Significado de Juízes 9

Juízes 9

9:1-57 O violento desejo de Abimeleque por poder é o tema do capítulo 9: As sementes de sua ofensa foram lançadas na persistente infidelidade de Israel a Deus, o que levou a outra rejeição do Senhor (Jz 8.22, 24-27, 33-35).

9:1-6 Abimeleque matou seus próprios irmãos, a fim de fortalecer seus objetivos de liderança. Ele começou indo a Siquém, onde, ironicamente, Israel tinha reafirmado a aliança anos antes (Js 24), ganhou a confiança dos habitantes de Siquém (Jz 9:2) e contratou homens para assassinar seus irmãos mas um não foi morto. Abimeleque foi feito rei em Siquém (Jz 9:6).

9:4, 5 A casa de Baal-Berite era um santuário pagão, um claro sinal da contínua apostasia de Israel (Jz 8.33). Homens ociosos e levianos. O caráter de Abimeleque pode, com certeza, ser julgado pelas pessoas com quem ele andava. O mesmo se aplica a Jefté (Jz 11.3).

9:6 Tristemente, a coroação aconteceu junto ao carvalho alto, onde Jacó enterrou os deuses estrangeiros muitos anos antes (Gn 35.4). Lá, também, Josué comemorou sua aliança com Deus (Js 24.26).

9:7-21 Jotão, o único irmão que escapou com vida, condenou a traição de Abimeleque publicamente, contando uma fábula (história na qual certas criaturas assumem características humanas). Nela, as nobres árvores da floresta rejeitam o chamado para se tornarem líderes reais, algo que, finalmente, é conferido ao inferior espinheiro (Jz 9:8-15). A fábula acusa os habitantes de Siquém de terem escolhido o desprezível Abimeleque como rei. No entanto, a história não é uma acusação aos reis em geral (Jz 8.23).

9:20, 21 Saia fogo. Jotão deu um aviso para as pessoas de Siquém: o fogo iria devorá-las caso não agissem adequadamente. A ameaça se cumpriu quando as chamas consumiram um grande número de habitantes de Siquém, e Abimeleque foi abatido por uma mulher do mesmo lugar (Jz 9:49, 54).

9:22-55 Rapidamente, a harmonia entre Abimeleque e os habitantes de Siquém desapareceu. Abimeleque, que contava com as pessoas locais para continuar no poder, naquele momento, tinha-se tornado alvo da atitude traiçoeira do povo (Jz 9:22-25). Esta discórdia transformou-se em uma conspiração sob a liderança de Gaal, filho de Ebede (Jz 9:26-33). O rei reprimiu qualquer possível revolta e atacou o povo de Siquém neste processo (Jz 9:34-45). Além disso, também queimou a fortaleza da cidade e sua torre (Jz 9:46-49). O próprio Abimeleque teve um fim terrível em uma localidade próxima, Tebes (Jz 9:50-55).

9:22 A raiz hebraica para dominado [suwr], neste contexto, é uma cujo substantivo, geralmente, é traduzido como príncipe ou comandante. Ela é indiscutivelmente importante, tanto que o narrador não usa a palavra comum para reinar, que fora usada em Juízes 8.22, 23, ou para dominar. O desprezível Abimeleque, que fora feito rei pelo povo (Jz 9:6), só poderia reinar, na verdade, como um comandante secundário e não como um verdadeiro rei.

9:23-27 A expressão um mau espírito [hb. ruwach ra‘] pode ser traduzida literalmente como um espírito maligno. A única outra pessoa nas Escrituras cuja aflição foi descrita com as mesmas palavras é Saul (1 Sm 16.14, 15, 16, 23; 18.10; 19:9). Neste trecho, o espírito causa dissensão entre Abimeleque e os moradores de Siquém. Alguns estudiosos acreditam que Deus tenha mandado um demônio para atormentar Saul, bem como afligir Abimeleque e os habitantes da cidade. Entretanto, isso vai contra nosso entendimento da natureza de Deus. Uma explicação plausível é a de que o Senhor foi o responsável pela desavença entre os dois lados, porque ambas as partes tinham pecado (Jz 9:1-6) e mereciam julgamento. E válido lembrar que espíritos malignos afligiram os dois primeiros reis de Israel, os quais eram indignos candidatos para a tarefa. Abimeleque fez-se rei por meio de ações desleais e exerceu a autoridade de forma abjeta quando estava no poder. Saul, igualmente, chegou ao poder por causa dos imprudentes desejos do povo de Israel e demonstrou rapidamente sua impropriedade para o cargo, apesar de sua clara unção. Na verdade, Davi foi aquele que mostrou o padrão para os futuros governantes de Israel. Ele é o primeiro rei que prestou atenção à sabedoria divina e foi favorecido pela presença especial do Espírito de Deus desde o dia em que foi ungido em diante (1 Sm 16.13).

9:28-36 Gaal faz uma série de perguntas desdenhosas e retóricas sobre Abimeleque.

9:37, 38 Caminho do carvalho (leia Jz 6.11 para saber mais sobre árvores como marcos). Onde está agora a tua boca. Esta foi a pergunta provocativa de Zebul para Gaal, fazendo uso do escárnio, a fim de que ele sustentasse as orgulhosas palavras que havia proferido anteriormente Qz 9:28).

9:39-43 É interessante notar que Abimeleque dividiu sua força em três bandos [três companhias NVI] para atacar Siquém, talvez imitando o sucesso de seu pai com os três esquadrões (Jz 7.16).

9:44, 45 Espalhar sal sobre a cidade de Siquém tinha o objetivo de torná-la infrutífera, um deserto inabitável. Veja a associação do sal e da esterilidade em Jeremias 17.6.

9:46, 47 A palavra hebraica para fortaleza [tseriyach] usada aqui é rara e pode significar cômodo fortificado ou algo como compartimento subterrâneo. O termo ocorre novamente no versículo 49 (fortaleza) e em 1 Samuel 13.6 (covas). Casa do deus Berite. Em hebraico, a expressão é escrita El-Berite [‘el Beriyth]. El pode ser traduzido como deus, mas também é o nome de uma divindade cananeia bastante conhecida o pai de Baal. O deus Berite significa El-Berite, o Baal-Berite citado em Juízes 8.33.

9:48-52 A localização do monte de Salmom é incerta. Alguns estudiosos fazem sua correlação com o monte Ebal, a noroeste de Siquém. Outros o identificam com o monte Gerizim, também próximo a Siquém. O monte Salmom, coberto de neve, citado em Salmo 68.14, aparentemente é um lugar diferente.

9:53 Um pedaço de uma mó. Os moinhos usados para triturar os grãos possuíam comumente duas grandes mós [pedras em forma de círculo]. A que ficava em cima movia-se de um lado para o outro ou rodava sobre a que ficava embaixo, e os grãos eram moídos entre as duas mós. Uma pedra de moinho racharia facilmente o crânio de Abimeleque, como afirma este versículo.

9:54, 55 Mata-me. Ser morto por uma mulher era uma desgraça para um guerreiro.

9:56, 57 A chave para entender o destino de Abimeleque pode ser encontrada nos comentários dos versículos 23, 24, 56 e 57 deste capítulo. Ele não era um verdadeiro rei e havia estabelecido seu domínio por meio da morte. Deus interveio na sorte de Abimeleque, retribuindo suas ações malignas contra seus irmãos. Note que o pecado dele foram os assassinatos (v. 56), e não sua consagração como rei. A fábula de Jotão provou ser profética: o fogo que consumiu os cedros (Jz 9:15, 20) queimaria Siquém e Abimeleque morreria (Jz 9:49, 53).

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