Interpretação de Oseias 10
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(Interpretação da Bíblia)
Índice: Oseias 1 Oseias 2 Oseias 3 Oseias 4 Oseias 5 Oseias 6 Oseias 7 Oseias 8 Oseias 9 Oseias 10 Oseias 11 Oseias 12 Oseias 13 Oseias 14
Resumo e
Súplica (Os 10.1-15)
Oséias tem duas mensagens: o pecado de Israel e o seu
castigo. Estes temas são repetidos muitas vezes. “A repetição, não a progressão
de pensamento, caracteriza o fluxo impetuoso de eloqüência inspirada do profeta
Oséias”.' No capítulo 10 há uma repetição quádrupla e uma referência dupla ao
pecado de Israel, que é: 1) O estabelecimento de reis não autorizados; e 2) A
instituição da adoração do bezerro de ouro. O castigo é paralelo ao pecado
na destruição do reino e seus ídolos.”
Metáforas descritivas são abundantes nesta profecia.
Oséias já falou de “vaca rebelde” (Os 4.16), negociantes fraudulentos (Os 5.7,
“aleivosamente se houveram”), homens doentes (Os 5.13), “adúlteros” (Os 7.4), “uma
pomba enganada” (Os 7.11) e, agora, “uma vide frondosa”.
Israel é uma vide frondosa;51 dá fruto
para si mesmo (1), ou seja,
Israel “colheu” seus frutos. A reclamação do Senhor não era que os israelitas
prosperaram, mas que eram egoístas. Em vez de aumentar a gratidão a Jeová, a
prosperidade tornou-se ocasião de aumentar o número de altares e estátuas
ou colunas” de Baal (cf. Êx 23.24; 1 Reis 14.23).
O seu coração está dividido (2), “e agora devem carregar sua culpa” (NVI). Seus
sentimentos estavam divididos por causa da influência nefanda da adoração a
ídolos. Israel tem de expiar sua infidelidade, pois Deus destruirá seus altares
e estátuas.
Oséias anuncia que, um dia, eles se darão conta de
que a razão de não terem um rei, é porque não temem o SENHOR (3). A
última frase do versículo talvez signifique: “Se não reverenciamos o Senhor, o
que nos poderia fazer o rei?” (VBB; cf. ARA; NTLH; NVI).
Os versículos 4 a 7 acrescentam mais detalhes sobre o
fracasso de Israel. Multiplicaram palavras, jurando falsamente, fazendo um
concerto (4). Quando o povo dividiu sua lealdade, também perdeu a crença em
seus reis. Estes faziam e guardavam o concerto somente quando lhes era
pessoalmente vantajoso. “Tinha havido uma seqüência funesta de regentes que, em
nível internacional, faziam alianças fraudulentas e, nacionalmente, brincavam
com políticas de força; nenhum deles reinou por possuírem um dom carismático”
(cf. 7.7; 8.4).” Um governante desta qualidade não faria mais que “proferir
meras palavras” (RSV) e entrar em pactos inúteis.
Nestas circunstâncias o único juízo (“justiça”,
NTLH) que Israel conhecia era uma experiência amarga. Erva peçonhenta era,
talvez, a cicuta, o veneno dado a Sócrates. Amós se refere a veneno quando
observa: “Haveis tornado o juízo em veneno e o fruto da justiça, em alosna” (Am
6.12, ARA; cf. ECA; NVI).
Os versículos 5 e 6 fazem uma descrição gráfica da
relação do povo com os ídolos. Se a comunhão com Deus constituía uma grande
alegria, a relação de Israel com os ídolos de Bete-Áven (5) seria de
lamento. Diante do julgamento iminente o povo e os sacerdotes lamentaram
pela segurança dos bezerros (touros) de ouro. Estes sacerdotes eram
kamar, idólatras (“sacerdotes idólatras”: ARA; cf. ECA; NVI; NTLH). Os
verdadeiros sacerdotes de Israel eram kohen. Oséias mostra que o próprio
bezerro de ouro vai peregrinar no exílio: Também a Assíria será levada como
um presente (tributo) ao rei Jarebe (6). A palavra Jarebe não
é nome próprio. Significa “grande rei” (ver BV; ECA; NVI; cf. ARA; NTLH). Efraim
ficará confuso... por causa do seu próprio conselho, ou seja, por causa
deste ídolo de quem buscou conselho deliberativo. Assim, “os reis fantoches
compartilharão o mesmo destino que os deuses fantoches”.” O rei de Samaria será
destruído como “um refugo sobre a superfície das águas” (7, Phillips; cf. BV;
ARA).
Oséias identifica o principal pecado de Israel com a
imagem de adoração em BeteÁven (Betel). E os altos de Áven (Bete-Áven),
pecado de Israel, serão destruídos (8).
Estes lugares de adoração idólatra tinham de ser
totalmente destruídos, pois espinhos e cardos crescerão sobre os seus
altares (8). Com o fim do reino e de seus altares e santuários, o povo
almejará a morte e destruição, e dirá aos montes: Cobri-nos! E aos outeiros:
Caí sobre nós! Sem concerto e ídolos, as pessoas buscarão as montanhas a
fim de se esconder da ira de Deus (cf. Hb 10.31; Ap 6.16). No versículo 9, o
profeta volta a falar do pecado de Gibeá como exemplo da pecaminosidade
absoluta de Israel (ver comentários em 9.9).
A palavra transgressões (10) é mais bem
traduzida por “dupla transgressão” (ARA; cf. NVI).” Por causa de sua grande
iniqüidade, a nação será castigada e acorrentada diante dos inimigos.
No versículo 11, há uma comparação entre o animal que
é ensinado a trilhar e o que é enviado a lavrar o campo. O Código
Deuteronômico permitia ao boi comer enquanto trilhava os grãos (cf. Dt 25.4). O
jugo que Jeová pusera em Israel era leve, mas por causa do pecado cometido o
Senhor o enviaria aos campos para arar. Deus poria um jugo pesado no pescoço
de Israel, em vez de um cavaleiro a conduzir. O povo seria conduzido em vez de
ser dirigido. Estas são figuras de subjugação e escravidão.” “As esperanças que
Efraim tinha de escapar serão frustradas. Os assírios se mostrarão senhores
duros”.'
É notável que, mesmo na zero hora antes do
julgamento, Deus, mais uma vez, oferece sua misericórdia (chesed) para
Israel. A nação ainda tem a chance de obedecer esta ordem: Semeai para vós
em justiça, ceifai segundo a misericórdia; lavrai o campo de lavoura; porque é
tempo de buscar o SENHOR, até que venha, e chova a justiça sobre vós (12). Semeai...
justiça implica em ações corretas entre dois homens. Se Israel fizesse a vontade
de Deus, ele colheria misericórdia de acordo com a compaixão de Jeová e
não perversidade.
Aqui, e em Jeremias 4.3, a palavra hebraica Tiú- pode
significar campo de lavoura (terra arada) ou solo não cultivado. Em
ambos os casos, a terra fora abandonada até ficar seca pelo calor e cheia de
espinhos. Qualquer uma das duas interpretações indica que o povo tem de
trabalhar sob circunstâncias difíceis em um novo curso de vida.”
Este é o momento decisivo. É a vontade de Deus que chova
a justiça sobre Israel, mas há obediência parcial ou nula. A nação está tão
dedicada na propensão à idolatria que ficou insensível ao chamado de Deus.
Os versículos 13 a 15 identificam uma vez mais a
conseqüência da indiferença e impiedade. Há um efeito cumulativo quando
os homens praticam o mal: “Mas vocês plantaram a maldade e acabaram colhendo só
pecados” (13, BV). Eles não confiaram em Jeová, mas na multidão dos seus
valentes. Alguns tradutores unem a última parte do versículo 13 com o
começo do 14: “Porque confiastes nos vossos carros e na multidão dos vossos
valentes, portanto, entre o teu povo se levantará tumulto de guerra” (RSV).
Nada sabemos sobre esta ilustração: Salmã destruiu
a Bete-Arbel (14). A palavra salmã é, provavelmente, contração de
Salmaneser, o conquistador de Israel (2 Reis 17.6). Logsden assevera que Bete-Arbel
é um “quadro pré-desenvolvido” de Betel, em que mais tarde se cumpriu a
profecia do versículo 14: A mãe ali foi despedaçada com os filhos.”
Assim vos fará Betel (15) deveria ser “Assim eu vos farei” (VBB). Betel,
o lugar da malícia e da idolatria,” será destruído em uma madrugada
(basshachar, “crepúsculo da manhã”). Devemos entender que o rei
de Israel refere-se à monarquia em geral e não a um monarca específico. Na
época da invasão, era o rei Oséias que estava no trono.
Os versículos 11 a 15 oferecem uma exposição sobre o
evangelismo: 1) A falsa esperança de Israel, 11a; 2) A súplica amorosa de Deus
em face do julgamento iminente, 12; 3) O julgamento incontestável de Deus,
13-15.