Interpretação de Oseias 6

Oseias 6 enfatiza temas de arrependimento, misericórdia de Deus e a necessidade de uma transformação espiritual genuína.

Em Oseias 6, o povo de Israel expressa o desejo de retornar ao Senhor, reconhecendo a sua necessidade de cura e restauração. Eles reconhecem que a disciplina e o julgamento de Deus caíram sobre eles e esperam pela Sua misericórdia e reavivamento.

Os principais temas e elementos de Oseias 6 incluem:

1. Arrependimento e Restauração: O capítulo começa com o povo reconhecendo seus pecados e declarando sua intenção de retornar ao Senhor. Expressam confiança na capacidade de Deus para curá-los e restaurá-los.

2. Arrependimento Transitório: Oseias, falando em nome de Deus, responde com um reconhecimento do arrependimento passageiro ou insincero do povo. Ele compara o seu arrependimento ao orvalho da manhã que desaparece rapidamente, o que implica que o seu compromisso com Deus não é profundo ou duradouro.

3. O Desejo de Misericórdia de Deus: Apesar da inconsistência do povo, Deus ainda deseja amor e conhecimento inabaláveis, em vez de meros rituais religiosos. Ele anseia por um relacionamento genuíno com Seu povo, baseado no amor e no compromisso.

4. Consequências da Infidelidade: Oseias reitera as consequências da infidelidade de Israel, incluindo o julgamento e o exílio. A infidelidade do povo e a busca por deuses estrangeiros levaram ao seu sofrimento.

Oseias 6 serve como um chamado para um arrependimento mais autêntico e duradouro – um retorno a Deus com verdadeira sinceridade, em vez de gestos superficiais. Destaca o desejo de Deus de um relacionamento profundo e significativo com Seu povo e Sua disposição de mostrar misericórdia e oferecer restauração quando ocorre o arrependimento genuíno.

Interpretação

Desafio ao Arrependimento e à Cura (Os 6.1-3)
A separação entre a passagem de Os 6.1-3 e o capítulo 5 é infeliz. Há conexão óbvia entre “irei e voltarei” (Os 5.15) e vinde, e tornemos (6.1). Não parece razoável entender que esta seção é o clamor dos israelitas, como interpretam muitos comentaristas. Trata-se do apelo simples de Oseias em nome do Senhor. (Esta interpretação requer uma mu­dança rápida no pensamento de Oseias, mas tal transição é típica do estilo literário do profeta.) Deus é a fonte de tudo. Foi o Senhor que os despedaçara; será Ele que os curará. Fez a ferida e a ligará (1). O avivamento nacional deve acontecer em curto período de tempo, fato figurativamente indicado por depois de dois dias e ao terceiro dia (2; cf. Lc 13.32,33). Estas palavras não são referência direta à ressurreição de nosso Senhor. Contudo, há intérpretes que as consideram antitipicamente como linguagem que se refe­re ao Messias, o “verdadeiro Israel” (cf. Is 49.3; Mt 2.15).

O versículo 3 repete que a consequência da reconciliação é conhecimento de Deus. Conheçamos e prossigamos em conhecer o SENHOR. Este conhecimento não é puramente cognitivo, mas prático. Perseguir ou buscar este conhecimento traz as bên­çãos de Deus: Como a alva, será a sua saída; e ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra. Aqui estão duas figuras fascinantes: o crepúsculo da manhã e a chuva renovadora. A profecia vê a saída de Jeová como o amanhecer “que anuncia o dia” e como as chuvas no inverno e na primavera (cf. NVI) – como a chuva temporã e como a chuva serôdia – que regam a terra. O amanhecer é o precursor dessa salvação (Is 58.8; 60.2), ideia representada pela “chuva serôdia” que molha a terra (Lv 26.4,5; Dt 11.14; 28.12). Oséias fala das primeiras e das últimas chuvas (temporãs e serôdias) como bênçãos do Senhor em relação à obediência e devoção sincera. O cumpri­mento da promessa se dará pelo Messias (Is 35.6; 44.3; Ez 36.25-28).

A INFIDELIDADE DE ISRAEL E SEU CASTIGO, Os 6.4-10.15
1. O Processo Judicial de Deus contra Israel (Os 6.4-7.16)
 
O lamento divino (Os 6.4-6). 
Os versículos 4 e 5 mostram o clamor do coração de Deus. Muitos veem nesta passagem prova de que a penitência de 5.15 a 6.3 é superficial, que Efraim e Judá não mostraram arrependimento sincero. “Fiaram-se no chesed de Yahweh (Jeová) para que fossem inabaláveis; mas o próprio chesed de BONDADE que tinham durou tão pouco quanto o ORVALHO sob o sol da manhã”. Por isso, os abati pelos profetas; pela palavra da minha boca, os matei (5). Deus foi forçado a disci­plinar sua noiva através dos profetas que enviou para destruir “o estilo de vida dela”. Ao concluir o versículo, Oséias acrescenta: E os teus juízos sairão como a luz. Semelhan­te ao raio do julgamento de Deus que sai para fender o coração. Assim, paradoxalmente, a luz divina traz escuridão.

Porque eu quero misericórdia e não sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos (6). “Eu quero o verdadeiro amor, não o sacrifício; o conheci­mento de Deus em lugar de holocaustos” (Phillips; cf. BV). A palavra chesed, traduzida por misericórdia, é amor por outrem que se revela na justiça e tem sua origem no conhecimento de Deus. Aqui, misericórdia significaria a afeição por Jeová, sentimento que Ele almeja na obediência humilde de Israel (cf. NTLH). Os sacrifícios insensíveis para cobrir o pecado são rejeitados como anátema para Deus. Declaração semelhante é dada por Samuel: “Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros” (1 Sm 15.22; cf. Si 40.7-9; 50.8-15; Is 1.11-17; Mq 6.8).

O fracasso do homem (Os 6.7-11). 
Encontramos a antítese do anseio de Jeová na descrição que a passagem de 6.7 a 7.16 faz sobre Efraim e Judá. Eles traspassaram o concerto e se portaram aleivosamente (infielmente) contra mim (7). A expressão de localidade (como Adão, i.e., lá no jardim do Éden) destaca o lugar onde ocorreu a quebra do concerto (provavelmente Bete-Áven). Como Adão tinha quebrado o acordo com Jeová, seu Deus, assim fizeram eles.

Como exemplos desta infidelidade, o profeta menciona Gileade, cidade 21 de malfei­tores calcada de sangue (8). Gileade era notória pelos seus homicídios (2 Reis 15.25). No versículo 9, Oseias lamenta que, como hordas de salteadores que espreitam al­guém, assim é a companhia dos sacerdotes que matam no caminho para Siquém; sim, eles têm praticado abominações.

John Mauchline sugere que o texto do versículo 9b deveria vir antes de 9a, para dar a entender que os assassinatos de 9b foram atribuídos aos homens de Gileade mencionados no versículo 8. O sacerdócio, embora culpado de grosseira idolatria, nun­ca antes fora acusado de assassinato. Por outro lado, se for morte espiritual de que são acusados os sacerdotes, o significado acompanharia a sequência do texto. Seja como for, os sacerdotes não estão livres de culpa. “Os sacerdotes formam turmas” (BV) como ladrões na estrada de Siquém e pecam contra os adoradores que estão em viagem aos santuários para adorar.'

Presume-se que a prostituição de Efraim (10) diga respeito à idolatria dos sacer­dotes, que teve tão longo alcance, que contaminou a nação. Oseias não se esquece de Judá, a quem também “está determinada uma ceifa” (11, ECA; cf. NVI).

Fundamentado no teor da mensagem, talvez o versículo 11b devesse ser unido a Os 7.1. Então, o texto ficaria assim: Quando eu remover o cativeiro do meu povo — saran­do eu a Israel, se descobriu a iniquidade de Efraim.

O capítulo 6 identifica os recursos de Deus de maneira notável: 1) Deus é a fonte da disciplina espiritual, la; 2) Deus é a fonte da reconciliação, lb; 3) Deus é a fonte do verdadeiro conhecimento, 3.

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