Interpretação de Oseias 9

Interpretação de Oseias 9

Interpretação de Oseias 9

(Interpretação da Bíblia)
Índice: Oseias 1 Oseias 2 Oseias 3 Oseias 4 Oseias 5 Oseias 6 Oseias 7 Oseias 8 Oseias 9 Oseias 10 Oseias 11 Oseias 12 Oseias 13 Oseias 14

angústia e cativeiro de Israel (Os 9.1-17). Ao dar continuidade à acusação apresen­tada no capítulo 8, Oséias faz uma descrição no capítulo 9 da pena do exílio, o definhamento da nação. Israel rejeitou Jeová e tem de enfrentar a perda de rei, crianças, lugares de adoração e país.
Nos versículos 1 a 9, o profeta faz uma advertência de julgamento apesar da pros­peridade temporária. Não te alegres, ó Israel, até saltar, como os povos; porque te foste do teu Deus como uma meretriz (1). Os israelitas não devem se exultar, pois a infidelidade (prostituição) foi a causa de haverem se separado de Deus. As festi­vidades de Israel deviam ser ocasiões felizes, mas as festas de Baal se desdobraram em festança licenciosa. Isto ocorria, sobretudo, na festa da colheita, que começava como ocasião de agradecimento e alegria, mas acabava em libertinagem. “Oséias destaca fortemente que junto com a lealdade a Yahweh (Jeová) está a adoração feliz de um povo grato, ao passo que junto com a virada infiel a uma adoração das forças da Natureza está um colapso da vida moral”.”
Amaste a paga sobre todas as eiras de trigo (1). Israel deixou de considerar que as bênçãos da colheita vinham de Deus e passou a atribuí-las à adoração de Baal, no qual se alegravam. Por causa dessa “prostituição espiritual”, a eira e o lagar não os man­terão (2). Trigo, óleo e vinho não os nutrirão nem os satisfarão, porque estarão distan­tes, no exílio. O versículo 3 explica o versículo 2. Egito (3) é, obviamente, um símbolo para o exílio (8.13) como nos dias de Moisés. A expressão: na Assíria comerão comida imunda mostra que as leis dietéticas do Pentateuco eram conhecidas nos dias de Oséias. Comer comida imunda estava associado aos gentios. Mesmo nesta época, Deus deu a Israel sua proteção contra a degradação, mas no exílio não haveria tal proteção. O “em­blema de distinção” não vale mais, os limites e distinções sociais acabaram — tais fatos eram julgamentos que Israel sentia ardentemente.”
Os quadros nos versículos 3 e 4 descrevem nitidamente o exílio vindouro. Os verbos hebraicos estão no futuro simples. Na Assíria, não derramarão vinho (libação) pe­rante o SENHOR (4), mas os seus sacrifícios para eles serão como pão de pranteadores.41 Seus sacrifícios não serão agradáveis a Jeová. A expressão: o seu pão será para o seu apetite; não entrará na casa do SENHOR significa que não haverá templo ao qual eles possam levar uma oferta antes de comer o alimento.
Que fareis vós no dia da solenidade e no dia da festa do SENHOR? (5). Israel não poderá observar as festas do Senhor enquanto estiver no exílio. Ou talvez o significa­do seja que os israelitas fariam sacrifícios, mas que não haveria a alegria da ocasião festiva porque estavam desacompanhados de justiça.
Porque eis que eles se foram por causa da destruição (6) quer dizer que os israelitas estarão sujeitos ao exílio. O Egito é mencionado simbolicamente como o lu­gar deste exílio. Mênfis era a antiga capital do Baixo Egito, hoje em ruínas ao sul da antiga Cairo. O tesouro de Israel será destruído e suas habitações ficarão abandona­das: “As urtigas herdarão os seus tesouros de prata e os espinhos ocuparão as suas tendas” (Phillips; cf. NVI).
Mais uma vez o texto fala dos dias da visitação (7; “castigo”, BV; ARA; ECA; NVI; cf. (Os 2.13), desta feita junto com os dias da retribuição (“punição”, NVI). O radical da palavra hebraica indica que retribuição é a execução necessária da prostituição de Israel. Então a nação saberá que o profeta profissional é um insensato. Estes mensa­geiros predisseram somente prosperidade para o povo (Ez 13.10). O homem de espíri­to (“homem inspirado”, NVI) é idêntico ao profeta insensato. “O termo 'ish ruach (ho­mem de espírito) é sinônimo de 'ish holekh ruach (homem que anda no espírito), menci­onado em Miquéias 2.11, onde diz que profetiza mentiras. [...] Até os falsos profetas ficam sob um poder demoníaco superior, e eram inspirados por um ruach sheqer (espírito de mentira, 1 Reis 22.22)”.” Isto, em si, com certeza mostrava a profundidade da iniqüidade de Israel e o grande ódio.
Deus queria que Efraim fosse o seu vigia e profeta para as nações circunvizinhas, mas não há confiança nesses mensageiros profissionais e não inspirados pelo Senhor.” Assim, o profeta é como um laço de caçador de aves em todos os seus caminhos (8), e há “inimizade, hostilidade, e perseguição na casa do Senhor” (ATA; cf. NVI).
Oséias lembra os leitores do comportamento depravado de Israel em Gibeá (9; cf. Jz 19), quando “não havia rei em Israel” (Jz 19.1) e “cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos” (Jz 21.25).
Uma vez mais ouvimos o clamor aflito de Jeová: Achei Israel como uvas no de­serto, vi a vossos pais como a fruta temporã da figueira no seu princípio (10). O Senhor representa-se como viajante no deserto que sente grande prazer e alegria ao achar uvas para matar a sede e figos temporãos, iguaria muito apreciada para a maioria dos orientais (Is 28.4; Jr 24.2; Mq 7.1). Assim, Deus se deliciava em ajudar Israel como seu povo escolhido no Egito. Mas os filhos de Israel foram para Baal-Peor44 e “se torna­ram abomináveis como o objeto que amavam” (Vulgata; cf. BV; RC; ARA; ECA; NTLH; NVI).45 Eles se tornaram de caráter semelhante àquilo que amavam.
No versículo 11, encontramos uma figura diferente, mas paralela. A glória de Efraim como ave, voará; não haverá nascimento, não haverá filho, nem concepção. “A glória de Efraim voou como pássaro; não há mais nascimento, não há mais maternidade, não há mais concepção!” (VBB; cf. ECA; NVI). Os povos de terras orientais consideravam a esterilidade uma desgraça. Efraim quer dizer “fertilidade”. ironia da escritura está na observação de que o frutífero ficará estéril, e o qualificativo “frutífero” deixará de caracterizar Israel.
glória de Israel era sua relação exclusiva com Jeová; agora os israelitas rejeita­vam essa glória do mesmo modo que abandonaram sua eleição. Não admira que Deus diga: Ai deles, quando deles me apartar! (12). A glória terá ido porque as últimas gerações de Israel se foram: Para que não fique nenhum homem. A última frase do versículo 12 dá a razão para o castigo ameaçador: a partida do Senhor. O luxo será puni­do pela “diminuição de números”, que é conseqüência da esterilidade. Ainda que nasçam filhos, eu os privarei deles — os homens se perderão na batalha.
O tema da glória desvanecedora de Efraim continua nas descrições dos versículos 13 e 14. Efraim, assim como vi Tiro, está plantado em um lugar deleitoso (13), con­tudo a nação levará seus filhos ao matador. A palavra Tiro quer dizer “rocha”. Israel pretendia ser uma rocha, símbolo de poder e glória. Mas agora que sua apostasia ficou notória, o Senhor entregaria seus filhos à morte pela espada.
Oséias parece inquieto com a situação. “Dá-lhes o que merecem” (14, ATA), diz o profeta Jamieson interpreta que as palavras uma madre que aborte e seios secos indicam: “A calamidade será tão grande, que a esterilidade será uma bênção, ainda que essa condição fosse considerada uma grande desgraça” (cf. Jó 3.3; Jr 20.14; Lc 23.29)”.”
No versículo 15, Oséias volta à situação anterior e fala por Deus. Gilgal era um dos santuários degradados pela adoração a Baal (cf. Os 4.15; 12.11). Paradoxalmente, foi o pri­meiro lugar onde os israelitas fizeram um culto a Jeová depois da travessia do rio Jordão (Js 4.20; Mq 6.5). Foi ali que Jeová os odiou. Como marido traído, ele os lançaria fora de sua casa; não os amaria mais, pois os rebeldes (15) o rejeitaram. Knight faz um comen­tário sobre o versículo 15: “O Antigo Testamento nunca usa o palavreado tolo de certos evangelistas de hoje que declaram que Deus odeia o pecado, mas ama o pecador. O peca­do não existe independentemente de homens que pecam. É por isso que Deus, em sua pureza e amor santo, tem de odiar o próprio pecador”.”
Efraim, o frutífero, agora é atingido duramente por uma ferrugem: Secou-se a sua raiz; não darão fruto (16; cf. Sl 102.4). Talvez isto seja um trocadilho amargamente irônico feito por Oséias. “Efraim, o frutífero, não dá mais frutos” (Phillips). O hebraico indica o cumprimento certo da profecia.
As ameaças nos versículos 11 e 12 são reforçadas no versículo 16 e encerradas no versículo 17 com uma razão para essa rejeição: O meu Deus os rejeitará, porque não o ouvem; e desocupados andarão entre as nações (17). A frase final transmite um tremendo tom patético. A palavra traduzida por desocupados (“errantes”, ARA) é usa­da em referência a Caim em Gênesis 4.14 (cf. Dt 28.65). Ao considerar que Israel preferiu andar desocupado; agora é Deus que diz: Desocupados andarão entre as nações. “A luz que Deus dá aos homens, e particularmente a luz do amor, [...] ou ilumina-lhes os olhos ou cega-lhes os olhos. Esta é a convicção de todos os profetas”.'