Significado de Marcos 8

Marcos 8

Marcos 8 começa com a história de Jesus alimentando uma multidão de quatro mil pessoas com apenas sete pães e alguns peixinhos, enfatizando Seu poder divino e compaixão pelos famintos.

Em seguida, Jesus viaja para a região de Cesareia de Filipe, onde pergunta a Seus discípulos quem eles acreditam que Ele seja. Pedro confessa que Jesus é o Cristo, e Jesus começa a ensiná-los que Ele deve sofrer, morrer e ressuscitar. Pedro, porém, repreende Jesus por falar de Sua morte, e Jesus repreende Pedro por sua falta de entendimento.

Jesus então ensina os discípulos sobre o custo do discipulado, enfatizando a necessidade de tomar sua cruz e segui-lo. Ele adverte que aqueles que tentarem salvar suas vidas irão perdê-las, mas aqueles que perderem suas vidas por causa Dele e do evangelho irão salvá-las.

O capítulo termina com a história da transfiguração de Jesus em uma alta montanha diante de Pedro, Tiago e João. Eles veem as roupas de Jesus tornarem-se de um branco deslumbrante e veem Elias e Moisés aparecerem e conversarem com Ele. Uma voz do céu afirma que Jesus é o Filho de Deus e ordena aos discípulos que o ouçam.

No geral, Marcos 8 enfatiza o tema do discipulado e a necessidade de verdadeira compreensão e compromisso com Jesus. A alimentação dos 4.000 e o ensino de Jesus sobre o custo do discipulado demonstram o poder divino de Jesus e Seu chamado para segui-Lo de todo o coração, mesmo quando envolve sacrifício e sofrimento. A história da confissão e repreensão de Pedro destaca a necessidade de uma verdadeira compreensão da identidade e missão de Jesus, e a história da transfiguração de Jesus afirma Sua filiação e autoridade divinas. O capítulo também prepara o cenário para o clímax do evangelho de Marcos, no qual Jesus sofrerá e morrerá, mas finalmente triunfará sobre o pecado e a morte por meio de Sua ressurreição.

Comentário de Marcos 8

Marcos 8.1-5 O Mestre queria alimentar a multidão, mas Seus discípulos perguntaram como isso seria possível. Eles tinham sido testemunhas do milagre pelo qual cinco mil pessoas haviam sido alimentadas alguns dias antes, mas não imaginaram que Cristo poderia operar daquela forma novamente. Eles demoraram para entender quem, realmente, era Jesus.

Marcos 8.6, 7 O tempo verbal das palavras traduzidas por tendo dado e partiu demonstra uma ação no passado. No entanto, o verbo traduzido por pusessem está no gerúndio, o que nos dá a ideia de uma ação que está em andamento. Portanto, podemos concluir que o milagre da multiplicação foi um processo contínuo, pelo menos, e, a princípio, nas mãos de Jesus.

Marcos 8.8 O que sobrou foi posto em sete cestos, uma cesta para cada pão que havia no início. Esse milagre, além de gerar um testemunho inesquecível, também era um conselho para não se desperdiçar alimento. Essas alcofas eram bem maiores do que os 12 cestos mencionados em Marcos 6.43. Foi em um tipo de alcofa como esse que desceram Paulo por um muro em Damasco (At 9.25).

Marcos 8.9 A quantidade quatro mil não especifica que foram homens, como no caso dos cinco mil. Então, nesse caso, o número de pessoas deve ter sido bem menor. Como muitos pensam que os dois milagres, na verdade, foram um só, temos de atentar para essas diferenças: o número de pessoas que foram alimentadas, o local, a hora e o número de peixes, de pães, de cestos.

Marcos 8.10 Aparentemente, Dalmanuta e Magdala (Mt 15.39) eram nomes diferentes da mesma região, os quais são citados apenas uma vez no Novo Testamento. É bem provável que Dalmanuta ficasse no lado ocidental do mar da Galileia, cerca de cinco quilômetros ao norte da atual Tiberíades e oito quilômetros a sudoeste de Cafarnaum.

Marcos 8.11, 12 O pedido dos fariseus foi malicioso e astuto. Obviamente, esses homens não prestaram atenção aos sinais e milagres que Jesus já tinha realizado. João 20.30,31 indica que os sinais eram operados para gerar fé. Eu duvido muito que os fariseus mudassem de opinião, mesmo que presenciassem algum milagre.

Marcos 8.13, 14 Depois de alimentar quatro mil pessoas no lado ocidental, Jesus foi com Seus discípulos de barco para o outro lado, perto de Betsaida (v.22). 8.15 — Jesus advertiu Seus discípulos várias vezes para que eles evitassem o fermento, a corrupção desmedida dos fariseus e de Herodes Antipas, a qual se espalhava por Israel.

Marcos 8.16-21 Os discípulos continuaram demonstrando falta de discernimento espiritual, apesar dos milagres que haviam testemunhado. Jesus os repreendeu para que eles se lembrassem do que Deus havia feito por eles. Assim como os apóstolos, temos uma memória curta e esquecemo-nos da provisão do Senhor. Porém, temos de confiar que Ele nos dará o pão de cada dia.

Marcos 8.22-26 De certo modo, a cura do cego faz alusão à visão imperfeita que os discípulos tinham de Cristo. Assim como aquele homem, eles não estavam mais cegos, mas também não conseguiam ver muito bem. Somente o Espírito Santo poderia clarear a visão deles.

Marcos 8.27 Cesareia de Filipe ficava cerca de 40 Km ao norte de Betsaida e do mar da Galileia. Hoje em dia, ela é chamada de Banias e fica no sul, na base do monte Hermom. Uma das fontes do rio Jordão nasce em um rochedo escarpado de 100 m de altura ou mais que fica próximo ao vilarejo. Muitos ídolos haviam sido esculpidos na parede das rochas, mas o contraste entre Jesus e essas imagens era evidente — um lugar perfeito para Ele fazer a pergunta do versículo 2 9 .0 nome Filipe faz distinção dessa cidade com Cesareia, que ficava na costa.

Marcos 8.28 A resposta que os discípulos deram a Cristo sobre quem Ele era reafirmou o conceito errado deles sobre Jesus. Eles se lembraram do que Herodes e outros haviam declarado sobre Jesus em Marcos 6.14,15.

Marcos 8.29 Jesus, então, faz uma pergunta direta aos discípulos, a fim de ver o que eles responderiam. O pronome vós é fundamental na pergunta de Cristo. Pedro responde pelo grupo e diz: Tu és o Cristo. Jesus queria que Seus discípulos entendessem bem quem Ele era realmente antes de revelar-lhes que iria morrer e ressuscitar. No Evangelho de Marcos, somente os discípulos compreendem quem é Jesus. A oposição dos líderes religiosos e a falta de discernimento dos discípulos são ofuscadas repentinamente pela declaração extraordinária de Pedro.

Marcos 8.30 A ordem de Jesus — que a ninguém dissessem aquilo dele — pode parecer estranha. Mas a explicação para isso está no fato de que os judeus ansiavam por um Messias que fosse um libertador político. A primeira vinda de Jesus ocorreu para realizar outro tipo de libertação: a do pecado. Por essa razão, Jesus tomava muito cuidado para não usar o termo Messias em público, pois isso poderia ser mal interpretado pelo povo judeu, por seus líderes e pelas autoridades romanas.

Marcos 8.31 Essa é uma das muitas profecias bem claras de Jesus sobre Sua morte e ressurreição (Mc 9.31; 10.33, 34). E começou a ensinar-lhes traz aos apóstolos uma nova revelação de Sua morte, Seu sepultamento e Sua ressurreição. Filho do Homem era um título que somente Cristo usava para descrever a si mesmo. Com isso, Ele definiu Seu ministério como tendo um sofrimento no início, mas sendo seguido de uma glória futura, e evitou o uso de títulos como Messias, que poderiam ter outro significado na mente dos judeus. Os anciãos, os príncipes dos sacerdotes, antigos sumos sacerdotes, e os escribas compunham o supremo conselho judeu, o Sinédrio. Foram estes que condenaram Jesus à morte (para cumprir a profecia de Cristo; veja Mc 14.53-64).

Marcos 8.32 Jesus dizia abertamente, ou seja, não por parábolas, para que todos entendessem. Pedro entendeu claramente a profecia de Cristo sobre Sua morte, contudo, por não aceitá-la, começou a repreendê-lo.

Marcos 8.33 O que Pedro disse, talvez por medo ou preocupação, pode até ter tido boa intenção, mas não estava dentro do propósito eterno de Deus. Aquele apóstolo não foi possuído por Satanás, mas, certamente, sua mente estava sendo sugestionada por ele. Se fosse pelo desejo de Pedro, a missão de Jesus não seria cumprida.

Marcos 8.34 Negue-se a si mesmo não significa odiar a si próprio ou rejeitar o básico de que precisamos para viver, mas entregar o controle da nossa vida totalmente a Cristo. Tome a sua cruz. Quem carregava a cruz estava a caminho da execução. Portanto, isso representa aquele que está morto para suas próprias vontades, alguém que está disposto a assumir todos os compromissos para que seu viver cristão seja completo. O chamado de Jesus ao discipulado foi feito a todos que quiserem vir após mim. Não há nada que possa impedir quem está disposto a fazer isso. Nos dias de Jesus, tomar a cruz era, antes de tudo, uma confissão pública, não uma decisão tomada em segredo.

Marcos 8.35, 36 Para garantir a vida eterna, era preciso deixar de lado os bens materiais e os relacionamentos aos quais tanto nos apegamos (Mt 16.24-27). A aparente perda material significa ganho, enquanto o aparente ganho material pode ser considerado uma grande perda (Mt 19.21). Investimos nossos recursos a vida inteira, só que nossos ganhos vão depender da nossa habilidade ao investir.

Marcos 8.37 O valor de uma simples alma [gr. psyque] tem um significado extraordinário no Reino de Cristo (Mt 16.27). E interessante como a mesma palavra no grego é usada nos versículos 35-38, mas é traduzida como vida no versículos 35 e alma nos versículos 36,37. A ideia aqui não é a de que o lado espiritual de alguém se perderá por toda a eternidade, mas, sim, a própria vida de quem não foi fiel ao Rei e ao Seu Reino.

Marcos 8.38 Quando vier na glória é a parte principal de tudo que foi dito aos discípulos (v. 34-38). É a primeira vez que se pode contemplar o cumprimento de toda a história (1 Co 15.24-28). Aqueles que reinarão com Cristo dedicam sua vida ao que vale a pena (v. 35). Quem estiver disposto a confessá-lo hoje será recompensado pelo Pai no céu (Mt 5.10-12; 2 Tm 2.11-13; Ap 2.26-28).

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