Interpretação de Oseias 8

Oseias continua a transmitir a mensagem de julgamento de Deus contra Israel por sua idolatria, desobediência e infidelidade.

Os principais temas e elementos de Oseias 8 incluem:

1. As Consequências da Idolatria: Oseias começa lamentando a idolatria de Israel, particularmente a sua adoração do bezerro de ouro, que era um símbolo de rebelião contra Deus. Ele profetiza que esta idolatria levará à sua destruição.

2. Colhendo o redemoinho: O capítulo contém a famosa expressão: “Pois semeiam o vento e colherão o redemoinho”. Esta frase significa que as consequências das ações de Israel serão severas e avassaladoras, como uma poderosa tempestade.

3. A Aliança Quebrada: Oseias lembra Israel da violação da aliança com Deus e das consequências que se seguirão. O povo desviou-se dos caminhos de Deus e a sua rebelião trouxe o julgamento divino.

4. Invasão Estrangeira: Oseias profetiza que a Assíria invadirá Israel, trazendo destruição e cativeiro. Esta invasão é retratada como consequência da infidelidade de Israel a Deus.

5. Altares do Pecado: O capítulo menciona a proliferação de altares para fazer sacrifícios aos ídolos, o que simboliza ainda mais o abandono da adoração verdadeira por parte de Israel.

Oseias 8 continua a enfatizar os temas da infidelidade de Israel, as consequências de suas ações e o julgamento justo de Deus. Serve como um aviso sobre a importância de permanecer fiel à aliança e as graves consequências que podem resultar do afastamento de Deus e do envolvimento na idolatria.

Interpretação

A apostasia da nação (Os 8.1-14). O capítulo 8 começa com uma declaração do inimi­go, o qual executará o julgamento divino em Israel. Em hebraico, a primeira frase é uma exclamação sem verbo. A convocação de Jeová é dirigida ao profeta: Põe a trombeta à tua boca (1). Ele deve tocar o aviso. Esta é a “brevidade da urgência” (cf. Os 5.8). A segun­da frase dá a mensagem a ser entregue: Ele vem como águia (“urubus”, BV; abutre) contra a casa do SENHOR, porque traspassaram... a minha lei. O profeta tem de fazer o papel de “atalaia” (Ez 33.2b, 3), ao repetir as acusações contra Israel em vista dos invasores (os assírios).

Deus faz duas acusações. Primeiro, os israelitas traspassaram o meu concerto. Eles quebraram o contrato original, o acordo nupcial. Declararam que não eram mais de Jeová. Segundo, se rebelaram contra a minha lei, quer dizer, cometeram o pecado da desobediência e da infidelidade. As acusações são particularizadas no versículo 4.

As frases nos versículos 2 e 3 são dadas em staccato. O clamor de Israel no versículo 2 é um arquejo sem expressão vocal ordenada, e a resposta de Deus no versículo 3 é da mesma forma curta e urgente. Apesar da acusação divina, o povo brada: Deus meu! Nós, Israel, te conhecemos (2). Esta tradução sucinta é apoiada por Keil: “Meu Deus, nós te conhecemos, nós, Israel!”, a fim de revelar surpresa por Deus não os identificar como seu povo. O mero nome Israel prova que eles pertencem a Jeová? Deus responde que não; não basta! O fato por si só não salva. Por quê? Porque Israel rejeitou o bem (3). Arbitrariamente, fizeram reis (4) e príncipes. Eles fizeram ídolos para si (5) de prata e de ouro na forma de bezerros, uma abominação aos olhos do Senhor.

R. F. Horton nos lembra que “durante 253 anos Israel teve 18 reis de dez famílias diferentes e nenhuma delas chegou a um fim que não fosse por morte violenta. A suces­são rápida de usurpadores nos últimos anos era o mergulho final de uma carreira desas­trosa”. “ A acusação no versículo 4 indica que a “eleição carismática dos reis dera lugar a planos secretos e políticas do suborno”. O teu bezerro, ó Samaria, foi rejeitado é traduzido por “o teu ídolo-bezerro é repugnante, Eu o rejeitei” (ATA). Matthew Henry observa que “Deus nunca rejeita ninguém até que Ele seja rejeitado primeiro”. A pala­vra bezerro talvez seja um diminutivo sarcástico para referir-se a “touro”. Samaria, a capital de Israel, se afastara de Deus. Agora Deus a rejeita. Knight sugere que o versículo 5 poderia ser traduzido assim: “Teu bezerro fede, ó Samaria. Que ersatz ou substituto pobre para o Deus vivo é um bezerro!”

Jeová brada: Até quando serão eles incapazes de alcançar a inocência? (5). Considerando que a idolatria era prostituição, a inocência era pureza. O “Deus que so­fre” clama contra a infidelidade de Israel, “da mesma forma que Oséias conhecera a dor pela infidelidade de sua esposa”.'

A profecia prossegue para anunciar que em pedaços (hb., “lascas”, “estilhaços”) será desfeito o bezerro de Samaria. Não é de Deus; foi um artífice que o fez (6; cf. Êx 32.20).

O versículo 7 representa o clímax e o tema do capítulo 8: Semearam ventos e colheram tormentas (cf. Gl 6.7). “As fontes da vida nacional secaram e o povo não vale coisa alguma entre as nações”. Os ventos — a paixão e a deslealdade do pecado ­provocam as tormentas da destruição nas colheitas e nos campos e pela invasão dos assírios — estrangeiros que os devoram. Oseias declara que o mundo é um universo moral no qual o pecado precisa ser julgado.

O fato de Israel ser devorado o torna um recipiente imundo (8). O versículo não fala tanto do exílio como da nação que já foi menosprezada como coisa em que nin­guém tem prazer. Eles mesmos prepararam esta condição. Porque subiram à Assíria, como um jumento montês, por si só* (9). Parece que o jumento montês é um trocadilho em hebraico para aludir a Efraim. Subiram à Assíria não é menção ao exílio, mas tem esta tradução: “Israel foi para Assur como um jumento montês vai sozinho por conta própria”.” Mercou Efraim amores, ou seja, negociou seus namo­ros; deu presentes de amor em troca de favores. “A intriga política estava E...] fora de simetria com a verdadeira missão de Israel. Tendia a secularizar o povo, a fazer dele uma nação como as outras nações do mundo e, desta forma, equivalia a comerciar galanteios e falar mentiras contra Jeová”.”

Todavia, ainda que eles merquem entre as nações, eu os congregarei; já começaram a ser diminuídos por causa da carga do rei dos príncipes (10). Este é um versículo difícil, mas parece indicar que, embora os israelitas tenham negociado favores com as nações, Jeová os congregará com o propósito de discipliná-los. Eles senti­rão a carga tributária imposta pelo rei dos príncipes. Phillips sugere que eles vão diminuir os presentes por causa dos pesados impostos.

O capítulo se encerra com uma descrição de adoração sem o “conhecimento de Deus” (cf. Os 11.1-4). Porquanto Efraim multiplicou os altares para pecar; teve altares para pecar (11). Amós (Am 4.4,5) propusera ironicamente que Israel oferecesse cada vez mais sacrifícios para que Deus notasse a quantidade e se esquecesse da qualidade das ofertas (cf. Mq 6.6-9). Mas não conseguiram enganar Jeová; a nação só multiplicava seu pecado.

Escrevi para eles as grandezas da minha lei; mas isso é para eles como coisa estranha (12), pode ter esta tradução: “Embora eu lhe escreva a minha lei em dez mil preceitos, estes seriam tidos como coisa estranha” (ARA; cf, BV). No desejo ardente por religiões estrangeiras, a pura adoração de Jeová fora esquecida e isso soava estranho aos ouvidos insensíveis do Israel pecador. A lei (Torá) mencionada aqui não é somente o Decálogo, porém a revelação e instrução de Moisés mais as declarações dos profetas.

Quanto aos sacrifícios dos meus dons, sacrificam carne e a comem (13). As pessoas amavam sacrificar para desfrutar o banquete de carne que se seguiria. Não admira que Jeová estivesse irado e não os aceitasse. Assim, eles voltarão para o Egito. Israel tinha de aprender as lições amargas dos seus antepassados. O Egito representa a terra da escravidão (cf. 9.3,6), da qual Israel fora resgatado, mas que simbolizava o sofri­mento pelo qual o povo tinha de passar novamente.

O versículo 14 determina uma vez mais a fonte do pecado de Israel: Porque Israel se esqueceu do seu Criador. Esquecer Deus e ostentar o próprio poderio diante de nações estrangeiras trouxe o julgamento do Senhor sobre Israel. A frase final: Mas eu enviarei um fogo contra as suas cidades, e ele consumirá os seus palácios, refe­re-se a ambas as nações (Israel e Judá). “Estes castelos de falsa segurança o Senhor destruirá, o armanoth [cidades cercadas] correspondem ao hokkaloth [templos]”.'

O capítulo 8 oferece possibilidades diversas de exposição impressionante. Ele repre­senta o caráter do pecado com clareza: 1) O engano do pecado, 2,11,12; 2) A ação recípro­ca do pecado, 7; 3) O absurdo do pecado, 9; 4) O fardo do pecado, 10; 5) O julgamento contra o pecado, 14.

Uma análise textual de Os 8.1 proporciona uma explicação do pecado: 1) O pecado é essencialmente relação rompida, lb; 2) O pecado é uma transgressão da lei, lc.

Índice: Oseias 1 Oseias 2 Oseias 3 Oseias 4 Oseias 5 Oseias 6 Oseias 7 Oseias 8 Oseias 9 Oseias 10 Oseias 11 Oseias 12 Oseias 13 Oseias 14