Significado de Juízes 17

Juízes 17

17:1 O livro de Juízes termina com dois apêndices, o primeiro nos capítulos 17 e 18, e o segundo nos capítulos 19, 20 e 21. Eles parecem não estarem relacionados nem ao material que os antecede nem entre si. Por exemplo, estes capítulos não descrevem o padrão cíclico do pecado, da servidão e salvação visto nos primeiros capítulos de Juízes. Enquanto do capítulo 2 ao 16 são descritas as ameaças externas a Israel, estes últimos mostram uma queda interna na adoração de Israel e na unidade.

Além disso, os eventos parecem ter acontecido antes no período dos Juízes. Atente que Fineias, neto de Arão, que figurou em eventos anteriores (Nm 25.6-15; 31.6; Js 22.30, 31), ainda exercia a função antes da Arca, na época dos eventos do capítulo 19 ao 21 (Jz 20.28). O episódio inteiro da migração dos danitas (cap. 18), logicamente, enquadra-se na sucessão de eventos descritos em Juízes 1.34, durante a qual os amonitas forçaram os danitas a saírem de seu território. Sua procura por uma nova terra, provavelmente, teria ocorrido logo depois disso, não três ou mais séculos após. No entanto, estes capítulos podem ter sido escritos independentemente daqueles iniciais do livro. Ainda assim, existe certa lógica em colocá-los no final do livro. Para um, a estrutura realça o tema da desintegração de Israel. Os últimos enfatizam que cada qual fazia o que parecia direito aos seus olhos (Jz 17:6; 21.25). O tom geral dos últimos capítulos é satírico e subentendido. As muitas violações das leis mosaicas recebem apenas comentários mínimos. Contudo, uma nota comedida de desdém pelo comportamento inadequado de Israel é evidente em várias ocasiões.

17:1 O primeiro dos apêndices se refere a um homem chamado Mica que criou um altar particular. Exploradores danitas prenderam o sacerdote de Mica e roubaram as estátuas dos deuses que estavam no altar, desencadeando a destruição de Laís.

17:1-3 Estas mil e cem moedas [siclos, na ARA] de prata nos fazem recordar a recompensa que os governantes filisteus deram a Dalila. Mica, um homem da região de Efraim, havia roubado mil e cem siclos de prata de sua mãe, mas, depois, ele lhos devolveu. Pode-se entender que ela havia destinado essa quantia ao Senhor, mas os retornou a Mica para que ele fizesse uma imagem de escultura, a qual poderia ser de madeira ou pedra. Escultura [pecel] é a mesma palavra hebraica usada nos Dez Mandamentos: Não farás para ti imagem de escultura (Ex 20.4). Uma imagem era feita a partir de um molde (2 Rs 17:16). A mãe de Mica aprovou sua atitude, pedindo que aquelas esculturas fossem oferecidas ao Senhor. Hoje, a tentação de misturar elementos de verdadeira adoração a Deus a práticas inaceitáveis para Ele permanece entre nós, embora, de forma diferente.

17:4, 5 Casa de deuses. Literalmente, a casa de Deus. Esta foi uma perversão contra o verdadeiro santuário, onde toda a adoração deveria acontecer. Na época, a casa de Deus era em Siló (Jz 18.31). Mica também fez um éfode (Jz 8.27) e vários ídolos domésticos. A palavra ídolos é a mesma usada em Gênesis 31.19, na história do roubo de Raquel dos ídolos domésticos de Labão. Tais ídolos foram condenados em 1 Samuel 15.23. Mica, mais tarde, violou a Lei indicando o próprio filho como seu sacerdote particular. Mica pecou porque seu filho não tinha a descendência de Arão (como todo sacerdote deveria ter) nem mesmo era um levita (Ex 28.1; 40.12-15; Nm 16.39, 40; 17:8).

17:6-8 O que parecia direito aos seus olhos. Este mesmo comentário ecoou no último versículo do livro (Jz 21.25). O autor sugere que os tempos eram tão ruins, que as pessoas faziam tudo o que queriam e não o que era certo aos olhos de Deus (Jz 14-3). Podemos concluir que um rei que concentrasse as atenções de Israel no Senhor teria evitado uma enorme ocorrência de pecados e opressão durante o tempo dos juízes.

17:9 O levita de Belém de Judá era alguém estranho naquela cidade. Levitas não tinham uma herança de terra permanente, mas possuíam acomodação garantida em 48 cidades, espalhadas por todo o território das outras tribos (Js 21), porém, Belém não era uma dessas localidades. Tal levita procurava um lugar para se estabelecer e ficou muito feliz em aceitar a oferta de Mica (jz 17:10, 11).

17:10-13 Sê-me por pai e sacerdote. Ser chamado de pai era um título de honra (veja a referência à Débora como mãe de Israel em Juízes 5.7). Mica queria o jovem levita para ser seu sacerdote, porque o passado sacerdotal do rapaz daria legitimidade ao seu serviço. Mica julgou que isso traria a si o favor de Deus (Jz 17:13). No passado, os profetas eram, às vezes, chamados de pais (2 Rs 6.21; 8.9; 13.14).

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