Estudo sobre Oseias 10
O trecho de 10.1,2 introduz
uma metáfora nova, embora relacionada, da videira viçosa. Há
dificuldades de tradução aqui (a ACF, e.g., traz “vide estéril”), mas a
mensagem está clara: a prosperidade conduziu à religião falsa, e não à verdadeira
adoração (cf. também 13.6). E o resultado é igualmente inequívoco — a
destruição dos santuários. colunas sagradas (cf. 3.4) eram pedras
verticais, simbolizando a religião cananeia da deidade masculina, e banidas
pela lei de Deus (Lv 26.1).
3) Reis e culto
inúteis (10.3-10)
Essa seção prediz a
abolição tanto da monarquia quanto do culto, porque desde os primórdios eles
não somente foram inúteis, como estiveram na raiz de todos os
fracassos nacionais.
Os v. 3,4 podem ter sido
anunciados após o assassinato de Peca (2Rs 15.30), mas poderiam ser postulados
como a previsão de uma situação futura. Assim, a NTLH traz “Eles vão
dizer...” (cf. 3.4). Visto que os governantes não fizeram nenhum esforço
para cumprir as suas promessas do dia da coroação, renovadas anualmente,
então eram juramentos [...] falsos. Por isso, as demandas
eram corrompidas e se tornavam ervas venenosas na política, em vez
de serem ervas terapêuticas. Assim, a fraqueza e a corrupção no trono
conduziram ao uso crescente de procedimentos na corte usados para
perverter a justiça, sem dúvida conjugados com subornos.
O v. 5 destila escárnio
sobre o ídolo em forma de bezerro de Bete-Aven (v. comentário de
4.15). Sendo “deus”, deveria cuidar dos seus adoradores; em vez disso,
eles é que estão preocupados pela segurança dele. Esse esplendor
que possuía vai se retirar, assim como havia acontecido com a glória de
Efraim (9.11). As expressões se regozijavam e foi tirado têm
sons semelhantes em hebraico. A certa altura, a coisa em Sl vai para a
Assíria, como tributo para o grande rei (acerca do qual, v.
comentário de 5.13), para a vergonha de Israel.
No terror vindouro, o rei e
os santuários serão eliminados, e os refugiados irão buscar abrigo nos montes
(cf. v. 7,8, uma profecia retomada por Jesus em Lc 23.30 e por João em Ap
6.16). Acerca dos dias de Gibeá, v. comentário de 9.9. O duplo pecado
poderia ser os dois eventos mencionados aí. Outras possibilidades são: a
menção de dois eventos desconhecidos a nós; o culto e a
monarquia davídica, ou a rejeição do verdadeiro reinado e a continuação do
cisma; ou que duplo seja um sinônimo de “muito grande”
(cf. NTLH: “muitos pecados”).
4) Arando
na iniquidade (10.11-15)
Mais uma vez, Efraim é
comparada a uma bezerra, mas agora a uma bezerra treinada. Primeiro
havia recebido a tarefa agradável de joeirar (trilhar, cf. Dt 25.4),
porém mais tarde foi obrigada a arar a terra. Semelhantemente, no
deserto Efraim tinha um serviço leve, mas depois de entrar na terra
prometida teve de labutar cultivando a terra. Aplicado aos âmbitos moral e
espiritual (v. 12), o jugo da lei incluía a responsabilidade da justiça,
do amor leal e de buscar o Senhor (cf. 2.19,20; 4.1; 6.6). solo não arado\ encaixa-se na figura de
linguagem da vaca que tem de começar a fazer o trabalho pesado, justiça
traduz sedeq, que é em essência um relacionamento correto com o
Senhor, que por sua vez conduz ao livramento, de forma que o
significado “salvação” seria apropriado.
O que Efraim fez na
prática, no entanto, estava muito longe das exigências de Deus (v. 13a): impiedade,
mal e engano. Ao confiar nos seus próprios esforços, o povo
sofre derrotas militares. Não há registro remanescente do saque de Bete-Arbel,
mas a crueldade aqui descrita não era incomum, e poderia ser esperada
pelo povo derrotado de Efraim. Quando amanhecer aquele dia faz
sentido, mas cf. a NEB, que traz “tão certo quanto amanhece o dia”, e a
GNB, “assim que a batalha começar”, i.e., no alvorecer do dia.Índice: Oseias 1 Oseias 2 Oseias 3 Oseias 4 Oseias 5 Oseias 6 Oseias 7 Oseias 8 Oseias 9 Oseias 10 Oseias 11 Oseias 12 Oseias 13 Oseias 14