 Gênesis 23 Gênesis 24 Gênesis 25 Gênesis 26 Gênesis 27 Gênesis 28 Gênesis 29 Gênesis 30 Gênesis 31 Gênesis 32 Gênesis 33 Gênesis 34 Gênesis 35 Gênesis 36 Gênesis 37 Gênesis 38 Gênesis 39 Gênesis 40 Gênesis 41 Gênesis 42 Gênesis 43 Gênesis 44 Gênesis 45 Gênesis 46 Gênesis 47 Gênesis 48 Gênesis 49 Gênesis 50