Estudo sobre Oseias 11

Estudo sobre Oseias 11

Estudo sobre Oseias 11


5) Deus — santo Pai (11.1—12.1)
O título que McKeating dá a 11.1-11 é interessante: “O filho pródigo”. Deus é apresentado como um Pai dividido entre amor e severidade em relação a seu filho obstinado.
Eu o amei é mais bem traduzido por G. A. Smith por “Eu comecei a amá-lo”; cf. 9.15 (NTLH): “foi ali que comecei a odiá-los”. Assim, o tratamento de Deus com Israel já data, como sempre em Oseias, desde o Egito (cf. 12.9;
13.4). Mas, como em 9.10 e 13.1, eles caíram nos braços dos baalins, a quem ofereceram sacrifícios e queimaram incenso, conquanto a última expressão seja mais bem traduzida em 4.13 pela RSV por “fizeram ofertas”.
Os v. 3,4 destacam de forma vívida a paternidade de Deus ao apresentarem os dias iniciais de Israel com Deus em termos de um bebê aprendendo a caminhar, talvez com base nas experiências de Oseias com os seus próprios filhos depois que Gômer o deixou. A NEB corrige de forma extensiva esse texto para manter essa analogia, e isso resulta em um bom sentido geral do texto, curou é difícil no contexto. O termo é usado em sentido redentor em 5.13; 6.1; 7.1; 14.4, mas esse sentido é inadequado aqui. “eu [...] cuidava deles” (NTLH) faz sentido (assim também aBJ).
Cp. o trecho todo com a parábola da criança abandonada pelos seus pais em Ez 16. Podemos observar que a paternidade de Deus aqui é moral e espiritual, em contraste com as ideias físicas dos cultos a Baal, e é coletiva, em contraste com a interpretação individual no Novo Testamento.
Contudo (v. 5ss), o comportamento da criança suscita a ira do Pai, afirmada de maneira mais intensa do que, e.g., em Pv 3.11,12, em que a filiação continua ao longo de todo o castigo, ao passo que aqui o castigo é a quebra do relacionamento. Outras versões modernas seguem a LXX ao omitir o não antes de voltarão ao Egito (v. 5), mas a NVI entende a frase como uma pergunta. Ellison afirma que “a negação pertence em forma alterada ao final do versículo precedente”, embora Cheyne observe que “nenhuma maneira convincente de encaixá-la com a formulação aqui tem sido proposta”. Se, com a ARA (também ARC, ACF), mantivermos a negação, podemos ter um pressentimento do fracasso da política pró-Egito do rei Oseias como descrito em 2Rs 17.4ss. Em todo caso, a disciplina severa está à espera de Efraim, além de derrota militar e exílio.
O texto dos v. 6,7 é muito problemático. A NVI oferece uma tradução tão boa quanto possível. Na NEB, o v. 7b vislumbra o povo clamando “ao seu deus elevado”, e não ao Senhor; v. comentário de 7.16.
Em seguida, vêm três oráculos distintos, cada um de dois versículos. Os v. 8,9 são “a apresentação mais refinada no ATOS da tensão entre o amor e a justiça de Deus” (Ellison). Não vemos a resolução dessa tensão antes da cruz, pela qual Deus pode ser “justo e justificador” (Rm 3.26). O pano de fundo de
11.1-7 pode bem ser Dt 21.18-21, que exige que pais entreguem um filho rebelde à sentença de morte. Agora o Pai Divino não se acha capaz de fazer isso. Admá e Zeboim ficavam próximas de Sodoma e Gomorra (Gn 10.19) e foram evidentemente destruídas na mesma época (Dt 29.23). O Senhor, porém, é incapaz de fazer algo assim com Israel. No v. 9b, devemos preferir a NEB: “Não vou voltar atrás e destruir Efraim”, visto que não sabemos de nenhuma destruição anterior para justificar a expressão na NVI: não tomarei a destruir Efraim. Ellison traduz o v. 9 em forma de pergunta: “Não executaria eu a minha ira violenta?” etc., achando que a ideia atraente de que Deus não vai executar a pena completa não tem lugar no ATOS, mas que a pena é executada na história, enquanto a restauração é escatológica.
No entanto, o ponto vital é Pois eu sou Deus, e não homem. Pais oferecem seus filhos à morte, e maridos se divorciam de suas esposas, mas Deus nunca vai abandonar o seu povo escolhido (cf. Is 49.15). Assim, o Santo mostra que o seu comportamento transcende o melhor da humanidade. Cf. também Is 31.3; Ez 28.2; Nm 23.19. Os v. 10,11 mostram como a compaixão divina vai atingir o seu propósito, chamando o povo do exílio depois dos desastres dos v. 5,6. Observe o uso diferente do conceito de Deus como leão do de 5.14; 13.7 e de Israel como aves do de 7.11,12. A fórmula de oráculo palavra do Senhor ocorre somente aqui e em 2.13,16.
Os dois versículos seguintes concluem essa seção de profecia (9.1—12.1) e resumem o pecado de Israel, particularmente a sua conduta dupla em relação à Assíria e ao Egito. A menção de Judá (v. 12c) é inesperada. Incerta também é a intenção do trecho. A tradução na NVI é desfavorável a Judá, mas pode fazer sentido. Mas no hebraico o Santo não está no singular, como no v. 9, mas no plural, o que poderia ser um artifício de ênfase ou, por outro lado, poderia ser traduzido por “os ídolos ele considera santos”, como na NEB. Até mesmo a palavra traduzida por Deus (’el) pode bem indicar uma deidade cananeia.

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