Significado de Juízes 16

Juízes 16

16:1-31 O capítulo 16 apresenta a conclusão das histórias de Sansão. A relação de Sansão com mais duas mulheres filisteias é detalhado nesta passagem. Os versículos 1-3 falam de uma noite com uma prostituta em Gaza, e, em seguida, outra demonstração de força. Os versículos 4-22 registram seu tolo envolvimento com Dalila, que o levou à ruína. Contudo, a narrativa termina com a destruição dos filisteus em seu templo pagão executada por Sansão.

16:1 Gaza é uma das cinco principais cidades filisteias que ficava a cerca de 5 km da costa do Mediterrâneo. Uma mulher prostituta [‘ishshah]. Três palavras hebraicas são comumente usadas para prostitutas. Uma é ‘ishshah [neste versículo]; a outra é qadesh. Ambas são usadas para aludir à prostituição cultual praticada pelos sacerdotes e sacerdotisas que tinham relações sexuais como forma de culto aos deuses pagãos (1 Rs 14.24; Os 4.14). O outro termo alude à meretriz comum [zanah], tal qual aquela com quem Sansão teve relações neste trecho.

16:2 Aporta lê-se originalmente na porta. Os portões do começo da Idade do Ferro tinham a altura de, pelo menos, dois pavimentos, com postos de vigia em cada lado de uma abertura estreita. Os filisteus esperaram em recuos do portão, na esperança de pegar Sansão em uma armadilha. Ele, evidentemente, passou despercebido enquanto os filisteus aguardavam em seus postos.

16:3 Considerando o tamanho das portas das cidades, o feito de Sansão foi surpreendente. Hebrom ficava a 65km a leste de Gaza, e a ida de Sansão ao topo de uma colina que fica defronte a Hebrom deve ter tomado grande parte de um dia.

16:4-22 A passagem da ruína de Sansão mostra Dalila cooperando com os líderes dos filisteus que queriam capturá-lo. Após três tentativas mal-sucedidas, ela conseguiu convencer Sansão a revelar a fonte de sua força: os longos cabelos. Quando ele quebrou a última estipulação do voto nazireu, deixando que lhe cortassem o cabelo, o Senhor o deixou (Jz 16:20), e ele foi capturado.

16:4 Dalila foi a terceira mulher filisteia com quem Sansão se envolveu (Jz 14-1; 16:1).

16:5, 6 Mil e cem moedas de prata. Esta era uma grande quantia de dinheiro. A mesma quantidade seria paga para fazer dois ídolos (Jz 17.2). Multiplicar-se-ia o valor por cinco (cada um dos homens ofereceu a mesma soma). O total da recompensa, provavelmente, pesaria mais de 60kg.

16:7, 8 O primeiro teste da força de Sansão foi quebrar as sete vergas de vimes frescos feitas de couro. As tiras novas do tecido animal eram mais fortes do que as antigas. Sansão mostrava desprezo por seus adversários, que desejavam capturá-lo rapidamente.

16:9-11 No segundo teste, Sansão brincou com os filisteus, sugerindo que eles usassem cordas novas, algo que já provara ser ineficiente em um episódio anterior (Jz 15.13).

16:12, 13 O terceiro teste, que envolvia os liços [fios do tear] da teia, chegou mais perto de revelar o segredo de Sansão, já que seu cabelo estava envolvido. O liço que segurava o cabelo dele era, provavelmente, vertical, sustentado por dois pilares que estavam firmemente ancorados no chão. Este foi teste de força mais difícil de Sansão, mas ele também obteve êxito facilmente.

16:14, 15 E ela as fixou. Sansão foi preso com um instrumento doméstico, exatamente como Jael, um pouco antes, pregou Sísera na terra com uma estaca de tenda (Jz 4.21). Neste momento, Sansão teve condições de se libertar, mas, como Sísera, acabaria sendo vitimado pela trama de uma mulher.

16:16 Dalila importunava Sansão todos os dias, exatamente como sua ex-esposa fizera anteriormente (Jz 14.17). A tolice de Sansão impediu- o de aprender a lição por meio de sua primeira experiência.

16:17, 18 Uma navalha no tempo de Sansão era algo parecido com uma faca de bronze, com o cabo de madeira ou osso. Sobre a expressão nazireu de Deus, leia comentário em Juízes 13.5. Que já lhe descobrira todo o seu coração. Dalila sabia que Sansão estava finalmente falando a verdade. Esta referência contrasta com aquela do versículo 15, em que o coração de Sansão não estava com Dalila.

16:19-22 Ele não sabia. Este é outro comentário feito pelo narrador. Para esclarecimentos similares, leia Juízes 13.16 e 14-4. O SENHOR se tinha retirado dele. Veja Juízes 14.6. Eles prenderam as mãos ou os pés de Sansão com duas cadeias de bronze e forçaram-no a fazer a moedura, girando o moinho. As mós maiores e movidas por animais só seriam utilizadas muitos séculos mais tarde. A tarefa de moer era executada tipicamente por mulheres (Jz 9.9). Assim, tal serviço aumentou a humilhação de Sansão.

16:23-31 A história de Sansão termina com uma medida de justiça. Os filisteus e seus deuses foram destituídos de seu poder nas mãos de Deus. Os cabelos de Sansão tinham começado a crescer de novo (Jz 16:22), e sua segunda oração ao Senhor, a primeira foi em Juízes 15.18, resultou em um grande massacre dos seus inimigos, cerca de três mil pessoas, mais do que ele havia matado em sua vida inteira. Seu clamor a Deus era, de certa forma, ambíguo, no entanto, pareceu ser mais sincero que o primeiro, mas seu motivo, vingança por causa da cegueira, era menos do que exemplar. Sansão foi enterrado com seu pai, após seus 20 anos de julgamento em Israel (Jz 15.20). A vida de Sansão é, em suma, uma história sobre a fé em Deus apesar da fraqueza humana. A mão do Senhor pode ser vista em toda a narrativa, no poder de Sansão mediante o Espírito de Deus e no desejo confesso de Deus de subjugar os filisteus (Jz 14.2). Também pode ser visto em sua última batalha entre o Deus verdadeiro e o deus dos filisteus, Dagom. Quando os filisteus capturaram Sansão, eles atribuíram essa façanha ao seu deus e comemoraram sua vitória (Jz 16:23, 24). Porém, sabemos que foi o Senhor quem permitiu tal acontecimento (Jz 16:20) e ganhou o triunfo final contra Dagom e os governantes filisteus (Jz 16:27, 30).

16:23-25 Dagom, conhecido dessa forma por causa das inscrições da Síria e Mesopotâmia, era o principal deus filisteu. Templos dedicados a ele foram desenterrados em Ugarit, ao norte da Síria, nos séculos que antecederam Sansão, e na cidade de Mari, no rio Eufrates, na Síria, datado no século 18 a.C. Um templo para Dagom foi construído em Beth Shan no norte de Israel, nos dias de Saul (1 Sm 31.9, 10; 1 Cr. 10.10), e foi em um outro templo semelhante que os filisteus guardaram a Arca de Deus por um tempo (1 Sm 5.1-7). Acreditava-se que Dagom era um deus peixe, mas as escavações modernas mostraram que ele era um deus de grãos. De fato, uma das palavras em hebreu para grão é dagom. Nosso deus nos entregou. O hino filisteu de triunfo nos faz lembrar a linguagem encontrada nos Salmos.

16:26-27 As colunas em que se sustém a casa. Numerosos templos daquela época com os pilares de sustentação descritos aqui foram escavados. Muitos foram construídos em volta de um grande pátio. O telhado, sustentado por colunas, era onde os espectadores se ajuntavam. Uma multidão apertando-se para ver o espetáculo de Sansão causaria considerável pressão na estrutura da construção.

16:28-30 Sansão demonstrou fé no clamor a Deus e acreditou que Ele iria ajudá-lo. Isso é coerente com o louvor a Sansão em Hebreus 11.32, ainda que a súplica de Sansão tenha sido basicamente movida por um desejo de vingança contra os filisteus.

16:31 A história de Juízes é concluída com comentários finais do editor. Sansão, o último juiz, foi exaltado pelo Espírito de Deus tanto quanto o primeiro. Apesar das diversas falhas desses juízes, o Senhor exaltou Israel e provocou a queda de outras nações. Pelos locais em que os juízes moravam e onde a maioria de suas ações ocorreu, pode-se detectar um raio de ação [divina] em torno de todo Israel. Por exemplo, Otoniel, o primeiro juiz, era de Judá, ao sul; e Sansão, o último, era de Dan, ao norte, embora seu raio de ação tenha sido no sul. E, apesar dos esparsos exemplos dos juízes, Deus trabalhou para conduzir Israel e proteger Seu nome e Sua reputação.

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