Significado de Marcos 7

Marcos 7

Marcos 7 começa com um confronto entre Jesus e os fariseus e escribas sobre suas tradições de lavagem cerimonial antes de comer. Jesus critica sua hipocrisia e enfatiza que não é o que entra no corpo de uma pessoa que a contamina, mas o que sai de seu coração.

Jesus então viaja para a região de Tiro, onde cura a filha de uma mulher siro-fenícia e elogia sua grande fé. Voltando à região do Mar da Galileia, Jesus cura um surdo-mudo, demonstrando Seu poder sobre as doenças físicas.

O capítulo termina com Jesus alimentando uma grande multidão de quatro mil pessoas com sete pães e alguns peixinhos. Esse milagre lembra a alimentação dos 5.000 no capítulo anterior, enfatizando a compaixão de Jesus pelos famintos e Seu poder divino para suprir suas necessidades.

No geral, Marcos 7 enfatiza o tema da pureza interior e o perigo do externalismo e do legalismo. A crítica de Jesus aos fariseus e escribas destaca a importância da verdadeira mudança de coração, em vez da mera adesão a rituais religiosos. A cura da filha da mulher siro-fenícia e do homem surdo-mudo demonstram o poder de Jesus sobre as aflições físicas e Sua compaixão pelos necessitados. A alimentação dos 4.000 enfatiza o poder divino de Jesus para prover Seu povo e ecoa a mensagem do capítulo anterior de que Jesus é o pão da vida que satisfaz nossa fome mais profunda.

Comentário de João 7

Marcos 7.1-23 Nesse capítulo, os escribas e os fariseus tornaram mais notórias suas acusações contra Jesus. O abismo que há entre a verdadeira espiritualidade e as tradições criadas por homens é muito grande.

Marcos 7.1 Jerusalém era a principal cidade da fé judaica. Os fariseus (Mt 5.20) e os escribas (doutores da Lei), certamente, foram enviados pelas autoridades religiosas judaicas para se certificarem da posição de Jesus em relação aos assuntos que eles achavam importantes. Os Evangelhos mostram que havia tanto maus como bons escribas (Mt 7.29; 8.19).

Marcos 7.2 Os repreendiam. E muito mais fácil criticar do que motivar. Os terapeutas dizem que, para vencer uma crítica, é preciso motivação, principalmente nas crianças, em uma proporção de oito para um. Contudo, nós encorajamos e incentivamos mais quando fazemos disso um hábito em nossa vida.

Marcos 7.3, 4 Esses dois versículos explicam tanto a tradição de lavar as mãos como vários outros tipos de rituais para retirar as impurezas. A intenção de Marcos era que seus leitores em Roma conhecessem um pouco mais da fé e da tradição judaicas, para que entendessem essa controvérsia.

Marcos 7.5 A tradição dos antigos (Mt 15.2) era uma série de regras que serviam de base para a lei cerimonial dos judeus. Mas sua autoridade não era apoiada pelas Escrituras. A pergunta aqui é uma acusação indireta a Jesus, pois, como o Mestre de Seus discípulos, Ele era responsável pelas ações deles.

Marcos 7.6, 7 Cristo não respondeu diretamente à pergunta; ao contrário, aproveitou para tratar de dois outros assuntos mais importantes: (1) a superioridade da Lei de Deus sobre a tradição criada pelo homem (v.6-13); e (2) a diferença entre o cerimonial e a verdadeira contaminação moral (v. 14-23). Jesus entrou na discussão chamando Seus acusadores de hipócritas. Essa palavra, no original, diz respeito aos atores que usavam máscaras no palco enquanto representavam vários personagens. Na verdade, os fariseus não eram religiosos genuínos; eles estavam apenas representando para que todos os vissem.

Marcos 7.8, 9 Naqueles dias, os judeus se apegavam à Lei escrita de Deus, a Torá, com tanto zelo que nem expressavam suas opiniões sobre ela, a fim de que as gerações futuras não viessem a considerar suas palavras tão importantes como as do Altíssimo. Mas, com o passar do tempo, comentários escritos da Lei, reunidos no Talmude, começaram a ter mais importância do que a própria Torá.

Marcos 7.10-13 Porém vós dizeis mostra o grande contraste que há entre a vontade de Deus e as tradições vazias do homem. O corbã, evidentemente, era uma brecha religiosa para não cumprir a obrigação de ajudar os pais sustentando-os financeiramente.

Marcos 7.14 Uma simples pergunta na hora da refeição gerou uma controvérsia que chamou a atenção da multidão que seguia Jesus. O Mestre fez uma declaração pública que deve ter tirado o jugo do povo e enfurecido os fariseus.

Marcos 7.15, 16 Nenhum alimento que comemos nos contamina, mas o discurso e a conduta inapropriados sim. Eis aqui um princípio básico de comportamento. Nossas atitudes são guiadas por aquilo que pensamos; elas são o resultado dos nossos pensamentos mais profundos. Veja que as palavras do homem contaminam a si mesmo, antes de contagiar os outros.

Marcos 7.17-23 Jesus tinha de explicar tudo nos mínimos detalhes a Seus discípulos que eram desligados e lentos de raciocínio. Quantas vezes arrumamos uma desculpa, em vez de colocarmos em prática esse princípio?

Marcos 7.20 Essa pode ser a declaração de Cristo que marca a transição das leis sobre os alimentos de Levítico 11 para a mudança completa conforme os ensinamentos da Igreja em Atos 10—11.

Marcos 7.24—8.26 Após um confronto aberto e acirrado com as autoridades judaicas, Jesus se retirou para descansar e instruir Seus discípulos.

Marcos 7.24 As viagens de Jesus para os territórios de Tiro e de Sidom foram as mais distantes fora de Israel que Ele fez durante Seu ministério público. No entanto, é claro que, na Sua infância, Cristo viajou aproximadamente 500 km para ir de Sua terra natal até o Egito. Sidom ficava cerca de 24 Km ao norte de Cafarnaum.

Marcos 7.25 Mesmo em uma casa na distante Sidom, Jesus não teve privacidade.

Marcos 7.26 A mulher que se aproximou de Jesus era gentia, como a palavra grega nos mostra aqui. Ela era habitante daquela região. Siro-fenícia (veja a história da viúva de Sarepta em 1 Reis 17.8-24) reflete a situação política do Oriente Médio naquela época. A Fenícia (atualmente o Líbano) fazia parte da província romana da Síria, que também incluía toda a Palestina — Galileia, Samaria, Pereia, Judeia, Idumeia e outras regiões.

Marcos 7.27 Jesus estava ensinando ou comendo com Seus discípulos, os quais Ele chamava figuradamente de filhos. Durante a refeição, ninguém parava para alimentar seus animais de estimação, os cachorrinhos. Entretanto, o Mestre não queria ofender aquela senhora com essa metáfora. Na verdade, Ele estava provando a fé dela. Mateus descreve a reação de Cristo ao responder-lhe assim: O mulher, grande é a tua fé (Mt 15.28).

Marcos 7.28 A mulher entendeu que Jesus queria prová-la e respondeu com convicção que até os cachorrinhos comem debaixo da mesa as migalhas dos filhos durante a refeição.

Marcos 7.29 Como recompensa por sua persistência, Jesus atendeu a seu pedido. Ele expulsou o demônio de sua filha, embora ela não estivesse ali.

Marcos 7.30 A palavra deitada representa a posição em que a menina estava quando o demônio foi expulso dela.

Marcos 7.31 Jesus pegou um atalho de volta a Israel passando pela Galileia. Ele foi para o leste, até a região de Decápolis, e, depois, passou pelo monte Hermom, ao sul, até chegar ao mar da Galileia.

Marcos 7.32-35 A cura de um surdo (que também tinha um problema na fala) é um dos dois milagres descritos somente por Marcos. (O outro é a cura do cego descrita em Marcos 8.22-26.) As pessoas que não ouvem, geralmente, também têm problemas na fala.

Marcos 7.34 Efatá é uma palavra aramaica. Marcos explica o que ela significa a seu imenso público que não era judeu.

Marcos 7.36 A ordem de Jesus — que a ninguém fosse dita coisa alguma — era para que isso não chamasse a atenção e, assim, Ele pudesse andar tranquilo naquela região. Afinal, Ele sabia que a curiosidade de algumas pessoas poderia atrapalhar Seu ministério.

Marcos 7.37 Faz ouvir os surdos e falar os mudos. Os sinais do Reino de Deus estavam acontecendo (Is 35.5,6).