Significado de Juízes 5

Juízes 5

5:1-31 Este capítulo contém a canção da vitória de Débora e Baraque. O hino louva a Deus pelo triunfo sobre os cananeus e carrega o cunho do hebraico arcaico. Suas límpidas descrições dos acontecimentos transmitem a sensação de que foram transmitidas por testemunhas: Débora e Baraque. O cântico relembra a canção de vitória de Moisés e Miriã em Êxodo 15:

5:1 E cantou Débora e Baraque... [Embora o sujeito dessa frase seja composto (Débora e Baraque), na versão ARC]. O verbo cantar está no singular, talvez para indicar que apenas Débora tenha cantado ou referir-se à proeminência dela, como profetisa, sobre Baraque (Jz 4-8, 9).

5:2-9 A introdução do hino é realçada por apelos de adoração no início e no final louvai ao Senhor (Jz 5:2, 9). O versículo 3 também contêm um chamado de adoração similar encontrado em muitos salmos.

5:2, 3 Os chefes se puseram à frente. Esta expressão literalmente significa aqueles que têm os cabelos compridos e que os deixaram soltos. O significado exato não é sabido ao certo, mas, talvez, indique que madeixas soltas ou cabelos esvoaçantes eram sinais de grande força ou liderança. O povo se ofereceu voluntariamente. Trata-se da satisfeita cooperação dos israelitas. O termo em hebraico [nadab] tem relação com a expressão oferta voluntária (Lv 7.16; 22.23). O espírito de comprometimento por vontade própria aqui se assemelha a Êxodo 36, quando o povo se prontificou a dar seus pertences para a construção do tabernáculo de tal forma que Moisés teve de dizer aos israelitas que parassem de ofertar, ou a Esdras 1, onde um contexto semelhante é encontrado. Observe também as igrejas da Macedônia do Novo Testamento, que, de livre e boa vontade, deram generosamente de sua pobreza (2 Co 8.1-4).

5:4, 5 Uma rápida revisão histórica, agora, segue ao chamado de adoração dos versos 2 e 3. Estes versículos fazem referência à marcha do Senhor de Seir e Edom, e mais especificamente, aludem à transferência da “residência” divina do deserto (monte Sinai) para Canaã, ao longo da terra de Edom. Isso corresponde ao deslocamento do povo de Deus da parte norte do Sinai (Cades) até Canaã (Nm 10.12; 20.22).

5:6-8 Outra revisão histórica se segue à primeira, detalhando o estado desolador da situação, até que Débora emergiu como a libertadora (Jz 5:6, 7). Israel tinha até escolhido novos deuses, o que resultou no julgamento divino (Jz 5:8; 10.14).

5:7-9 A expressão mãe em Israel ocorre duas vezes no AT: neste trecho e em 2 Samuel 20.19. Este título é dado a Débora como símbolo de honra, respeito e proeminência.

5:10-18 Esta seção começa novamente com chamados à adoração nos versículos 10-12. O versículo 13 descreve a batalha em termos gerais. Os versículos 14, 15 e 18 louvam as tribos que acataram o chamado de Débora. Dez, das 12 tribos, são mencionadas aqui; cinco tribos e meia de forma favorável, porque elas responderam à convocação de Débora e Baraque. Quatro tribos e meia são criticadas pelo fato de não se terem juntado aos seus conterrâneos: Rúben (Jz 5:15, 16), Gade, a metade leste de Manassés (Gileade), Dã e Aser (Jz 5:17). Judá e Simeão não são citadas no cântico nem n a capítulo 4.

5:10-13 Este versículo evoca todas as classes da sociedade para transmitirem o testemunho das poderosas ações divinas, desde as classes governantes, aquelas que cavalgam sobre jumentas brancas, até as classes mais baixas, as que andam pelo caminho.

5:14-16 Maquir, um notável guerreiro (Js 17.1), é identificado neste contexto como a parte oeste de Manassés, em cujo território a batalha ocorreu. Em outros lugares, Maquir é identificado como a parte leste de Manassés (Js 13.30, 31).

5:17, 18 A referência a Dã como se detendo em navios, provavelmente, reflete a localização de sua herança original, que ficava ao longo da planície costeira centro-sul, por onde os israelitas teriam acesso ao mar (Js 19.40-46). Mais tarde, os danitas foram forçados a sair de seu território, migrando para o norte Qz 1.34; 18.1; Js 19.47). Por isso, alguns estudiosos associam os danitas aos danunianos, um povo do mar que invadiu o leste mediterrâneo pouco depois de 1200 a.C. Entretanto, a Bíblia estabelece claramente a existência da tribo de Dã muitos anos antes (Gn 30.6; 49.16-18).

5:19-23 A vitória propriamente dita é descrita neste trecho em termos claros, e uma maldição é proferida sobre Meroz, outro local desconhecido (Jz 5:23). As próprias estrelas lutaram contra Sísera (Jz 5:20), uma clara metáfora da intervenção divina. A passagem de Juízes 4-15 declara: E o SENHOR derrotou a Sísera, e todos os seus carros, e todo o seu exército a fio de espada, diante de Baraque. O bater frenético dos cascos dos cavalos, pelo galopar, o galopar dos seus valentes, indica o caos causado pelas águas do ribeiro de Quisom (Jz 5:21, 22; Jz 4.7).

5:24-30 O poema, agora, contrasta as duas mulheres que serviram Sísera: Jael, que o matou (Jz 5:24-27), e sua mãe, a qual ansiava por seu retorno (Jz 5:28-30). A mãe de Sísera aparece pela primeira vez. Em sua vã espera, ela e suas acompanhantes iludem-se enquanto sonham imaginando as glórias que ele estaria recebendo.

5:25-27 O poema fala de Sísera encurvando- se e caindo, estirado entre os pés de Jael, pois recebeu dela um golpe que lhe rachou a cabeça. A passagem declara que Sísera já estava deitado quando ela o atingiu (Jz 4-21). O poema usa uma linguagem viva e emotiva, que se repete várias vezes, a fim de valorizar a questão. A morte de Sísera foi, provavelmente, muito sangrenta, algo que o trecho de narrativa não torna explícito.

5:28-30 O objetivo da patética história da mãe de Sísera não é gerar simpatia por ela, mas, sim, lembrar-nos do esplêndido feito de Jael. A mãe de Sísera esperava que seu filho enchesse seu povo de grandes despojos. Mas, em vez disso, ele caiu morto nos pés de Jael. Lemos três vezes no AT acerca de mulheres que olham pela janela: a mãe de Sísera, a filha de Saul, Mical (2 Sm 6.16), e Jezabel (2 Rs 9.30). As três se opuseram à vontade de Deus e sofreram as consequências.

5:31 O hino termina com o louvor ao Senhor, como muitos salmos fazem. Este versículo fala de outro período de 40 anos de descanso (cf. Jz 3.11).

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