Interpretação de Atos 6

Atos 6

6:1–12:25 Até este ponto, os apóstolos não deram nenhuma evidência de ter o propósito de levar o Evangelho a todo o mundo, mas permaneceram em Jerusalém dando o seu testemunho aos judeus. Agora Lucas conta o começo da expansão da igreja através da Judeia e Sanaria. Essa expansão não foi realizada por causa da visão e propósito da igreja mas por ato providencial de Deus, dispersando os crentes. Para explicar esta perseguição, Lucas primeiro conta como Estêvão colocou-se em posição de destaque como um dos sete.

6:1-7 A igreja nos seus primeiros dias de existência não tinha organização formal, nem oficiais ou líderes, com exceção dos apóstolos. O crescimento numérico da igreja e os problemas que surgiram na comunidade interna exigiu que se começasse a organizá-la e que se escolhesse líderes ou ministros adicionais.

6:1 Os judeus que eram nativos da Palestina falavam principalmente o aramaico; mas os judeus que tinham vivido no mundo mediterrâneo fora da Palestina falavam o grego e às vezes nem conheciam o aramaico. Muitos desses judeus da Diáspora voltaram a Jerusalém para morar, e alguns deles converteram-se e entraram para a igreja. Surgiu uma discórdia entre os cristãos que falavam o grego (helenistas) e os que falavam o aramaico (hebreus) porque parecia que havia favoritismo em prol destes últimos na distribuição do alimento às viúvas. As viúvas eram pessoas sem qualquer meio de sustento, que recebiam da comunidade cristã o necessário para viver.

6:2 Os doze apóstolos reuniram toda a igreja e fizeram ver que essa responsabilidade de cuidar dos pobres tornara-se-lhes tal peso que acabaram devotando a maior parte do seu tempo nesse ministério material em prejuízo do ministério da Palavra. Tal negligência não era razoável.

6:3, 4 Eles recomendaram que a distribuição dos alimentos fosse colocada sob a direção de sete homens cheios do Espírito e de boa reputação. Os apóstolos ficariam então livres para se dedicarem ao ministério da oração, pregação e ensinamento da Palavra.

6:5 Estêvão se encontrava entre os sete homens escolhidos. Todos os sete tinham nomes gregos e ao que parece foram aliciados da ala grega da igreja.

6:6 A igreja como um todo escolheu esses sete homens, mas os apóstolos aprovaram a seleção e os encarregaram do seu ofício. Então os sete foram ordenados para esse ofício pela imposição das mãos dos apóstolos. Essa imposição das mãos era um costume do V.T. (Gn. 48:13 e segs.; Lv. 1:4; Nm. 27:23), que também era praticado pelos judeus quando os homens eram admitidos ao Sinédrio. Foi adotada pela igreja primitiva quando da ordenação desses líderes. Havia entretanto, uma qualificação preliminar; os sete deviam ser cheios do Espírito Santo. Além dos apóstolos, estes sete foram os primeiros oficiais da igreja. Por tradição foram chamados de diáconos; mas não são chamados assim no texto.

6:7 A solução deste problema aumentou a eficácia do testemunho cristão, e até muitos dos sacerdotes creram.

6:8 Logo Estêvão foi notado como homem de poder e predicados especiais.

6:9 Ele dava testemunho do messiado de Jesus nas sinagogas judias de Jerusalém particularmente numa que era frequentada pelos libertinos, que antes tinham morado nos quatro lugares mencionados. Uma sinagoga compunha-se de dez ou mais judeus que se reuniam para leitura e interpretação das Escrituras. Uma tradição exagerada diz que havia 480 sinagogas em Jerusalém.

6:10, 11 Este ministério de Estêvão ao que parece levou a um debate formal. Quando os judeus não foram capazes de vencer o ardoroso líder, no debate, por causa de sua sabedoria e poder do Espírito, secretamente instigaram algumas testemunhas que declararam ter ele proferido palavras blasfemas contra a lei de Moisés e contra Deus.

6:12 O fiel “diácono” foi levado diante do Sinédrio para se defender dessas acusações.

6:13-15 A alegada blasfêmia de Estêvão contra Deus foi definida como blasfêmia contra o Templo. Ao que parece estivera ensinando que o Templo Judeu não era mais necessário para se adorar a Deus verdadeiramente. Era agora acusado de ensinar que Jesus de Nazaré destruiria o Templo e perverteria a prática da lei mosaica. Essa acusação não era pura invencionice, mas uma inteligente deturpação do que Estêvão estivera realmente ensinando.

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