Estudo sobre Oseias 13
Poder perdido (13.1-3)
Problemas textuais e de
tradução tornam muito difícil a
compreensão do significado exato desse breve texto. No v. 1, a NVI transmite
uma mensagem semelhante a 9.10 e 11.1,
2. que o antes exaltado
Efraim (cf. Gn 48.1520) caiu por causa da adoração a Baal. tomou-se culpado
sugere, pela estrutura do hebraico, uma ação momentânea específica, que
Ellison identifica como o estabelecimento dos bezerros por Jeroboão I. A
tradução variante oferecida pela NEB torna o sentido obscuro.
O v. 2 avança do passado
para o presente: apesar das consequências dos seus pecados, eles
permanecem neles e fabricam cada vez mais ídolos. Nas últimas duas linhas,
a RSV dá um sentido razoável ao texto, com a ajuda da NVI. A NEB não
melhora o sentido com "Os que beijam a imagem do bezerro oferecem
sacrifício humano”, o que significa que reverência às imagens não é mais aceitável
a Deus do que o sacrifício humano. Mas a condenação do v. 3 é
absolutamente inequívoca: assim como o amor deles é como a neblina da
manhã (6.4), eles mesmos serão efêmeros e desaparecerão sem deixar
rastros.
4) A ira de Deus
(13.4-16)
A mensagem de condenação de
Oseias nesse trecho culmina com uma ameaça de destruição com todas as
aparências de término definitivo. O fato de no próximo capítulo haver um
chamado ao arrependimento e uma oferta de esperança mostra a natureza
condicional de toda a profecia, como também a perseverança da graça
divina.
Os v. 4-8 ilustram a
afirmação de Congreve: “O céu não conhece furor maior do que o amor que se
transformou em ira”. Fazendo valer os seus direitos de ser Deus
deles porque os escolheu ainda no Egito, como é comum em Oseias, Deus
recapitula a história para lembrá-los de que no passado não conheciam
outro Deus ou ajudador. Em concordância com isso, ele diz: eu cuidei de
vocês no deserto. Contudo, ao entrarem na terra, a prosperidade
que ele lhes deu os levou a esquecê-lo. Cp. também com 10.1 e observe
a recorrência aqui de “reconhecer” e o seu inverso “esquecer”. Por consequência,
Deus se torna o seu pior inimigo, e a sua ira é descrita em termos de
violência terrível (cf. 5.14 e Am 3.2). Maldições semelhantes ocorrem em tratados de vassalagem hititas
desse período.
O texto dos v. 9ss precisa
de uma correção para fazer sentido, mas a NVI destaca o sentido geral de que na
crise que está por vir os líderes nacionais serão inúteis, visto
que o inimigo não é o homem, mas Deus, como em 2.10 e 5.14. O v. 11
comenta o fato de que 14 dos 22 reis não-davídicos haviam morrido
prematuramente, incluindo todos, com exceção de dois, dos sucessores de
Jeroboão II. (Cf. comentário de 3.5 e 8.4.) rei no singular pode
indicar que se tem em mente um indivíduo particular. E interessante
refletir acerca do fato de que o castigo para Israel por ter pedido
um rei foi na verdade a concessão desse pedido — cf. SL 106.15.
v. 12. mantidos em
registro-, é uma alusão à forma de preservação de documentos ao enrolá-los
em panos e depositá-los em jarros. Assim, o registro de pecados de Efraim
foi preservado permanentemente. Há então uma mudança de metáforas, e
o versículo seguinte o descreve como uma criança insensata demais
para que possa nascer (cf. 2Rs 19.3), porque não vai aceitar a sua última
oportunidade para voltar a Deus.
Sendo a situação tal de que
somente uma intervenção milagrosa de Deus podería dar algum resultado,
temos de decidir se o v. 14 contém essa esperança. Os comentaristas estão
divididos acerca desse tópico, visto que é possível traduzir o texto, como
a NVI (também ARA, ARC, ACF), por Eu os redimirei..., ou em forma de
pergunta, como fazem a NTLH (“Será, então, que eu vou salvar o meu povo
da morte?...”) e a BJ. Onde estão [...] onde está... nas
linhas seguintes requer uma pequena correção do hebraico em concordância
com a LXX; cf. nota de rodapé da BJ. Visto que os versículos anteriores e
os posteriores inequivocamente trazem uma ameaça de condenação,
provavelmente devemos entender o v. 14 assim também. O Senhor pergunta se deve
agir como ga’al, o resgatador (parente próximo), e pagar o preço do
resgate, mas decide não fazê-lo. Então a morte e a sepultura
são convidadas a fazer o pior, visto que não haverá compaixão.
Contraste com 11.8, em que a decisão contrária é tomada, mas v.
comentários ali.
Paulo cita parte desse
versículo em ICo 15.55 e chega a uma conclusão esperançosa com base na
morte e ressurreição de Cristo, fatores que ainda estavam no futuro
para Oseias, como também a intervenção miraculosa de Deus que foi proposta
há pouco como a única possibilidade de livramento.
No v. 15, parece haver um
eco da bênção para José em Dt 33.13-17, especialmente nas frases entre
os seus irmãos e seus tesouros. Para dar coerência ao todo, a
RSV e a NEB emendam o texto para resultar no retrato de Efraim florescendo
como um junco no pântano, mas mesmo aí o vento oriental devastador
do juízo faz o seu trabalho, como em Jr 4.11,12.
Finalmente, a
condenação é pronunciada (v. 16). Um invasor vai matar todos à espada, até
mesmo crianças pequenas e mulheres grávidas, como era bastante comum nas
terríveis crueldades cometidas na guerra. Samaria, a capital, é citada
ou como sinédoque em lugar do país todo, ou como o centro no qual o
mal era tramado. Assim termina a mensagem de Oseias, associada às
condições imediatas de Israel. Seria cumprida tragicamente em 722 a.C.,
quando os assírios saquearam Samaria, como está registrado em 2 Rs 17.6.Índice: Oseias 1 Oseias 2 Oseias 3 Oseias 4 Oseias 5 Oseias 6 Oseias 7 Oseias 8 Oseias 9 Oseias 10 Oseias 11 Oseias 12 Oseias 13 Oseias 14