Significado de Juízes 3

Juízes 3

3:1-6 Esta passagem conclusiva demonstra que Deus pretendia pôr Israel à prova (Jz 2.22; 3:1, 4). O resultado final de ser aprovado no teste (cf. 2 Tm 2.15) é a recompensa de seu reino (2Tm 2.12; Tg 1.12). Tudo agora é preparado para as passagens dos juízes que libertariam Israel.

3:1, 2 Para por elas provar a Israel. Na verdade, este processo era uma prova de fogo. A ideia de um teste implica dificuldade e adversidade. Em outros contextos, a mesma palavra faz menção aos testes de Abraão (Gn 22.1) e Ezequias (2 Cr 32.31). Nesta passagem, Deus pôs Israel à prova para refiná-lo.

3:3 Cinco príncipes dos filisteus. Leia Josué 13:3: Sidônios. Sidom era uma cidade portuária a noroeste de Israel, onde, hoje, está o Líbano. Este povo fazia parte da ampla cultura cananeia e adorava muitos deuses. Pouco é sabido acerca dos heveus. Pela descrição geográfica neste versículo, eles, aparentemente, moravam na parte norte da Palestina (Js 9.7). As montanhas do Líbano estavam além dos limites ao norte de Israel. Evidentemente, nações hostis cercavam Israel por todos os lados.

3:4-6 Cananeus: para os vários povos citados neste versículo, leia Josué 3:10.

3:7-16.31 A parte principal do livro de Juízes discorre sobre 12 pessoas, as quais Deus apontou para libertar Israel das várias crises.

3:7-11 O primeiro juiz foi Otniel, que libertou Israel de Cusã-Risataim, rei da Mesopotâmia. Os versículos 7 e 8 repetem muito do conteúdo de Juízes 2.11-14. Por causa do pecado dos israelitas, Deus permitiu que eles ficassem nas mãos dos estrangeiros durante oito anos.

3:7 Aos baalins e a Astarote. O plural é usado, originalmente, para os dois deuses, porque cada um era adorado de diferentes formas em várias comunidades locais. Em Números 25.5, a adoração a Baal-Peor é mencionada. Nomes de lugares, tais como monte de Baal-Hermom (Jz 3:3), Baal-Gade (Js 11.17), Baal-Hazor (2 Sm 13:23) e Baal-Hamom (Ct 8.11), ocorrem com certa frequência. Baal-Berite (o Baal possuidor de um pacto) era outra manifestação desse ídolo que foi adorado pelos israelitas (Jz 8.33). (Para saber sobre Astarote, outra deusa cananeia, leia Juízes 2.13:)

3:8 Cusã-Risataim estava muito mais longe do que os outros inimigos de Israel. E notável que Otniel, vindo de Judá, uma região distante ao sul, tivesse sido escolhido para liderar esta campanha. O nome Cusã-Risataim significa Cusã de Perversidade Dobrada. Este pode não ter sido seu nome real, mas, sim, uma designação dada pelo autor de Juízes para ridicularizá-lo. Note que o termo é encontrado quatro vezes em dois versículos (8 e 10), o que pode sustentar a ideia de que o escritor estava zombando do rei.

3:9, 10 Otniel foi o herói que tomou a cidade de Quiriate-Sefer (Jz 1.13; Js 15.17). Ele vinha de Judá e era um parente próximo, o cunhado de Calebe. O Espírito do Senhor veio sobre ele, e assim Otniel prevaleceu sobre Cusã-Risataim.

3:11 A terra sossegou quarenta anos. Esta é a primeira das diversas referências aos períodos de 40 ou 80 anos de paz do livro de Juízes (Jz 3:30; 5.31; 8.28).

3:12-30 O segundo juiz foi Eúde, que libertou Israel de Eglom, rei de Moabe. Os versículos 12-14 nos fornecem as informações anteriores, começando com a apostasia do povo e a consequente conquista de Eglom, a qual durou 18 anos (o versículo 14 alude ao 8). A história da morte de Eglom é clara e horripilante, retratando a violência e o caos desse período da história de Israel. Contudo, também é uma obra-prima literária, tecendo habilmente detalhes em uma indiscutível narrativa.

3:12 Moabe era um planalto a sudoeste do mar Morto. Foi habitado por pastores nômades e agricultores em pequenos assentamentos agrários, mas não tinha grandes cidades. O ancestral dos moabitas foi o filho que nasceu do relacionamento incestuoso entre Ló e sua filha mais velha (Gn 19.37). Portanto, os moabitas e os israelitas eram parentes distantes. A Bíblia frequentemente menciona os conflitos entre os dois povos, exceto o livro de Rute, o qual relata acontecimentos concernentes a um tempo de relações estáveis entre Moabe e Israel. Os moabitas adoravam Quemos [Camoesh, Camos, ou Moloque; deus da mitologia suméria e acádia] e sua irmã Ishtar, bem como a Baal, seu consorte. O nome Ishtar pode aparecer traduzido nas Bíblias em português como Astarote ou Astarte.

3:13-18 A cidade das Palmeiras era Jericó (Jz 1.16). Foi a única cidade tomada por Eglom que se tem registro, embora ele tenha subjugado os israelitas por 18 anos (Jz 3:14). E notável a referência a Jericó visto que ela tinha sido completamente destruída por Josué. Entretanto, os israelitas podem ter reconstruído o lugar por causa de sua abundância de água doce e localização estratégica, vantagens que Eglom, certamente, notou.

3:19 A palavra hebraica para imagens [pacíyl] é usada, muitas vezes, em referência aos ídolos feitos de madeira, pedra ou metal (Dt 7.5, 25; Is 10.10; Os 11.2). As imagens foram claramente importantes neste trecho, e proeminentes o bastante para servirem como divisas, visto que elas aparecem novamente no versículo 26, figurando na passagem da fuga de Eúde após o assassinato de Eglom. Gilgal foi o local do primeiro acampamento israelita em Canaã e um importante centro religioso (Js 4-19).

3:20-23 Cenáculo fresco. Nas cidades antigas, o ambiente mais fresco em uma casa era o telhado (compare com o quarto no andar de cima que a mulher sunamita e seu marido fizeram para o profeta Eliseu 2 Rs 4.10).

3:24, 25 E saiu ao excremento. Trata-se de uma forma de dizer que o rei defecou (1 Sm 24.3).

3:26 Seirá só é mencionado na Bíblia, e sua localização é incerta.

3:17-30 A buzina descrita no versículo 27 é um chifre de carneiro, que só podia emitir sons rústicos e servia para alertar as pessoas (Js 6.5).

3:31 Sangar é somente citado aqui e em Juízes 5.6. Esta passagem curta não se encaixa ao padrão normalmente associado ao aparecimento dos juízes. Neste trecho, não há a habitual introdução de apostasia e pecado. Cronologicamente, este versículo pode estar fora de lugar, pois o capítulo seguinte começa com a morte de Eúde, o juiz anterior. Além disso, Sangar libertou Israel, mas não o julgou. Até mesmo o nome Sangar não é hebraico, contudo, ele era filho de Anate, um claro nome semítico. Isso pode indicar que ele vinha da cidade de Bete-Anate na Galileia. Entretanto, é mais provável que Anate seja derivado do nome da deusa guerreira cananeia. Se for esse o caso, é bastante irônico, então, que Deus tenha usado um guerreiro estrangeiro para libertar Israel.

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