Interpretação de Zacarias 7

Em Zacarias 7, o povo de Judá aborda Zacarias com uma pergunta sobre jejum e práticas religiosas, buscando orientação e visão divina.

O capítulo começa com um contexto histórico: menciona que no quarto ano do rei Dario da Pérsia, o povo de Betel enviou uma delegação aos sacerdotes e profetas, incluindo Zacarias, para perguntar se deveriam continuar a observar um jejum específico. Este jejum foi praticado durante o exílio babilônico como um ato de luto e lembrança pela destruição do templo.

Em resposta à pergunta deles, Zacarias recebe uma mensagem do Senhor. Ele transmite que seus jejuns e rituais religiosos eram insuficientes se não fossem acompanhados por genuína retidão e compaixão. Deus deseja não apenas a observância ritualística, mas um coração de humildade, justiça e misericórdia. O capítulo critica a desobediência passada e enfatiza a importância de ouvir os mandamentos de Deus.

Zacarias 7 serve como um lembrete de que as práticas religiosas externas devem ser motivadas pela devoção sincera e pela transformação do coração. Ele sublinha a necessidade de uma vida ética e de compaixão juntamente com os rituais religiosos. O capítulo também enfatiza o desejo de Deus que Seu povo preste atenção aos Seus mandamentos e viva em alinhamento com Seus valores.

Interpretação

A Pergunta. 7:1-3.
7:1. No quarto ano.
O quarto ano do reinado de Dario era o ano 518 A.C. O povo tinha trabalhado diligentemente no Templo, e a obra fizera muito progresso. Novos lares tinham sido edificados em Jerusalém, e as velhas cicatrizes da destruição tinham sido apagadas.

7:2. Foram enviados... para suplicarem a favor do SENHOR. A cidade de Betel enviara uma delegação a Jerusalém com dois propósitos: suplicar as bênçãos de Deus e perguntar a respeito dos jejuns nacionais.

7:3. Quinto mês. A pergunta era: Com todas as marcas da nova vida na economia nacional, seria necessário continuar jejuando e chorando no quinto mês como tinham feito durante os dias do exílio? O jejum no décimo dia do quinto mês comemorava o incêndio de Jerusalém em 586 A.C. (cons. Jr. 52:12, 13). Continua sendo atualmente o jejum mais importante dos judeus (com exceção do Dia da Expiação, que tem um propósito completamente diferente). A pergunta parecia indicar que o jejum era maçante e incômodo.

A Lição Extraída da História. 7:4-14.
7:5.
Acaso foi para mim que jejuastes, como efeito para mim? Com um golpe magistral esta pergunta arrasou com toda a pretensão e hipocrisia de seus fitos e cerimônias. Deus não instituíra este jejum; nem o faziam para glorificá-lo. Era feito para satisfação da carne. Deus não o tomava em consideração de modo algum. Naquele tempo, como agora, Deus desejava a verdade interior. O profeta acrescentou o jejum do sétimo mês em suas perguntas. Mais tarde ele acrescenta outros dois fatos (cons. 8:10), todos relacionados com a queda de Jerusalém sob o caldeu Nabucodonosor. No décimo mês Nabucodonosor cercou Jerusalém (II Reis 25:1); no quarto mês os inimigos entraram na cidade (II Reis 25:3, 4; Jr. 39:2); no quinto mês o Templo foi quebrado (II Reis 25:8, 9); e no sétimo mês Gedalias, o governador judeu de Judá, foi assassinado (II Reis 25:23-25).

7:6. Não é para vós mesmos que comeis? Em suas festas, como em seus jejuns, manifestava-se a sua perspectiva egoísta. Quer numa prática quer na outra, eram fariseus e auto-suficientes.

7:7. Não ouvistes vós. Por que eles se preocupariam com algo que Deus não tinha ordenado, quando eram do negligentes com aquilo que Ele exigira de maneira tão explícita tantas e tantas vezes através dos profetas pré-exílicos? É muito melhor obedecer a Deus em lugar de amontoar jejuns sobre jejuns (cons. Is. 58:1-9). A consciência carnal procura aliviar-se através de ordenanças formais, em lugar de tomar nota das visitações divinas relacionadas com o afastamento de Sua vontade revelada. O pecado era a causa do seu jejum. Se o pecado fosse abandonado, o jejum já não seria mais necessário.

7:9. Executar juízo verdadeiro. Os antigos profetas tinham todos se unido em seu testemunho referente à justiça prática na vida quotidiana. Deus se deleita na devida administração da justiça. A misericórdia e a compaixão entre os irmãos alegram o coração do Criador infinitamente misericordioso.

7:10. A viúva, nem o órfão, nem o estrangeiro, nem o pobre. Os menos afortunados e desprotegidos são sempre preocupação especial do Senhor; qualquer bondade para com eles é especialmente agradável aos seus olhos. Nem intente cada um em seu coração o mal contra o seu próximo. Ressentimento e ódio no coração contra o próximo estão claramente proibidos. A fé e a piedade devem andar de mãos dadas. A religião sem moral é inútil e um objeto de zombaria; a moral sem a verdadeira religião ou piedade não tem o devido fundamento e só temporariamente pode funcionar.

7:11. Eles, porém, não quiseram atender. Eis aqui um resumo da atitude de Israel através dos séculos diante do ministério dos profetas quando estes pregaram a fé, a piedade e a justiça social.

7:12. Daí veio a grande ira. Quando falharam as repetidas advertências e as solicitações amorosas, só restou a ira de Deus pelos impenitentes. Deus não pode abdicar da sua posição de Governador Moral do universo. Sua mensagem tem sido fielmente transmitida através do Espírito que dá energia às mãos, corações e bocas dos Seus servos, os profetas (cons. II Cr. 36:16).

7:13. Clamaram e eu não os ouvi. Eles experimentaram retribuição de acordo. Quando não quiseram ouvir os rogos de Deus para que obedecessem, ele recusou-se soberanamente a ouvir seus gritos de desespero, que brotavam apenas de sua amargura por causa das calamidades e não de verdadeiro arrependimento.

7:14. Por entre todas as nações. Até aquele momento eles tinham sido dispersos principalmente pela Assíria e Babilônia. Se podemos aceitar que o texto tem todo o significado e sentido que aparenta, deve ser uma previsão da dispersão mundial dos judeus, devido a sua rejeição do Messias, a maior exibição de sua desobediência empedernida às palavras do Senhor e seus mensageiros. Ninguém passava por ela. A terra que antes fora um deleite agora seria abandonada e ficaria sem habitantes. Embora o inimigo levasse a efeito esta destruição, Israel tinha a responsabilidade disso, porque o seu pecado fora a causa.

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