Significado de Juízes 13

Juízes 13

13:1-16:31 Sansão, o último dos juízes, viveu no começo do século 11 a.C. e foi diferente dos outros líderes por várias razões. Ele não comandou um exército, mas lutou sozinho contra os filisteus. Embora seja mencionado em Hebreus 11.32 na lista dos juízes que executaram grandes tarefas mediante a fé, o livro dos Juízes pinta um quadro obscuro deste homem que violou vários dos Dez Mandamentos e também seu voto de nazireu (Jz 13:5). A história de Sansão finaliza a passagem dos juízes, e sua diferente narrativa de heroísmo e seu fracasso moral assemelham-se aos problemas de Israel nesta época. Embora achemos exemplos de obediência e humildade em sua vida (Jz 15.18; 16.28, 30), a maior parte dela foi um encadeamento de aventuras negligentes, com nenhuma preocupação real em seguir o Senhor.

13:1-25 A história de Sansão começa tipicamente com as declarações acerca das condições pecaminosas de Israel, mas o restante do capítulo 13 continua com uma longa introdução da vida do último dos juízes, detalhando o encontro entre os pais de Sansão e o Anjo do Senhor, que anuncia o nascimento da criança e sua missão. O Anjo enfatiza a exigência do voto de nazireu, o qual Sansão deveria seguir para o resto da vida. A impressão é a de que o narrador queria certificar-se de que o leitor entendesse que a vida e as realizações de Sansão estavam sob a proteção, orientação e provisão divinas.

13:1, 2 Zorá localizava-se no sopé das montanhas a oeste de Jerusalém, perto do território filisteu, nas terras que separavam a planície filisteia da área montanhosa de Judá. Manoá, pai de Sansão, era da tribo de Dã, em cujo território Zorá estava (Js 19.41). O lugar também é mencionado na herança de Judá (Js 15.33), indicando que Zorá ficava junto à fronteira entre as tribos.

13:3 O Anjo do Senhor fez uma aparição sobrenatural, descrita aqui como terribilíssima (Jz 13:6). A esposa de Manoá reconheceu-o como um homem de Deus (v. 6). Entretanto, seu caráter essencial, personificado em seu Nome, não deveria ser revelado a eles (Jz 13:6, 17, 18). Isso pode indicar que o Anjo era o próprio Deus (Ex 3.14, 15) ou seu representante divino (Jz 2.1).

13:4, 5 O Anjo declarou que o filho da mulher deveria ser um nazireu de nascença para o resto da vida. A regulamentação acerca desse voto é encontrada em Números 6.1-21. Qualquer homem ou mulher poderia fazer a promessa de separação a Deus. O voto era voluntário (Nm 6.2), tinha duração limitada (Nm 6.5, 8, 13, 20) e incluía mais três exigências: (1) abstinência de vinho, bebidas fermentadas e fruta da videira; (2) não cortar o cabelo e (3) não ter conta to com mortos (Nm 6.3-8). O nazireu que ficasse impuro teria de passar por elaborados rituais de limpeza (Nm 6.9- 21). Observe que tanto Sansão quanto sua mãe deveriam seguir o regulamento (Jz 13:4, 5, 7). O serviço nazireu de Sansão foi notável por causa de três fatores. Primeiro, ele não fez o voto voluntariamente. Este foi exigido antes de seu nascimento (Jz 13:5, 7). Segundo, seu voto deveria ser para toda a vida, e não temporário (Jz 13:5, 7). Terceiro, ele quebrou cada uma das exigências: sua cabeça foi rapada (Jz 16.17, 19), teve associação com a morte (Jz 14-6-9; 15.15) e bebeu em sua festa de casamento (Jz 14-10-20). A palavra hebraica para banquete [mishteh] em Juízes 14.10 está relacionada ao termo que significa bebida e alude a uma grande boda com bebidas. O anúncio de que ele começaria a livrar a Israel da mão dos filisteus era uma notícia bem-vinda. Os filisteus haviam sido um incômodo para Israel por muitos anos. O sucesso de Sansão, no entanto, provaria ser temporário, visto que os filisteus permaneceram como adversários dos israelitas durante a época de Samuel, Saul e Davi (1 Sm).

13:6-13 O termo homem de Deus foi usado para os profetas em outras partes do AT, incluindo Moisés (Dt 33.1; Js 14.6), um profeta anônimo que falou com Eli a respeito de seus filhos (1 Sm 9.6-10), Samuel (1 Sm 9.6-10), Elias (1 Rs 17.18, 24), Eliseu (cerca de 35 vezes), dentre outros. A princípio, a mãe de Sansão pensou que estivesse falando com um profeta, mas o aparecimento impressionante a convenceu de outra coisa. Durante todo esse episódio, o homem de Deus não disse o seu nome (Jz 13:16-18).

13:14, 15 As exigências para o voto de nazireu de Sansão foram, de certa forma, incomuns (Jz 13:5). A mãe da criança também deveria cumprir um rigoroso ritual (Jz 13:4).

13:16 Um comentário do narrador neste versículo nos diz mais do que os personagens da história sabiam (Jz 14-4; 16.21).

13:17, 18 E maravilhoso. O termo usado aqui está relacionado com a palavra hebraica [pala] para designar maravilhas (Jz 6.13). O nome do Anjo era muito sublime para ser compreendido, por isso, Ele não o revelou aos pais de Sansão. Imediatamente após isso, agiu o Anjo maravilhosamente, subindo aos céus na chama (Jz 13:19, 20).

13:19-22 Quando Manoá descobriu que o homem era o Anjo do Senhor, temeu pela sua vida e pela de sua esposa, (porque eles haviam visto Deus. Gideão expressou um temor semelhante quando reconheceu o Anjo do Senhor (Jz 6.22).

13:23, 24 O nome Sansão está relacionado à palavra hebraica Shimshown, a qual significa como o sol, embora a narrativa não faça nenhum comentário a respeito disso. A escolha do nome pode ter sido influenciada pelo fato de ter havido uma cidade chamada Bete-Semes perto de Zorá, a terra natal de Sansão, ou talvez tivesse relação com o deus-sol, Shamash. O Senhor o abençoou é um dos poucos comentários do narrador na trajetória de Sansão. Na maior parte da narrativa, o autor relata os acontecimentos sem qualquer esclarecimento, deixando apenas que os detalhes falem por si próprios.

13:25 E o Espírito do Senhor o começou a impelir. A palavra hebraica [paam] traduzida como impelir também pode significar mover. O Espírito do Senhor estava estimulando Sansão a desempenhar a tarefa que Deus queria que ele fizesse (Jz 14-4). O verbo neste contexto é diferente do que aparece em Juízes 14.6, que é traduzido como apossar.

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