Estudo sobre Oseias 12

Estudo sobre Oseias 12

Estudo sobre Oseias 12


LIÇÕES DA HISTÓRIA (12.2—13.16)
Agora seguem quatro oráculos breves acerca da tradição histórica, “uma meditação acerca da história do relacionamento de Israel com Deus” (McKeating), voltando atrás no tempo, para antes do êxodo, ao ancestral comum de Efraim e Judá, Jacó, o que é algo singular nessa profecia.

1) O engano de Jacó (12.2-9)
As figuras de linguagem judiciais que deram início à segunda seção (4.1) são repetidas aqui: acusação, traduzindo novamente a mesma palavra do fato de Jacó ter suplantado primeiro o seu irmão e depois Deus (v. 3ss), está associada com as práticas comerciais enganosas de Efraim (v. 7).
O termo Judá, como em 11.12, é inesperado aqui. Embora possa ser atribuído a um editor do Reino do Sul, Ellison sugere que poderia indicar que o pecado em questão não é peculiar a Israel. Jacó, introduzido como progenitor de ambas as nações, é tratado de forma menos favorável do que em Gênesis, e também a ordem de tratamento dos eventos é diferente. O v. 3a alude a Gn 25.26, com o verbo usado como em Gn 27.36; os v. 3b e 4 refletem o jogo de palavras de Gn 32.28, mas o v. 4b retorna a Gn 28.11-17, a não ser que Oseias considerasse Betei o lugar da luta com o anjo. O v. 4 é ambíguo no original: com base nele, não fica claro quem prevaleceu, se Jacó ou o anjo. Não há referência ao choro no incidente de Peniel em Gênesis. Poderia ser deduzido de Gn 33.4,10 que Jacó, depois de se encontrar com Esaú, chorou e implorou o seu favor. Se for esse o caso, Jacó fez prevalecer o seu caminho duas vezes por meio de diversos artifícios sobre o seu irmão e sobre Deus. Assim, ele aparece como o arquienganador.
O tempo do verbo muda no final do v. 4, e o substantivo está ausente, talvez sendo suprido no v. 5. Ellison traduz essa parte de forma adequada por “Em Betei, ele se encontrava conosco e lá ele falava conosco”, apresentando um desafio aos ouvintes imediatos de Oseias, possivelmente no santuário de Betei, em vista da doxologia do v. 5. O v. 6 aplica a mensagem ao leitor, usando algumas das grandes palavras de Oseias — volte (v. comentário de 3.5), lealdade (hesed-, v. comentário de 2.19) e justiça (cf. também Mq 6.8).
Fiel à trapaça do seu progenitor (v. 7ss) é o procedimento comercial dos descendentes. comerciantes traduz a palavra “Canaã”, que é tanto o nome dos habitantes anteriores a Israel na terra prometida quanto um título pejorativo de um comerciante. Em vez de expulsar os habitantes anteriores, Israel havia descido ao nível deles, extorquir está em concordância com balanças desonestas — cf. Pv 11.1. No v. 8a, Efraim faz a dúbia afirmação de que os fins justificam os meios, com a errônea e tácita pressuposição de que a riqueza deve ser a prova final da aprovação divina. O v. 8b pode ser compreendido, junto com a RSV e a NEB, como uma observação do profeta ou, com a GNB, como uma continuação da afirmação do povo: “ninguém pode nos acusar de termos ajuntado a nossa riqueza por meios desonestos” (NTLH).
O v. 9 também pode ser interpretado de duas formas. Pode ser uma ameaça de reduzir esse bem-sucedido homem de negócios à sua penúria original ou, o que é melhor, um lembrete dos princípios fundamentais. Assim como Deus escolheu Israel no Egito, apesar das falhas conhecidas de Jacó, assim, por meio de um novo êxodo (cf. 2.14), ele vai trazê-lo de volta à caminhada com ele. As festas fixas incluem a festa das cabanas, que era algo profético em relação ao retorno para Deus — cf. 9.1.

2) Oportunidades proféticas (12.10-14)
Visto que não há um fio identificável de um raciocínio nessa breve seção, cada versículo precisa ser compreendido por Si.
O v. 10 pode referir-se à crítica do profeta em 9.7,8. falava em parábolas poderia ser traduzido por “destruía” (cf. 6.5), como na GNB: “Por meio dos profetas, eu dei advertências a meu povo”. Com base nisso e em Zacarias 1.4ss, está evidente que Deus enviou mais profetas a seu povo do que é do nosso conhecimento. Gileade e Gilgal já foram mencionados como lugares de prática do mal (6.8; 9.15). A NEB e a GNB identificam os atos ímpios de Gileade como idolatria, o que reforça o paralelo com a segunda parte. McKeating observa um jogo com a palavra ’wn no v. 3 (como homem), v. 8 (rico), e aqui (Gileade é ímpia). Em 8.11, foi feita referência à proliferação dos altares; nessas duas cidades, uma de cada lado do Jordão, eles eram tão numerosos e inúteis, ou piores, do que pedras empilhadas por um agricultor depois de arar o campo.
O elo entre os v. 12 e 13 está na palavra hebraica smr, bem traduzida por cuidou. Ao retomar o tema dos v. 2ss, esses versículos talvez estejam criticando o acordo feito entre Jacó e Labão, o sírio (Gn 29.15-20), o que seria pertinente à aliança que conduziu à guerra siro-efraimita; acerca da qual, v. comentário de 5.8ss. Por outro lado, que ele trabalhou para obter uma mulher pode ser um paralelo ao culto a Baal impregnado de sexo. Além disso, ao passo que Jacó como homem solitário de fato serviu, Israel, em virtude do chamado de Deus, foi servido por um profeta, Moisés (cf. Dt 18.15). De qualquer forma, a atitude contrária a Jacó é mantida.
O v. 14 nos dá o veredicto final para Israel j partir do período dos patriarcas. A sua provocação severa ao Senhor exige a pena de morte, que não deve ser cancelada. Somente aqui. Oseias usa a palavra para “Senhor” (heb. adonay, distinta de YHWH).

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