Interpretação de Zacarias 9

Zacarias 9 contém profecias que alternam entre mensagens de julgamento e promessas de restauração e, em última análise, aponta para a vinda de um rei humilde e justo.

O capítulo começa com uma profecia a respeito das nações que cercam Israel. Prevê a queda de algumas nações, especialmente aquelas hostis a Israel, ao mesmo tempo que oferece a promessa de protecção e libertação para o povo de Judá. O texto menciona a vinda de um rei que chegará a Jerusalém montado num burro, símbolo de humildade e paz, e não num cavalo de guerra. Esta imagem é frequentemente associada à profecia messiânica cumprida na entrada triunfante de Jesus Cristo em Jerusalém.

O capítulo faz a transição para uma profecia sobre o povo de Israel. Fala do seu regresso do exílio e da restauração à sua terra, enfatizando a presença de Deus entre eles e a Sua proteção. O texto adverte contra os inimigos que podem ameaçá-los, mas assegura que Deus será o seu escudo.

Em última análise, Zacarias 9 apresenta uma mensagem dupla de julgamento e restauração. Embora algumas nações possam enfrentar consequências pela sua agressão, ao povo de Deus é prometida proteção, libertação e um futuro marcado pela paz sob o reinado de um rei justo. O foco do capítulo na humildade e na figura messiânica sublinha o tema do plano redentor de Deus para o Seu povo.

Interpretação

As Vitórias de Alexandre, o Grande. 9:1-8.
Os oito primeiros capítulos de Zacarias tinham em vista o incentivo da reconstrução do Templo. Os seis últimos capítulos tratam dos acontecimentos muito distantes dos dias do profeta e foram provavelmente escritos por ele em um período muito posterior. O povo de Israel estava sob o governo medo-persa (caps. 1 a 8); ficariam sob o domínio grego (caps. 9 e 10); Roma os governaria (cap. 11); e sua história nacional se consumada nos últimos dias (caps. 12 a 14). A primeira porção do capítulo 9 esboça as conquistas de Alexandre, o Grande, no século quarto A. C.

9:1. A sentença pronunciada pelo SENHOR. Uma sentença é uma predição ameaçadora (cons. Is. 13:1). Hadraque. É a Hattarika das inscrições cuneiformes, uma cidade muito longe de Hamate sobre o Orontes. Damasco. Alexandre conquistou um grupo de cidades sírias, mas o prêmio especial que ele buscava era a importante cidade de Damasco. O terror e o espanto seriam os triunfos da oportunidade de Alexandre, de modo que os olhos de Israel e dos homens daquele tempo se voltariam para o Senhor em busca de alguma interferência sobrenatural.

9:2. Hamate. Esta cidade, que fazia limites com Damasco, também sofreria o impacto da invasão grega. Tiro e Sidom. Depois da Síria, Alexandre avançou sobre a Fenícia. O que os assírios e os babilônios não puderam fazer contra Tiro, isto é, vencê-la, Alexandre realizou.

9:4. O SENHOR a... precipitará no mar. Quando os tiros se fortificaram sobre uma ilha, Alexandre usou as ruirias da velha cidade para construir um molhe, através do qual ele tomou a fortaleza de Tiro na ilha. Depois queimou a cidade até os alicerces e destruiu para sempre sua supremacia marítima.

9:5. Ascalom. Quatro cidades da pentápolis filistéia são citadas neste versículo e no seguinte (Gate sendo omitida) condenadas ao mesmo destino. O avanço de Alexandre era irresistível.

9:6. Povo bastardo habitará em Asdode. A cidade de Asdode perderia sua população nativa durante o ataque, tomando o seu lugar um povo misto. Era da política de Alexandre misturar as diferentes nações conquistadas.

9:7. Destes tirarei o sangue. Os pagãos comiam seus sacrifícios idólatras com sangue (Ez. 33:25). A lei mosaica proibia comer sangue (Lv. 17:10,12; com. Gn. 9:4; Atos 15:29). O pensamento é que os filisteus abandonarão suas práticas idólatras e serão incorporados na comunidade judia.

9:8. Acampar-me-ei ao redor da minha casa. Alexandre passou por Jerusalém mais de uma vez em suas campanhas, e embora ele flagelasse os samaritanos, não fez mal aos judeus. Que não passe mais sobre eles o opressor. Pela lei profética da sugestão Zacarias passa do livramento no período de Alexandre para o livramento final de Israel de todos os seus opressores.

O Reino de Paz do Messias. 9:9, 10.
9:9. Eis aí te vem o teu Rei. Não um conquistador cruel, mas o humilde Rei de Israel apresenta-se agora na visão e horizonte do profeta (cons. Mt. 21:5). Justo. A justiça é o primeiro pré-requisito do Messias para exercer o seu ofício de Rei. É básica à paz de todo o mundo (cons. Is. 45:21; Jr. 23:5, 6; Ml. 4:2). Salvador. O Rei justo providencia a justa redenção para os seus. De que serve a paz política para um coração não sintonizado com o Deus vivo? Num jumentinho. Destacando-se do soberbo Alexandre, o Messias de Israel vem com grande humildade, manifesta em parte pela sua maneira de viajar. Além disso, o jumento era o animal da paz (cons. Gn. 49:11). O versículo 9 cumpriu-se ao pé da letra na primeira vinda do Senhor Jesus Cristo.

9:10. Destruirei os carros. Zacarias não menciona todos os séculos entre o primeiro e o segundo advento do Messias ao Seu povo e ao mundo. Quando Ele retornar, destruirá todos os instrumentos de lutas carnais. Anunciará paz. Aquilo que as conferências e os tratados desarmamentistas às dúzias não puderam realizar, ele fará por meio de sua palavra autorizada às nações. Às extremidades da terra. Seu reino de paz será universal (cons. Sl. 72:8). A Bíblia não conhece uma paz limitada ou contida.. Esta passagem não emprega nenhum artigo para expressar a extensão do domínio do Rei.

As Vitórias dos Macabeus. 9:11-17
9:11. Os teus cativos.
Nova cena marcial se apresenta. Mas antes uma palavra de esperança se estende àqueles que ainda se encontram presos na Babilônia, com base no sangue da aliança feita no Sinai. Entretanto, a aliança com Abraão não podia ser eliminada (cons. Gn. 15:9-12, 18-21). Para aqueles que retornassem haveria bênçãos e esperanças.

9:12. Tudo vos restituirei em dobro. Haveria uma medida abundante de bênçãos em lugar de seu antigo desespero.

9:13. Contra os teus filhos, ó Grécia! O restante do capítulo prediz as vitórias do período dos Macabeus (no segundo século A.C.), quando, como sabemos agora, o povo de Israel saiu vitorioso em seu conflito contra Antíoco Epifânio (cons. Dn. 11:32; também Dn. 8:9-14).

9:14. O SENHOR será visto sobre eles. O Senhor promete sua intervenção pessoal em benefício deles. O que os historiadores não podem explicar foi devido à operação sobrenatural de Deus.

9:15. Como os cantos do altar. Através de uma figura atrevida e viva Zacarias descreve a imensa carnificina entre os opressores de Israel.

9:16. O SENHOR seu Deus... os salvará. A vitória física é apenas a menor das bênçãos; livramento espiritual também files foi assegurado. Pedras de uma coroa. Como povo redimido serão o deleite do coração divino, como uma coroa que se usa e na qual se gloria.

 9:17. Quão grande é a sua bondade! A bondade sem limites de Deus se manifestará na prosperidade pacífica do período messiânico.

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