Interpretação de Oseias 13

Interpretação de Oseias 13

Interpretação de Oseias 13

(Interpretação da Bíblia)
Índice: Oseias 1 Oseias 2 Oseias 3 Oseias 4 Oseias 5 Oseias 6 Oseias 7 Oseias 8 Oseias 9 Oseias 10 Oseias 11 Oseias 12 Oseias 13 Oseias 14

3. A Conseqüência Final: O Exílio (Os 13.1-16)
Os primeiros oito versículos do capítulo 13 relatam os argumentos que levaram Oséias a concluir que a conduta de Israel é suicida. A ingratidão do povo em face da providência divina, seu orgulho e a negligência de reverenciar Jeová são fatores que justificam a conclusão à qual Deus chegou. Porque o Senhor foi desde o princípio o Ajudador e Liber­tador dos israelitas, eles são responsáveis pela própria destruição.'
Para mostrar a que ponto extremo Israel fora em sua apostasia, o profeta destaca a eminência que Efraim teve entre as doze tribos antes de pecar: Quando Efraim falava, tremia-se; foi exalçado em Israel (1). Mesmo quando falava humildemente, expres­sava com autoridade; mas ele fez-se culpado em Baal e morreu. Com a introdução da adoração a Baal no reinado de Jeroboão I, no qual Jeová foi simbolizado por bezerros de ouro (cf. 1 Rs 12.28), Efraim foi entregue à destruição.'
E, agora, multiplicaram pecados (2) e eles fizeram imagens de prata, obra de artífices. A expressão: os homens que sacrificam, beijam os bezerros refere-se aos bezerros, símbolos da fertilidade. As pessoas beijavam os ídolos feitos com as próprias mãos. O absurdo da ação como ato de adoração foi retratado com sarcasmo pelo profeta.
A morte de Israel está perto. O profeta usa quatro figuras para enfatizar a destrui­ção prematura que está para vir. A vida da nação, diz ele, é como a nuvem de manhã (3), como o orvalho da madrugada, que cedo passa, como o folhelho (“palha”, ARA) impelido pelos ventos e como o fumo (“fumaça”, ARA) da chaminé.
Nos versículos 4 a 8, Deus insiste que Israel reconheça que a base de sua existência está no SENHOR, teu Deus (4). Do Egito até este momento, Israel não conheceu outro Deus senão Jeová e não achou outro Salvador (outro verdadeiro ajudador). Tempos mais tarde, Isaías faria o mesmo argumento clamoroso: “Eu, eu sou o SENHOR, e fora de mim não há Salvador” (Is 43.11). “Mas primeiramente, Israel teve de aprender que a `estranha obra' de Deus acarretava a destruição do seu povo antes de poder salvá-los, não que a destruição fosse parte da sua atividade salvífica”.”
Não reconhecerás outro deus além de mim (4). Com o primeiro mandamento (Êx 20.3), Israel precisava tomar consciência novamente do direito total que Jeová tinha sobre seu povo. Foi Jeová quem deu aos israelitas o maná e a água no deserto (5); mas assim que prosperaram, se esqueceram de Deus e se entregaram à idolatria. Por isso, o seu Salvador tornou-se o seu Destruidor. Serei, pois, para eles como leão; como leopardo, espiarei no caminho (7). Eles serão dilacerados como a presa de animais selvagens. A figura conti­nua e é enfatizada no versículo 8. O julgamento será executado como urso que tem perdi­do seus filhotes, arrancando-os das teias (centro) do coração de quem os roubaram.
Para tua perda, ó Israel, te rebelaste contra mim, contra o teu ajudador (9); ou, como traduz a Septuaginta: “Se eu te destruir, ó Israel, quem será teu ajudador?” (cf. NTLH). Não há salvação da destruição para quem serve os falsos deuses. O rei não pode salvá-lo (te guarde); o único Salvador é Jeová (10).
Dei-te um rei na minha ira e to tirei no meu furor (11). Israel exigiu um rei (1 Sm 8.5) e Jeová consentiu. Mas esta declaração em particular pode se referir à sucessão de reis a partir de Jeroboão I, o primeiro rei de Israel, até Oséias, o rei na época da invasão. O governo teocrático da casa de Davi foi substituído por uma sucessão de autodenominados reis, que Jeová, no seu furor, permitiu governar para a própria des­truição dos israelitas.
Nada acerca do mal de Israel será esquecido: A iniqüidade de Efraim está atada (12). A expressão o seu pecado está armazenado é traduzida por Moffatt assim: “O seu pecado é mantido em estoque para ele”. A transgressão deve ser mantida em mente até a chegada do dia de ajuste de contas.
A figura de repente muda: Dores de mulher de parto lhe virão (13). Os julga­mentos estão associados com as dores agudas e repentinas de uma mulher em trabalho de parto; em conseqüência disso nasce uma nova vida (Is 13.8; Mq 4.9,10; Mt 24.8). Mas Israel é um filho tolo, porque não surgirá nos lugares desejados ou certos: “Ele precisa de novo nascimento, mas não se esforça em obtê-lo” (ATA). Não há mudança de figura. A mãe e o filho serão tratados como a mesma pessoa. Ele é um filho insensato, porque não chega a nascer, ou, como natimorto, não há vida nele (cf. VBB, nota de rodapé).
Os comentaristas diferem radicalmente quanto à interpretação do versículo 14. Tra­duzi-lo inteiramente por afirmações positivas mostra uma promessa. O hebraico, porém, com suas sentenças interrogativas, tende a indicar que a idéia de promessa é, pelo me­nos, secundária à da ameaça. “Será, então, que eu vou salvar o meu povo da morte? Será que vou livrá-los do mundo dos mortos?” (14a, NTLH; cf. BV) Onde está, ó morte, as tuas pragas? Onde está, ó inferno, a tua perdição? O arrependimento será es­condido de meus olhos (14b). Certo comentário” observa que esta última frase é a chave do significado: O arrependimento (“compaixão”, ECA; NTLH; NVI) será escon­dido de meus olhos. Deus não pode mais mostrar misericórdia. Efraim tinha de estar no corredor do julgamento. Se o equilíbrio do versículo deve ser interpretado coerente­mente com esta última frase, as sentenças interrogativas requerem uma resposta nega­tiva: “Efraim está fora da capacidade de recuperação”,' está espiritualmente morto. 82
Os versículos 15 e 16 declaram novamente que o Senhor planeja destruição absolu­ta. A invasão ocorreu 12 anos depois. O versículo 15 inicia com um desdém ao nome Efraim, que significa “frutífero” ou “duplamente frutífero”. Ainda que ele dê fruto entre os irmãos, a tragédia virá como o vento leste para secar a nascente e a fonte, as origens de poder e estabilidade. A última frase é uma ameaça: O invasor assírio sa­queará o tesouro de todos os vasos desejáveis. Ele saqueará o reino.
O capítulo se encerra com a declaração de que “Samaria tem de sofrer por sua culpa” (16, Phillips) ou “carregará sua culpa” (NVI; cf. BV; ARA). Em seguida, a profecia apre­senta os detalhes horríveis da conquista e destruição de Samaria efetuados por Salmaneser. Oséias prevê que seus filhos serão despedaçados, e as suas mulheres grávidas serão abertas pelo meio (cf. 2 Reis 8.12; Sl 137.9; Is 13.16).
Alexander Maclaren, ao fazer uma exposição textual de 13.9, observa: 1) A descober­ta amorosa da ruína; 2) A súplica amorosa à consciência quanto à causa; 3) A paciência amorosa que ainda oferece restauração.